Grêmio Libertador

Adeus, Felipão

Felipão não é um técnico ultrapassado. Nem desaprendeu. E essa passagem deu bem para mostrar isso. Pegou o time no meio do ano de 2014, de um treinador furreca que não conseguia organizar nada e deu padrão de jogo. Montou um time titular, tinha alternativas e se agarrou na melhor parte do elenco para fazer o time chegar a algum lugar. Não conseguimos, mas ficou a impressão de que faltou plantel. Faltou alguém para desequilibrar, para ser criativo, para o time conseguir propor o jogo quando era necessário.

Felipão, o envergonhado, mostrando o tamanho do futebol do Grêmio (Foto Lucas Uebel, Grêmio Oficial – via Flickr)

Assim, não chegar na Libertadores não foi um drama tão grande, algo para desabonar o trabalho. Ele lançou o Wallace, mostrou a importância do Ramiro, conseguiu até fazer o Fellipe Bastos enganar (a ponto de, olha só, RENOVAREM com ele, com quase zero de reprovação – porque eu nunca quis ele no time). A melhor defesa do Brasileirão (mandando o Werley pastar e efetivando o Geromel, escanteado pelo filho do Ender) precisava que alguém ajudasse o Barcos a fazer gol. Ou seja, faltava acertar alguns detalhes e o ano de 2015 poderia ser bem melhor.

Porém, houve um desmonte generalizado na base do time. E, sem ninguém para fazer gols, uma tentativa de mudança de esquema, aproveitando o Douglas e pondo o Luan no ataque, junto com um vestibular (Pedro Rocha, Everaldo, Lucas Coelho, etc). Não deu nada certo. O time sofria, tomava um gol por jogo e não apresentava futebol. Felipão resolveu pressionar, saiu do jogo antes do final e a direção trouxe um centroavante melhor (sim, é ruim, mas melhor que o que tínhamos) e, por acaso e muita sorte, uma suspensão pro Fellipe Bastos somada a uma briga de um bom segundo volante com o elenco (Maicon). Esses dois reforços e a mudança para um esquema parecido com o de 2014 (saiu o 4-3-2-1, entrou o 4-2-3-1) levaram a uma grande fase, com 15 jogos de invencibilidade e muitos jogos com futebol convincente. Não tinha mais crise.

Isso até perder a invencibilidade e o título do Ruralito. Notem: até esse momento, NADA desabonava o trabalho do Felipão. Todas as vezes que o time teve dificuldades ele soube readequar a sua ideia de futebol e fazer o time jogar. Em 2014 em torno da defesa; no primeiro semestre de 2015, no tripé Luan-Douglas-Giuliano, os artilheiros do time e líderes em finalizações e assistências. Mais uma vez, faltava apenas acertar um centroavante mais efetivo e o ano estava salvo. Mesmo com o pessimismo do treinador.

Aí vem o início do Brasileirão e vimos outro Felipão. Um cara que desistiu de arrumar alternativas e voltou justamente para o que já tinha fracassado. Juntou os “três volantes” e zero criação, a pior característica de 2014 (que, a propósito, ele mesmo quis terminar pedindo o Douglas), com o 4-4-2 que não ocupa o meio e vira uma peneira, tentando fazer pressão perdendo o meio de campo do início de 2015 e jogar com o ataque espetado se resolvendo sozinho, sem criação que foi a cara da Copa do Mundo de 2014. Por que voltar ao que não deu certo? Não sei se foi o medo de rebaixar um time (como foi acusado em 2012, com um Palmeiras umas 20 vezes pior que o Grêmio que temos hoje) ou simplesmente se o Gringo encheu o saco, caiu a depressão do que foi o início de 2014, sei lá. Mas não pareceu surpreendente pra mim ele pedir demissão hoje. Já tinha pedido antes do jogo contra a Ponte. De repente ele, agora, vai digerir a sua Copa do Mundo (quem foi o INFELIZ que resolveu dizer que o Ruralito era outra, hein?), ficar fora da pressão e botar a cabeça no lugar. Quem sabe. O tal carinho não adiantou. De qualquer maneira, ele se encheu da coisa toda.

Ou seja, o trabalho, no geral, foi bom. Não há muito do que reclamar. Não há nenhum erro capital. Não há absolutamente nada que outro treinador pudesse ter feito melhor. Pelo menos até depois do Ruralito acabar. Segue o baile. E, como o Felipão já tinha tomado a decisão de recomeçar o trabalho, nada melhor do que ele sair e deixar outra pessoa no comando. Outro cara com um gás novo e, quem sabe, com novas ideias de futebol. Uma reformulação de fato, como o Minwer já pediu ontem. Se vamos recomeçar, a essa altura da temporada, então façamos da maneira certa.

Falta só demitir alguém, né, Romildo? Felipão pediu pra sair. O Rui e o Pacheco não terão o mesmo simancol.

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