COMO UM RAIO: Godoy Cruz 0 x 1 Grêmio

0 Postado por - 5 de julho de 2017 - Artigos

Para que se tenha um relâmpago, as nuvens de tempestade devem ter no seu interior quatro elementos: as gotas d’água que formam, normalmente, todas as nuvens, minúsculos cristais de gelo, água quase congelada e granizo. Agitados pelo vento forte, estes elementos se chocam entre si, criam um campo elétrico e transformam a nuvem em uma grande pilha que, de repente, zaz! Luz e estrondo, que apenas nuvens especiais em condições específicas podem provocar.

Chovia forte em Mendoza. Nuvens pesadas cobriam o céu sobre o Malvinas Argentinas quando Godoy Cruz e Grêmio entraram em campo para o primeiro jogo das oitavas-de-final da Libertadores 2017.

Mas a combinação que deu origem ao relâmpago que caiu sobre o Godoy Cruz não foi de gotas d’água, cristais de gelo, água semi-congelada e granizo. A combinação especial do Grêmio incluiu: um Kanneman levantando a cabeça para procurar alguém bem posicionado antes do que usualmente chamaríamos de balão pra frente, mas que se tornou um lançamento preciso; o eficiente topo da cabeça de Lucas Barrios; a incontestável obstinação de Pedro Rocha em levar a bola até perto do gol; a chegada de Ramiro na área, um quarto atacante atacando, enfiando o pé na bola. Aos 44 segundos do primeiro tempo, zaz. Gol. Relâmpago.

Quem piscou, não viu. Mas comemorou igual. (Lucas Uebel/Grêmio FBPA)

E depois, choveu. Mais água ainda do céu e patadas dos argentinos. Sobrou mão na cara do Cortez, paulada em Pedro Rocha, carrinho violento sem advertência. Sobraram também dois buracos no joelho do Grohe, cavados a trava de chuteira.

(Grohe merece um parênteses. Aliás, merece parênteses, dois pontos, exclamação. Começou sua participação no jogo salvando com o pé um gol que poderia ter sido posto na conta de Michel ter esquecido que em campo pesado não pode chutinho. O pessoal que faz coro contra nosso goleiro junto com comentarista criador de crise já estava disfarçando, quando lá veio o cartão amarelo por retardar o jogo. Cartão bastante ridículo diante das botinadas que o Godoy Cruz distribuía e do fato de que havia levantado a mão para pedir que lhe amarrassem as chuteiras. O pessoal do coro falou em cera. Cinco minutos depois, Grohe foi atropelado dentro da pequena área. Ouvi muxoxos sobre mais cera até que o joelho furado pela botina argentina merecesse close na TV. Calou-se o coro. E no segundo tempo, deixou-se de vez de ouvir o nhé-nhé-nhé: Grohe fez milagres que apenas infiéis dirão que ele não é capaz de fazer!)

Ainda assim, botamos uma bola na trave em cobrança de falta de Edílson e quase ampliamos num cruzamento de Cortez que Ramiro (na área!) tentou ajeitar de cabeça para Barrios que, meio desengonçado, não conseguiu tocar para o gol.

E seguiu chovendo. E o Godoy Cruz botou a cabeça no lugar, chegou perto do gol, obrigou as defesas de Grohe e os desarmes eletrizantes de Geromel.

Foi cansativo. O primeiro a sucumbir a tanta água gelada caindo do céu e tanta lama foi Pedro Rocha, que correu o campo todo e carregou como sempre faz a bola, só quem em um campo dez vezes mais pesado que o normal. Éverton entrou e pouco fez. O segundo foi Barrios. Fernandinho entrou e fernandou sem sorte hoje. Por último, Arthur, o motor silencioso do time, estafado. Entrou Jaílson, assumindo posição mais a frente que o normal e permitindo que também Michel e Ramiro descansassem no fim do jogo.

Num jogo que foi decidido antes de 1 minuto, os mais de 90 que se seguiram acabaram parecendo uma eternidade. Mas tudo acabou como começou: bem. Nas condições específicas do jogo de hoje, um único raio foi o suficiente para que se faça luz sobre o que resta ser jogado nestas oitavas da Libertadores.

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5 + comentários

  • Loro 5 de julho de 2017 - 09:50 Responder

    Achei interessante que o Grêmio parece ter aprendido a jogar contra uma equipe com postura diferente do habitual: vigor (pra não dizer violência) acima do normal. Isso sem falar naquele campo, que parecia um potreiro.
    Isso mostra a maturidade do time.
    Pode não ganhar nada este ano, mas está no caminho certo…

    • Oliver 5 de julho de 2017 - 21:23 Responder

      Pode dizer violência, que não é nenhum absurdo. Entradas desleais e na violência. Não joga nada aquele godoy cruz, só bate!

  • Ezio 5 de julho de 2017 - 10:34 Responder

    Estava em um compromisso e só pude ver (infelizmente) o jogo pelo VT. Me pareceu que o GREMIO tomou conta no 1 tempo (podendo até ter feito 2 ou 3 x 0) e no 2 tempo tentou administrar o resultado o que fez o Godoy Cruz se empolgar um pouco mas mesmo assim foram poucas chegadas e todas bem defendidas pelo Grohe. Abrirei tb um parêntese quanto a ele, show de bola pra ele e principalmente pro GREMIO que tenha feito uma boa atuação, só que o Grohe andava devendo uma atuação satisfatória desde o ano passado ele anda na descendente que bom que ele foi bem ontem e esperamos que assim siga. Não me considero tão exigente pra mim me basta o time jogar bem e vencer (jogar bem não necessariamente é dar show) e o time ontem me pareceu ter jogado bem e trouxe o resultado. Agora podemos dar um pouco mais de atenção pro Brasileirão e caçar a chinelagem de itaquera enquanto não vem as partidas de volta da Copa do Brasil e Libertadores. Acredito e mto nos DOIS TITULOS. VAMO GRÊMIO !!!!!

  • Valdo 5 de julho de 2017 - 12:07 Responder

    Poderíamos ter matado o jogo no primeiro tempo, abrindo uma vantagem considerável quando tínhamos o controle da partida. O magro 1×0 acabou transformando o final de primeiro e todo segundo tempo em um jogo complicado, em um gramado que parecia um rinque de patinação no gelo, castigado pela chuva incessante. Mas foi bom pra mostrar que em Libertadores não dá pra dormir e não tem jogo fácil. Ao fim e ao cabo, vitória importantíssima. Só espero que não entrem no segundo jogo achando que está ganho. Aqui na Arena temos que jogar bola e se as chances aparecerem, meter pra dentro. Não tem galinha morta em Liberta!

  • Artur Wolff 6 de julho de 2017 - 14:45 Responder

    Se você não é parente de jogador nem ele está pagando suas contas não vejo qualquer problema em comentar que jogador não está bem quando……ele não está bem.
    O “Maestro” desde o ano passado fazia uma ou duas jogadas por partida e era endeusado por alguns; “deus o livre” tirá-lo do time. O destino tratou de mostrar que o Grêmio pode ser muito bom e muito melhor SEM Douglas. Em futebol um time vencedor tem que ter OPÇÕES, GRUPO.
    Grohe sempre foi bem no mano a mano no fechar ângulo de atacantes que estão muito próximos. Em saídas do gol e bolas de média distância nem tanto. Este ano sua MÉDIA de atuações não é boa. Será que não seria PRUDENTE ter mais um goleiro a nível de titularidade? Para o bem do GRÊMIO.

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