Dizem que todo ditado popular é sábio. Não sei se é verdade, mas concordo com o que dá titulo a este post: se meter pau no filho, bate no pai também.
A instituição Grêmio vem, há anos, declarando abertamente sua insatisfação com a atual eterna diretoria da FGF.
Mas, surpresa: decide priorizar um campeonato que nós, torcedores gremistas, não damos valor há tempos (com algumas exceções).
O Grêmio poderia ter jogado com os reservas a Libertadores? Claro que sim.
Poderia ter dado tudo certo? Poderia. E deu: somos líderes do Grupo, mesmo com o empate.
A questão não é escolher time A ou B para disputar. A questão é o que os dirigentes e o técnico justificam para a imprensa – e, consequentemente, pra nossa torcida.
Tenho certeza que tudo foi muito bem analisado. Que jogar com os reservas uniu o grupo, aumentou a moral de peças que podem ser muito importantes (Arthur), e que matematicamente seriam pontos possíveis de se arriscar numa fase de grupos.
O problema foi o discurso.
Ao manifestar os motivos para usar um grupo de reservas no Paraguai, a diretoria supervalorizou um campeonato que nada traz pra gente. E assumiu o risco de, com a derrota de ontem, colocar o próprio time titular em cheque.
Como diria meu avô: deram um tiro com o revólver colado no coldre.
Faltou malandragem. Faltou política. Faltou, o que é pior, qualidade. Tanto do time, quanto da diretoria.
Como disse acima, poucos gremistas valorizam ou desejam o Gauchão. Pelo que eu vejo nos grupos de Whapp que participo, a grande maioria prefere poupar titulares, evitar lesões, colocar os jovens pra jogar e ganhar experiência.
A grande questão é: por que ninguém faz isso? O que leva a diretoria gremista, independente da gestão, ensurdecer aos anseios da torcida que representa ano após ano?
Eu sei que existem torcedores preocupados com a flauta dos amigos Colorados. Não consigo entender como algo tão pequeno possa fazer diferença nos rumos de 2017. Ano passado, quase 100% dos campeões estaduais acabaram o ano brigando para não cair pra Série B – e alguns não conseguiram, como todos sabemos.
O que irrita, mesmo, foi a falta de inteligência: ontem nós poderíamos ter perdido muito pouco com a desclassificação. Mas não foi o que aconteceu.
Ao externar os motivos que fizeram o clube poupar seus titulares para o jogo contra o NH, optaram por jogar gasolina num palito de fósforo.
No lugar de dar um basta ao câncer Noveletto, demos apoio.
A Chico o que é de Francisco, só que ao contrário.
Parabéns a todos os envolvidos.
5 + comentários
Perfeito. E o pior, a falta de sintonia entre o discurso dá direção e o time dentro de campo foi visível. O que realmente tem por trás disso tudo?
Porque o time jogou como se fosse ganhar ao natural de novo, e se não ganhar, ok deixa assim mesmo.
Parece até que os titulares ficaram de cara de viajar ao Paraguai e não jogar, depois cagaram pro jogo aqui. Como se fosse resposta a deixar libertadores de lado pra esse joguinho de merda.
Faz tempo que essa diretoria está afastada do torcedor.
Não querem saber o que o torcedor pensa
Bom texto, mas permita-me discordar. O Gremista (generalizando, obviamente ha exceções) gosta do Campeonato Gaucho. Sempre gostou. E inconscientemente sabe disso. O problema é que o discurso agora é de diminuir o campeonato porque o nosso rival tem uma hegemonia crescente. Não conseguimos nos impor.
Se a posição institucional for de denegrir o campeonato, sai fora dele. Se afilia no estadual de SC (lembram da briga do Fla com a FCF onde ameaçaram jogar o Paulista?), joga campeonato de verão na Argentina ou escala sub-20 pra jogar. Agora, não conseguirão me convencer que o torcedor não quer vencer ou que não é importante recuperar o prestígio e a liderança regional, ainda mais num estado com uma rivalidade tão grande como no RS. Isso é o famoso “discurso eleitoreiro”.
Saudações tricolores.
A explicação é simples. Sabemos que toda decisão racional deve ser precedida de uma análise custo-benefício. Como numa aposta, ponderar o que se ganha em caso de vitória e o que se perde com a derrota. O que se ganha tem um valor intrínseco que é o título estadual (que não é grande). O que se perde depende exatamente do “valor” apostado. Basta essa simples análise para se ver que colocar todas as fichas no gauchão era um erro. O problema é que a direção não ponderou a possibilidade de derrota. Ou simplesmente não fez essa análise ou ela foi contaminada pela certeza de que bastaria o Grêmio priorizar o ruralito para vencê-lo.
Não deve colocar reservas porque isso desvalorizaria muito o campeonato do ponto de vista comercial. Afinal, quem compraria/assistiria a jogos de um campeonato cujo clube abertamente anunciou que não é importante?