Grêmio Libertador

A difícil arte de jogar futebol

O futebol mudou. Mesmo?

Agora todo mundo fala em europeização do esporte (esquecendo que ele foi inventado na Inglaterra).

Os esquemas táticos são variações do mesmo tema.

Carrossel Holândes, tiki-taka, pega ratão.

Em todos eles tem quem defenda, tem quem ataque e tem quem defenda e ataque.

 

No meio disso tudo, já há quem compare Roger ao Guardiola (aka Rogerola).

É inegável que, como Luan há 3 anos, Roger também está melhorando, crescendo e amadurecendo como técnico de futebol.

O processo é lento. Por isso a comparação é desproporcional e injusta.

 

Injustiça talvez seja a palavra mais comum no futebol atual.

Se joga bem é gênio. Se joga mal é burro.

Não me excluo da turma rápida no gatilho do julgamento.

É da torcida. É da paixão. E se é da torcida e da paixão, também é do futebol.

 

Mas tem uma injustiça que me incomoda desde a primeira passagem do Douglas no Grêmio.

A de que ele é lento. É descompromissado. É ruim. É cachaceiro.

 

OK, ele é cachaceiro. Ele é festeiro. Ele é Don Juan.

E não poderia ser diferente.

Afinal, Douglas é humano.

A diferença é que ele tem um estilo todo dele. E com isso divide a torcida entre os que o odeiam e o amam.

 

Eu não odeio, nem amo.

Mas me identifico.

Eu também falo o que eu penso. Eu também bebo todas. Eu também uso meu cérebro pra desempenhar melhor meu trabalho.

 

A diferença é que eu não sou craque.

Não dirijo um Bentley.

Nem nunca na minha vida acertaria uma pifada de letra como a de ontem (nem nos meus áureos 15 anos de idade).

 

Edilson (a melhor contratação do Grêmio este ano), acabou o jogo ontem afirmando que Douglas é o último camisa 10 do Brasil.

Ele tá errado. Douglas não é mais um 10. Roger (justiça seja feita) entendeu que o seu “camisa 10” é muito mais do que isso.

 

Discordando respeitosamente do Edilson, vou mais longe: Douglas é o último velho-moleque do futebol brasileiro.

O último craque que soube envelhecer, que soube se adaptar ao futebol da rotularização.

 

Douglas não e craque porque é maestro, pifador, camisa 10, cerebral.

Porque corre com e sem a bola.

Porque tem barriga de cadela.

 

Ele é craque porque é original.

E originalidade, essa sim, é a arte cada vez mais rara no futebol brasileiro.

 

 

Pode fumar, Douglas. Pode beber. Pode até caçar pokemon sem pokebola se tu quiser.

Só não pode deixar de ser quem tu é.

Pra cima deles!

Comparilhe isso: