Grêmio Libertador

Democracia? Não tapemos o sol com peneira.

O modelo democrático perfeito, nos moldes como foram pensados pelos antigos Gregos, presumia que os escolhidos para discutir os problemas da cidade estado eram escolhidos por um método muito justo: o sorteio entre todos os cidadãos. Obviamente, entre esses não estavam mulheres, escravos e crianças. Mas todos eram instruídos e proprietários de terra da mesma maneira, com igualdade de condições. Foi Sócrates, o primeiro filósofo, que sugeriu que esta forma era injusta. Para ele, nem todos os cidadãos podiam desempenhar essas funções por não serem preparados para isso. Quem, então, devia realizar essa tarefa de ditar os destinos desse grupo? Oras, os filósofos, claro.

Neste Sábado os sócios foram conclamados a ratificar as decisões do CD em uma alteração do estatuto. Modificação essa que, na prática, pouco altera o Grêmio no quesito democratização. Enquanto houver cláusula para poder ser candidato a qualquer coisa, enquanto pessoas puderem concorrer por quantas chapas quiserem, enquanto conselheiros puderem não comparecer em reuniões, o Grêmio seguirá sendo a mesma coisa: um bando de Sócrates que acham que devem ser os escolhidos para comandar tudo no tricolor porque, afinal, eles são os filósofos.

Além disso, enquanto as votações importantes continuarem sendo disputadas no coreto, sem participação por internet, carta, através dos consulados, etc, o Grêmio seguirá não sendo democrático. Ainda mais no momento em que 45 mil gremistas se preparam para vir a um jogo amanhã. Quem mora num raio de 350km não virá a Porto Alegre apenas para ratificar uma decisão tão pouco importante como essa, que apenas cumpre um ritual necessário por estatuto. A decisão já estava tomada no CD.

Assim, senhores indignados, não se façam de bobos. Não façam os sócios de bobos. Não há democracia nessa consulta. Só há democracia com oportunidades reais de participação. E isso os feudalistas da Azenha não querem.

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