Calando a minha boca

4 Postado por - 2 de julho de 2015 - Artigos

Quando o Grêmio contratou o Roger,  eu disse aqui que era mais uma da série pensamento mágico (tipo jogar só  com o terceiro uniforme em casa) do que uma solução lógica. Que, inclusive, haviam nomes melhores no mercado e que deveriam ter prioridade na contratação. Porém, como esses últimos sete jogos mostram, eu estava completamente enganado.

Roger, o cara do Grêmio nesse brasileirão. Foto:  Lucas Uebel/Grêmio Oficial  (via Flickr)

Roger, o cara do Grêmio nesse brasileirão. Foto: Lucas Uebel/Grêmio Oficial (via Flickr)

De fato, essa não foi a primeira vez que isso me ocorreu.  Em 2010 eu detestei a contratação do Renato pro lugar do Silas. Eu ainda acreditava que aquilo eram apenas resultados  ruins e o cara merecia seguir trabalhando. E a insistência do Renato no Vílson volante me deixava desesperado. Mas ele conseguiu montar um ótimo esquema, copiado à exaustão em 2011 (e substituído como moda apenas depois do Corínthians campeão da LA com o 4-2-3-1 do Tite), ganhando a minha admiração. Tanto que não me surpreendeu em nada os resultados de 2013. Já tinha falado que ele merecia respeito. É um grande treinador – considero um dos melhores da atualidade, inclusive – embora muitos insistam que não.

E o que faz a campanha do Roger me fazer admitir, num estágio ainda tão curto do trabalho, que temos em mãos um ótimo treinador? Sem dúvida não são os pontos conseguidos. Aliás, mesmo se não conseguirmos um G-4 eu já renovaria com ele pro ano que vem. E isso vem do simples fato de que precisou de menos tempo que o Renato pra acertar o time do Grêmio. Roger conseguiu criar uma maneira INÉDITA (pelo menos pra mim) de jogar. A maneira como jogamos não se encontra na Europa, no Brasil, na Argentina. O Roger não veio com esquemas para testar  no elenco. Ele fez o que poucos sabem fazer: colocou os melhores jogadores nas funções onde tem o melhor rendimento. À Guardiola (e não estou exagerando). Que se fodam os esquemas da moda.

Esse Grêmio do Roger mata todo o mundo atacando em um 4-2-4 e defendendo em 4-4-2. Giuliano e Pedro Rocha tem a missão de voltar pra ajudar – o que, também, é um conceito fluido. A linha de ataque sem centroavante conta com pivôs e tabelas de quem estiver no lugar. A posição de início é Giuliano e Pedro Rocha abertos, Luan e Douglas no meio, mas tu vai ver isso mudar ao longo do jogo inteiro. Com a ajuda sempre de um da defesa (qualquer  um dos  volantes ou laterais) fica muito difícil de marcar. E se colocar marcação individual, então, aí tu assinou  a sentença de morte. E mais: com esse esquema de jogo, até contratações não são mais tão necessárias. Temos “pé-de-obra” até o final da temporada. Podemos nos concentrar em ter apenas um “extra-classe”. Nada de pacotões. Maxi Rodriguez, Ramiro e, talvez, até o Fernandinho, são mesmo reforços para o segundo semestre. Mais um. Dois, no máximo, se for negócio de ocasião.

É claro, isso não é pra sempre. Se eu já estou enxergando isso faz algum tempo, é óbvio que os adversários, com gente que vive disso, também já viram. Uma hora vão conseguir nos marcar (ou não, né, em 1995 e 96 ninguém sabia  parar a “única” jogada do Grêmio). Aí é o que  separa os ótimos treinadores dos “top-de-linha”: sacrificar as suas escoras, os esquemas que já garantiram resultado, os jogadores que estavam rendendo bem por jogadores mais indicados para os novos esquemas.

Mas isso é pra ver depois. Roger, obrigado por queimar minha língua tão rápido.

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15 + comentários

  • Fernando Audibert 2 de julho de 2015 - 16:38 Responder

    Roger tem o que muito não tem, vontade de vencer, intensidade, ânimo, tesão, chamem o que quiser. Ele quer vencer como técnico. Aliado a isso é GREMISTA, vai sempre querer fazer o melhor.

    Acho que temos jogadores que não merecem ser titulares. Monitorei o Gualhardo e ele acertou duas ou três coisas no jogo, além dos laterais, ele cortou uma ou duas vezes na defesa e uma no ataque, de resto ERROU tudo, passe, cruzamento.

    Luan joga bem, mas poderia jogar muito melhor se tivesse melhor conclusão e não demorasse tanto na finalização ou no passe. Aquele chute dele a meia altura era para chutar rasteira. Ele é mediano, ao menos ainda. Falta muita cancha pro guri virar bom de bola. A torcida e a imprensa fazem estardalhaço porque ele joga pra frente, dribla, é agudo. Mas contem quantas jogadas ele consegue finalizar bem ou dar seguimento da jogada. Sim, ele é o jogador que mais leva perigo, deve ser o jogador que mais sofre falta, o penalty de ontem foi em cima dele, mas isso não prova nada. Luan ainda falta muito, mas está melhorando.

  • valesca Bauer 2 de julho de 2015 - 17:16 Responder

    Por incrível que parece, sempre acreditei no Renato, e quando o Roger saiu do Grêmio, pq queria uma chance,então não ganhou, pq muitos acham q tem q contratar técnicos carésimos, e não tiram o melhor dos jogadores, outros queimam pq não gostam da cara ou etc…
    Então temos um profissional gremistão, que aprendeu,buscou seu espaço, e vai longe.Este é o Roger. Não sabemos cimo será,sabemos o que está fazendo p dar certo. Vamos p as cabeças!!!

  • Ezio 2 de julho de 2015 - 17:31 Responder

    Roger é promissor na carreira de técnico. Um pto que me chamou mais a atenção é a forma como ele não se deslumbra. Gosto do Renatão pra caramba mas mesmo ele em alguns instantes caiu em deslumbramento com os resultados embora entenda sua decisão de deixar o clube ao final de 2013. Mesmo com meio mundo rasgando seda por seus resultados, Roger não se deixa levar e destaca que o “o objetivo é o próximo jogo” e que “o campeonato ainda não chegou na 38 rodada”. Atitudes como essas fazem com que não se acredite que se trata de um técnico em inicio de carreira. Tecnicamente falando, Roger está chamando a atenção por não ter um esquema fixo e por estar sabendo mudar de acordo com as circunstâncias do jogo. Gostaria de ser otimista mas infelizmente esse grupo de jogadores que o GRÊMIO tem hj me deixa ultracabreiro. Espero que queimem a minha língua em dezembro…

  • loco abreu 2 de julho de 2015 - 17:32 Responder

    Concordo contigo Fagner. Não sabemos como vai ser o campeonato lá na frente, mas já sabemos que técnico de grife não ganha jogo. Pelo menos essas grifes que temos no mercado nacional. Essas já saíram de moda heheh Saudações tricolores!

  • Gilson 2 de julho de 2015 - 19:31 Responder

    Apesar de não concordar com relação a idéia do Renato ser um super treinador, confesso que ele é um ótimo motivador, mas não vejo nos seus esquemas de jogo tática, jogadas, mas enfim, o que importa hoje é o Roger. Confesso que o início me surpreendeu, como anda surpreendendo muita gente, contudo, o elenco não é para estar nas últimas posições também. Logicamente que se percebe a intensidade do jogo, a vontade de ganhar e correr atrás da bola, algumas jogadas, desde bolas paradas até linhas de fundo, além das inúmeras tabelas, coisas que no futebol fazem muito a diferença, mas Felipão e cia esqueceram que existe. Fico feliz em perceber que neste ano, pelo visto não correremos risco de rebaixamento, contudo, acho que devemos lutar pelo G4 e lá na frente, sabermos das reais chances desse time. Fica a observação, que mesmo fazendo boas partidas, continuo imaginando que o Grêmio precisa de plantel e acima de tudo, de 1 camisa 10 de respeito, que chame a responsabilidade na hora H, porque ontem mesmo no final do primeiro tempo e começo do segundo percebemos que o time titubeou, como acontece quando leva 1 gol e fica perdido, temendo a derrota. Minha singela opinião é esta, 1 jogador que possa bater no peito na hora dificil e chamar a bola e a responsabilidade para si, coisa que o Douglas infelizmente não faz mais!

    • Fagner 3 de julho de 2015 - 15:13 Responder

      Sério, não consigo entender essa história de “ótimo motivador”. Em 2013 ele mudou o esquema do time drasticamente três vezes desde que assumiu o time. Foi 4-3-2-1 (4-3-3), 3-5-2, 4-4-2 losango… Toda a vez que o Grêmio dava uma balançada, lá ia ele mudar a formação, a função. Tudo porque as peças que tinha eram aquelas, não tinha como contratar mais. Nem Lixemburro nem Felipão fizeram isso. E, olha, não me lembro no Brasil quem tenha feito isso nos últimos tempos.

      Saludos,
      Fagner

  • Felix Nuñez 2 de julho de 2015 - 20:47 Responder

    Belo texto, não faz mal a ninguém mudar de opinião.

    Críticas são sempre úteis, mas naquele teu texto o que teve de xarope corneteiro falando da contratação do Roger não foi brincadeira. Sem embasamento algum.

    Podiam dar uma trégua pro Luan agora. Que jogador, amigos!

    Em algum momento o time vai oscilar, é fato. Como já tinha dito antes, pelo caráter do Roger, não há como não torcer pelo sucesso desse cara.

    Abracos

    • Fagner 3 de julho de 2015 - 15:07 Responder

      Olha, meu embasamento era a campanha dele e os times que tinha montado para jogar contra a gente. Que eram medíocres. O Novo Hamburgo chegou a doer de tão retranqueiro. Tu pode até dizer que eu tava enganado, que vendo as mesmas coisas que eu tu viu coisa diferente (parabéns pra ti), mas que eu não tinha embasamento nenhum, aí é complicado. Um exagero, no mínimo.

      Saludos,
      Fagner

      • Felix Nuñez 3 de julho de 2015 - 16:23 Responder

        Talvez meu texto não tenha ficado claro. Não me referi ao seu texto sem coerência e sim aos comentários contra o Roger que tiveram naquele texto.

        Realmente o Nóia era retranqueiro, mas com aquele material humano, talvez fosse a melhor estratégia.

        Abs

  • Tiago Pires 3 de julho de 2015 - 01:03 Responder

    Parabéns pelo texto. Como o amigo falou: não faz mal a ninguém mudar de opinião. Aliás, considero a mudança de opinião uma característica de pessoas inteligentes.
    Quanto ao plantel, reconheço que poderia ter uma contratação aqui ou ali, mas nada desesperador. Uma coisa venho repetindo há muito tempo: o campeonato brasileiro é muito parelho. Não é porque teu time não tem jogadores conhecidos que ele não tem qualidade e, o mais importante, o time encaixado e bem treinado faz muita diferença. Muito mais que a contratação de “pseudo-craques”. Vamos grêmio!

    • Conrado 3 de julho de 2015 - 19:31 Responder

      Boa Fagner! Bela atitude! Quanto ao Novo Hambrugo, concordo com o Felix, material humano era fraco e recheado de jogadores já em fim de carreira. Imagina esse esquema do Grêmio, que exige muito fisicamente, com aquele grupo do NH…praticamente impossível. Abs!

  • Gionei 3 de julho de 2015 - 08:34 Responder

    Concordo com o Fernando. O Roger tem muito tesão em vencer como treinador, ao contrário desses consagrados, que só estão em atividade pela grana. O Renato é excelente, mas acho que falta nele essa vontade de vencer como técnico.

  • Jones 3 de julho de 2015 - 16:21 Responder

    Mudar de opinião faz parte da vida.
    Eu achava o Douglas o melhor camisa 10 do Brasil há um tempo atrás hahahaha.
    Hoje eu fecho com o Adilson.

    • Adilson 3 de julho de 2015 - 18:51 Responder

      Valeu Jones e até acho que “seu boneco” Douglas acertou uns dois passes nesse ultimo jogo, mas demos sorte que o Fábio não viu ele bater penalti, pois bate sempre igual. No entanto, é visível e compreensível que ele destoa de todo time, pois é um ex-jogador e se arrasta em campo. Espero que o Maxi volte com mais vontade de jogar e faça o Roger tirar o pinguço do time.

      • Tiago Trilha 5 de julho de 2015 - 01:38 Responder

        Adílson eu to com fé que em breve vamos parar de ter de reclamar do Douglas em todo comentário, to confiante no maxi!! Não aguento mais ver o Douglas sendo o único a não correr pelo time, e o pior é que agora ele não vai ser o único vai ter o Edinho p fica parado com ele dentro do campo, tenho medo de eles resolverem tomar uma ceva no meio do jogo!!(rindo pra não chorar)

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