Chatice

0 Postado por - 22 de dezembro de 2013 - Artigos

Faz algum tempo, o Platini, que jogou muita bola na época dele, foi para os microfones para dizer que mudaria as regras do futebol no que tange aos cartões amarelos. Com essa coisa toda de punição por acúmulo, a perda acaba se dando em um jogo diferente de onde a falta violenta foi cometida. Lembra o caso do Bolívar: praticamente encerrou com a carreira do lateral do Bahia, levou amarelo, seguiu o jogo, tomou punição que virou cesta básica depois. Sem contar nos julgamentos e denúncias do STJD, de onde sai o tal Paulo Schmitt da vida e de onde se origina a questão Portuguesa. O Futebol como é não privilegia o jogo, mas a regra. A última palavra sempre é a do tapetão. Nesse contexto, a ideia básica do presidente da UEFA é muito interessante: jogador recebe amarelo, sai de campo por um tempo, como no hokey, no rogby, etc (no salão o cara é substituído, no basquete, se estoura as faltas, não volta, etc). Punição na hora e contra quem ocorreu o problema.

Campo de Rugby. Por que não mudar? Imagem do Wikimedia

Pois a coisa toda foi vista como polêmica. Nesses tempos de internet o que menos temos é memória. A regra pode pouco ter mudado desde que o futebol passou a ser jogado praticamente só com os pés. Porém, já mudou muito. Por exemplo, a linha de impedimento: já foi dois jogadores, agora o goleiro conta como jogador. Já contou braço, pé, só torso, antes da linha do jogador, mesma linha, qualquer jogador, o que recebe a bola… dá pra se perder. Quando eu comecei a ver futebol, por exemplo, o jogador só era expulso de campo por acúmulo no terceiro amarelo. Valia recuar pro goleiro. O banco de reservas tinha cinco jogadores; depois foi sete, agora são 11. Na copa de 94 não era possível fazer mais que duas substituições. Por experimentação, em 95 foi permitido a mudança de dois jogadores e mais o goleiro e, depois, três jogadores, sendo que o goleiro só pode ser substituído por outro goleiro uma vez. Eu dizia que o importante era conseguir dois pontos pra classificar, já que os três pontos são uma invenção dos anos 90 – a copa de 94 foi a primeira a ser disputada dessa forma. São muitas mudanças.

O fato é que esse futebol encaixotado para ser vendido em lojas está se tornando muito chato. E foi esse, quase sempre, o espírito das mudanças de regras. Os campeonatos de pontos corridos,  menina dos olhos das emissoras de TV (e de alguns que acreditam em “justiça” em um futebol onde as diferenças de folhas salariais são colossais), tornam as últimas três rodadas uma babaquice: quase sempre o campeão já é conhecido, bastando decidir quem vai para cada copa no fim. Sem contar os que não tem absolutamente nada com isso e ficam ali, entregando pontos que teu time precisava para ser campeão só por tédio. Então, quem sabe não se mudam novamente as regras?

Procurando um esporte mais divertido para assistir, tenho descoberto uma série de ideias interessantes por aí. E como o próprio Platini, tenho visto rugby. E uma das coisas que me chamou a atenção é o sistema de pontuação. A vitória vale 4 pontos, derrota vale 0. Um empate vale metade da diferença, dois pontos. Ou seja, perder é uma merda. Mas, mesmo que tu perca, ainda há dois pontos em disputa, os chamados pontos bônus. Se perder por apenas um try (um “gol”), tu ganha um ponto de defesa. Se tu faz 4 tries e, mesmo assim, perde, tu faz um ponto também. Ou seja, uma derrota em um jogo parelho pode dar 4 pro vencedor e 2 pro perdedor. “Ah, mas é a mesma pontuação do empate”. Sim. Justamente para dar mais importância para um jogo com vencedores, e não aquele “segura que vai acabar”. Teu empate pode não valer nada. E mais: o vencedor faz 5 pontos em uma goleada. Ou seja, para um título ser decidido três rodadas antes do final (como tem sido no Brasileiro),  precisa haver uma distância maior que 15 pontos.

E se o futebol fizesse algo parecido? Eu acho que podia dar a mesma pontuação do rugby, sem tirar nem por. Conhece alguma regra interessante de outro esporte que podia ser usada para tornar o futebol mais esportivo? Comenta aí e ajuda a pensar como deixar o futebol menos chato.

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14 + comentários

  • Vitor 22 de dezembro de 2013 - 05:57 Responder

    Excelente, Fagner.

    Para mim, o futebol já seria muito melhor sem o impedimento.
    🙂

  • João 22 de dezembro de 2013 - 07:39 Responder

    Arquibancadas nos estádios (prá mais de 15000 pessoas) já melhoraria totalmente.

  • Eduardo Schwede 22 de dezembro de 2013 - 07:55 Responder

    Vitor 22 dezembro 2013 at 5:57 am #

    “Para mim, o futebol já seria muito melhor sem o impedimento.”

    Também acho Vitor, acho uma babaquice essa coisa ficar negociando posicionamento com os bandeirinhas, porcaria inventada só pra dar merda.

    Em relação a pontuação, também acho que uma goleada teria que dar pelo menos um ponto a mais que um meio a zero cagado. A fórmula atual desvaloriza muito o saldo de gols.

    Sobre a fórmula do brasileirão, gostaria de compartilhar uma idéia que vi no blog daquele São Paulino Ricca Perrone; o brasileirão tinha que ser um campeonato de pontos corridos jogado como mata-mata: – joga uma fora de casa e outra em casa, como um mata-mata de verdade. Quem se der melhor leva os 3 pontos, quem levar desvantagens nos 2 jogos sai com nada. Deu empate nos resultados? vai pros pênaltis! Assim quem ganhou a primeira de 1 a 0 e perdeu a outra por 2 a 0 tá na mesma merda de quem perdeu as duas, esse formato faria encher os estádios sem dúvida alguma.

  • Nilson Matos 22 de dezembro de 2013 - 09:28 Responder

    Mudaria o tempo de jogo. Trinta x trinta, cronometro parado. Acabaria com a cera e a sacanagem do juiz.

  • Lourenço 22 de dezembro de 2013 - 10:48 Responder

    Eu até hoje não entendo o motivo pelo qual o tempo no jogo não é paralisado quando a bola esta parada (fora de jogo).
    Isso acabaria com qualquer matação de tempo (cera) e não teríamos jogos onde pagamos para assistir 90min e recebemos apenas metade disso.

  • Cicero CWB 22 de dezembro de 2013 - 13:16 Responder

    Fagner, assim como vc acompanho paralelo ao futebol outros esportes, nosso futebol esta mto chato, resumo de um jogo disputado no Brasil: Saida de bola,- Goleiro manda uma bicuda para frente, zagueiro adversario sobe, cabeceia , bola volta para a defesa adversaria, que domina, para olha, pensa e… bicuda para frente e o ciclo volta a se repetir.. Passe, sao 3 no maximo, linha de fundo, sem cruzamento, drible previsivel… enfim td que sobra no nosso time e nao se difere mto dos times adversarios.
    Fazem mais de 10 anos que acompanho o futebol americano, aquele mais popular no USA, e a cada ano q passa acompanho mais o esporte, ja arrumei um time para torcer, acompanho as noticas durante o ano todo, indico para todos, em Janeiro comeca os play off’s.
    O sistema de pontuacao é perfeito, temporada regular 16 jogos, o time nao faz pontos oq vale sao as vitorias, exemplo: terminar a temporada regular com 12 Vitorias e 4 derrotas, as vitorias dentro da sua divisao sao usadas nos criterios de desempate, portanto oq vale é vencer, vitoria vale alguma coisaate existe empates, mas sao mto raros, essa temporada teve somente 1 se n me falha a memoria.
    Outro fator interessantissimo no futebol americano é o teto salarial “salary cap”todos os times possuem o MESMO salary cap, cabe a competencia de cada” manager” administrar a grana disponivel, nao existe time com mais grana ou menos grana para contratar todos sao iguais, quem tem os melhores talentos e administra melhor os recursos leva vantagem. Acompanhem a NFL, o esporte é fantastico.
    abs a todos e feliz natal!

  • zeka 22 de dezembro de 2013 - 17:02 Responder

    Acho que deveria ser permitido fazer mais substituições num jogo e quem saísse poderia voltar algumas vezes na mesma partida, mesmo que fosse só no lugar daquele que o substituiu. Assim o treinador poderia mudar o jogo sem precisar de intervalo, os reservas estariam sempre com ritmo de jogo e motivados para treinar durante a semana. Deve ser um saco treinar, treinar e nunca entrar… Acho que também deveria ser feito como no futsal, sem interromper o jogo.
    Abs.

  • Ygor 22 de dezembro de 2013 - 18:44 Responder

    Vamos ao fato: futebol chato é o “não futebol” praticado no Brasil. Eu vejo campeonato inglês, champions league e bundesliga e acho os jogos fantásticos. O problema é que os times brasileiros têm muito dinheiro, porém administrações corruptas e incompetentes. O que torna o esporte chato no Brasil não são as regras, mas sim a baixa qualidade dos atletas (que jogam no Brasil) e sua irresponsabilidade tática.

  • marco 23 de dezembro de 2013 - 06:16 Responder

    Pra mim o futebol é quase uma simulaçao da guerra no bom sentido.E ja ta “esportivo” de mais e por isso tao chato.Saudade do “amadorismo profissional” de antigamente onde os atletas s. identificavam com os clubes , os juvenis tinham amor ao time e orgulho de vestir a camiseta.Hoje antes de chegarem no principal ja estao pensando na europa.Como era bom ver jogadores com o dedo na boca mandando a torcida adversaria se calar como fazia o renato , romario e outros ou provocaçoes e flautas no adversario antes do jogo como fazia paulo nunes , vampeta , tulio , diferente das entrevistas mecanicas e manjadasde hj , todas parecem a mesma , so muda a camisa e quando alguem resolve falar algo diferente vira uma polemica.E sem querer fazer apologia a violencia , mas ta um saco hj , qualquer carrinho ja vai pra essa bosta de stjd , tem ate gente querendo tirar o carrinho do futebol.Imagina um dinho no “esportivo e profissional” futebol moderno e sem graça , e aquela voadora em 95 e o danrlei nas confusoes , bha ficariam 200000 jogos de suspensao .. Quanto as regras , o dia que tirarem o valor de um empate 0x0 , vitoria de 1×0 valer menos que goleada , cera , catimba , retranca nao valerem , ae perco a tesao e largo de ves o futebol , pq nao ah nada de + gremista nisso.No verdadeiro gremio né , nao esse grêmio carioca e bossa nova de hj + sim o Grêmio Cisplatino e hardcore de outrora que se pereu junto com a ggrça do futebol..

  • Gionei 23 de dezembro de 2013 - 10:42 Responder

    Concordo com o marco. Vitória e vitória e ponto final. Um a zero ou cinco a zero é a mesma coisa, o importante é fazer mais gols que o adversário. O que sinto falta é dos grandes jogos, aqueles que tu fica a semana toda preocupado, ansioso, esperando a hora do jogo. Nesse calendário atual apenas quem disputa a COPA tem isso, no mais é aqueles jogos chatos de brasileirão, 200 rodadas. A COPINHA apenas esse ano passou a ter mais graça, com as volta dos times da LA, antes era uma chatice também, jogando contra times meia-boca.

  • Fagner 23 de dezembro de 2013 - 13:05 Responder

    Gionei (e Cícero, de tabela): não dá pra ter saudades de grandes jogos se os pequenos valem a mesma coisa. O Muricy é campeão do mundo de jogar pro gasto. Dar ponto a mais para goleada, dar ponto pra quem perde de 5×4, acho que estimularia menos defensivismo.

    Ygor, os bons jogos só tem na Premier League. O Alemão e o Espanhol chegam a ser vergonhosos. Um treinador da Alemanha chegou a dizer que era para o Bayern sair do campeonato, já que ganha muito dinheiro extra em razão da Champions League. E mais, os jogos bons são entre os grandes da PL. Os jogos dos médios e pequenos são tão chatos quanto os nossos. Grande contra pequeno, então, nem se fala.

    Curti a ideia do Zeka, principalmente para dar mais ritmo de jogo para todos. Ia gerar novas estratégias de uso dos veteranos, inclusive. Nosso futebol está muito força e velocidade.

    Nilson e Lourenço, também gosto da ideia do cronômetro parado. 30×30 é o tempo da NFL, que divide ainda em 4 quartos de 15. Mas, por não ter tanta paralisação, acho que 40×40 seria melhor. Teria que testar.

    Quanto ao impedimento,já testaram não ter do meio de campo até a linha da área, nos “Torneio Início” que faziam em São Paulo nos anos 90 (jogo nunca empatava: se fosse igual em gols vencia o time com mais escanteios). Os times não usavam muito. Acho que rolava, desde que com mais substituições. O campo fica imensamente maior sem impedimento.

    Massa o debate! Mais sugestões?

    Saludos,
    Fagner

  • Gionei 23 de dezembro de 2013 - 17:35 Responder

    Minha sugestão:

    Campeonato brasileiro disputado durante todo o ano, somente aos finais de semana (o início do ano é um saco para quem não joga a LA) sendo que ao final de cada turno teríamos um campeão, algo como apertura e clausura. Campeão e vice de cada turno com vaga na LA. Rebaixamento por média dos dois turnos. Apenas 18 ou até mesmo 16 equipes participando.

    LA e estaduais no primeiro semestre, com os times que jogam a LA não disputando o ruralito.

    Copinha no segundo semestre, com jogos sempre aos meios de semana.

    Acho importante diminuir o número de jogos, não só pela questão de descanso dos atletas, mas para os técnicos poderem treinar as equipes e também para o torcedor poder ‘descansar” financeira e emocionalmente de um jogo para outro.

    Pode parecer frescura para quem não acompanha futebol de perto, mas o torcedor também precisa de um descanso para saborear uma vitória, digerir uma derrota, etc.

  • Fábio 29 de dezembro de 2013 - 10:36 Responder

    Eu reluto em responder, mas não da. Gremio cisplatino o cassete. Gremio carioca o cassete. Não ganhamos nada tb por estes conceitos horrorosos. O que existe é simples: jogou futebol, na imensa maioria das vezes, levou o título. Parem com essa naba de querer ser argentinos e uruguios. Se gosta tanto, meu caro. Vai morar lá.

  • Fábio 29 de dezembro de 2013 - 10:37 Responder

    Corrigindo: o cacete e não o cassete.

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