DO IT AGAIN

0 Postado por - 13 de dezembro de 2016 - Artigos
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Renato anotando na final em 1983

O ano era 1995. Eu era um adolescente de 15 anos com a mesma altura, mais cabelo e menos peso, que assistia aos jogos gritando muito e bebendo leite (acreditem). O Grêmio tinha um time cheio de potenciais ídolos; Danrlei, Jardel, Paulo Nunes. O meu era Roger. Nem Dinho, nem Arce; Roger. Quiçá por jogar na mesma posição dele e conhecer as agruras do ofício, quiçá pela garra, dedicação, aplicação tática. Esta última visível e quase obsessivamente ele buscou desenvolver, estudando com afinco, evoluindo a fim de tornar-se técnico, na angústia de participar do jogo de alguma forma, nem que seja à beira do gramado.

Pelo conjunto destes predicados, aliados à uma boa passagem como interino no Grêmio (vencendo Grenais) e boas passagens por Juventude e Novo Hamburgo, Roger criou em torno de si uma grande expectativa, à ponto de ser desejado por clubes grandes do País, mesmo sem ter vencido qualquer campeonato. Educado, eloquente, estudioso de teorias acerca do esporte e adjacências, fez parecer desleal a competição com o treinador rival, Argel “Sem-os-plural” Fucks. Infelizmente essa superioridade ficou apenas no campo da entrevista, visto que na bola, enquanto esteve no Inter, Argel esteve na frente. Fez-me crer também que ali estava o homem que nos lideraria por anos a fio, com amplitude lateral e flutuação e outros termos costumazes dos estudiosos. Uma espécie de Alex Fergusson dos pampas.

Quando Roger saiu (ou foi saído), sendo substituído por Renato, disse à meu pai que julgava tratar-se de um retrocesso. Em minha mente, Renato já estava na mesma situação de Felipão (e me dói dizer isso), alguém por quem o futebol passou e foi adiante.

Renato passou dois anos parado no RJ, eliminando fotos da filha nua da internet, comendo gente e sorvendo chopes cremosos à beira da praia. Renato, ao contrário de Roger, não gera tamanha expectativa sobre si mesmo e talvez aí more exatamente a genialidade do gringo e sua persona. Ele apenas aguarda que a bomba exploda em algum lugar (e sempre explode) para ser chamado e resolver. Chega, distrai a mídia com frases folclóricas, afaga o grupo e faz o que sabe de melhor, ou seja, faz futebol e não reclama.

 

Enquanto Roger era um Steely Dan, Renato seria um Motorhead, com Lemmy castigando as cordas do Rickenbacker e tomando Jack com Coca Cola, sorrindo com escárnio e te dando uma piscada de canto de olho, porque é isso que sabe e gosta de fazer, e é isso que faz melhor, a vida toda.

Roger sempre será meu ídolo, e sempre torcerei por ele…mas nunca mais duvidarei de Renato Portaluppi.

https://davidarioch.com/2015/12/29/a-partida-de-lemmy-kilmister/

Lemmy Kilmister, do Motorhead

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1 comentário

  • Ezio 14 de dezembro de 2016 - 07:36 Responder

    Seja bem vindo ao clube Citton. Renatão é o CARA definitivamente. Com ele os jogadores se tocaram que não é qq mimimi que o derruba. Gostava mto das idéias do Roger mas infelizmente acabou rolando com ele algo que temia na época de sua contratação. O fato de ele ser ainda verde na função acabar sendo engolido pelo vestiário. Renatão não prima por grandes táticas mas possui 2 grandes virtudes que são ainda mais decisivas em um grande técnico que é o controle do vestiário e a parte motivacional mantendo os caras sempre com a corda esticada. Gostei da tua comparação permita que eu faça outra. Roger seria um Joe Satriani e Renatão Alice in Chains (ou Helloween para citarmos um som ainda mais pesado) kkkkkkkkkk

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