Doído: Grêmio 0x1 Real Madrid

3 Postado por - 17 de dezembro de 2017 - Artigos

Foi doído. Antes ter tomado uma lavada. Mas perder o título dessa forma é uma coisa bem difícil. Sim, a maioria dos torcedores do Grêmio estava de sangue doce. Mas vendo o que foi a partida ficou a sensação de que dava. Faltou pouco. E é preciso ser um pouco ingrato para discordar do Renato quanto a isso. O Grêmio perdeu no detalhe. Numa barreira que abriu pra bola passar. Cristiano Ronaldo é um exímio batedor de falta, mas fez o gol de chiripa. Na sorte. No cantinho.

Foi doído porque metade do time fez uma partida espetacular. A defesa do Grêmio mostrou que não é apenas a melhor da América Latina: é uma das melhores do mundo. O ataque galático do Real Madrid não se criou. Cristiano Ronaldo e Benzema praticamente não tiveram chances. No primeiro tempo, então, nem se fala. A única chance adversária foi num chute do Carvajal, um lateral que sobrou. Geromel tirou. Só mesmo depois que o Grêmio tentou ir pro desespero é que as boas chances do Real apareceram. E todas pararam na mão do melhor goleiro da história do Grêmio. Grohe, Geromel, Kannemann, Cortez e Edílson colocaram o nome na história pela partida perfeita que fizeram.

Mas pra ser campeão é preciso que o time INTEIRO jogue a vida. E não foi o caso. Jaílson e Michel fizeram um jogo bom. Não foram espetaculares, mas é difícil ser espetacular contra um ataque tão poderoso. Modric estava em uma tarde assombrosamente espetacular. Era preciso que alguém nosso também tivesse. Alguém de uma função mais ofensiva. Se Isco, Benzema e Ronaldo não assustaram, Modric colocou a bola debaixo do braço e engoliu o jogo como um faminto em um prato de comida. A vontade, aquela, que o Renato tanto falou, sobrou pro gringo.

E o que mais foi doído nessa derrota foi que o Grêmio pecou no seu ponto mais forte. O Grêmio brigou com a bola. Ficou de mal. Não cuidou dela. Quando tinha ela no pé, doava. O Real recebeu bolas de graça do nosso quarteto ofensivo durante o jogo inteiro. O Grêmio não agrediu, o Grêmio não triangulou, o Grêmio nem teve velocidade. E cada presente dado por Luan, Fernandinho, Barrios ou Jael, ou Everton, foram encarados como a última gota de água de Abu-Dabi. Perder a bola era fácil e rápido, recuperar era um suplício. Na maioria das vezes só depois dela sair pela linha de lado ou do fundo. Venceu quem melhor cuidou da bola. Faltamos justo no quesito que caracterzou o 2017 do nosso time.

É doído demais um dos times mais ofensivos dos últimos tempos do Grêmio não criar absolutamente nada. Nem um mísero chute na goleira. Dois Saaras de nada, como diz um cronista esportivo gaúcho. Luan tava bem marcado, Fernandinho estava sendo o Fernandinho, Barrios muito abaixo do primeiro semestre. Todos importantes no tri da libertadores, todos desfalques imensos que nem a presença de Arthur remediaria. Não interessa se por cansaço, se sabiam que iam sair. No frigir dos ovos faltou aquela entrega que o nosso treinador tanto pediu. E isso é imperdoável.

O Grêmio não quis ganhar, não fez força pra isso. Mas também não quis perder e fez muita força pra isso. O gol ao acaso do melhor jogador do mundo foi só um detalhe a mais. Um detalhe que deixa a garganta entalada. Se a gente tivesse o time todo com a mesma dedicação a história seria outra. Eu preferia mesmo ter levado 5×0. Eu preferia que fosse inapelável. Mas não foi. Dava para ter vencido. Era só fazer o que vinha sendo feito. É doído demais admitir que não fizemos.

O melhor Grêmio que eu vi jogar. Foto: Lucas Uebel/Grêmio Oficial (via Flikr)

Agora é esperar pelo dia 20/12. Porque é o início de uma nova caminhada. Já reforçados por Cícero, Cristian, Douglas e Maicon, um grupo mais experiente. O mundial é o nosso caminho sempre. E isso passa pelo tetra. Em 2018 tem mais. Ah, se tem.

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5 + comentários

  • Valdo 17 de dezembro de 2017 - 17:26 Responder

    Não posso criticar o time, pois foi um ano excepcional. Quem poderia imaginar que a gente ganhasse a Libertadores com autoridade? Quem poderia imaginar que apresentássemos um futebol rotulado como o “melhor do Brasil”?
    Porém, no jogo das nossas vidas, metade do time se borrou nas calças. Não fosse a atuação da defesa, que anulou Cristiano Ronaldo e Benzema, levaríamos uns 6 ou 7 naturalmente. O Real foi dono de todos os centímetros do campo. Navas assistiu ao jogo, literalmente.
    É óbvio que eles tem um time infinitamente superior, mas o Grêmio não foi o Grêmio. Michel tava completamente perdido em campo. Luan teve a pior atuação da história dele no Grêmio. Barrios nem comento. Ramiro se esforçou, mas nenhuma lucidez, só correria. Fernandinho tava branco de tão medroso. Nosso meio de campo era um latifúndio improdutivo. Enfim, a atuação do Grêmio, com exceção da defesa, foi medíocre. Muito mais pelo medo do que pelo poderio do Real Madrid, que ficou tocando a bola e chutando de longe o jogo todo. Talvez esse seja o peso de enfrentar uma equipe com orçamento de 600 milhões de euros anuais, mas o Grêmio perdeu a chance de mostrar seu bom futebol ao mundo. Não importaria o resultado, mas a forma como jogamos deixou uma má impressão. Agora a gente fica lendo sobre o abismo técnico e tático entre europa e américa. Ele existe, mas não é tão oceânico quanto pareceu. O San Lorenzo enfrentou em 2014 praticamente o mesmo time (com algumas poucas diferenças) e encarou bravamente. O jogo foi equilibrado em muitos momentos. Levou 2 (e um deles foi um frango). Ao contrário do Grêmio, em que não chegamos UMA ÚNICA vez ao gol de Navas. Uma falta que pasosu por cima e só.
    Sim o gol deles foi de bola parada, pelo meio da barreira, mas depois do gol eles administraram. Se não fosse assim, sairia de outra forma, tamanho predomínio.
    Não quero parecer chato, mas eu me frustrei mais pela péssima atuação do que pela perda do título. Eu tenho plena convicção de que poderíamos jogar de forma corajosa e dar um certo trabalho, mesmo que levássemos mais gols. O Grêmio foi medroso, infelizmente.
    Mas encerro agradecendo ao estupendo jogador chamado Pedro Geromel. Esse cara está no patamar dos melhores times do mundo. Ele foi brilhante, não só na final do mundial, mas o ano todo. Kannemann também não desapontou. A dupla de zaga e o Marcelo honraram o manto tricolor.

    • Fagner 17 de dezembro de 2017 - 17:59 Responder

      Eu fecho 97% contigo. Mas é tão pouca coisa de diferente que nem vou retrucar aqui. Só vou reforçar o que tu disse: eu tava realmente acreditando que seria um jogo 5×4 e torcendo pro 5 ser nosso. Nenhum chute no gol é de cair o cu da bunda.

      Saludos,
      Fagner

  • Ezio 18 de dezembro de 2017 - 08:58 Responder

    A meu ver a estratégia de jogar por uma bola não foi errada. Do outro lado estava uma legião estrangeira. Defensivamente o GREMIO foi perfeito, como citaste Fagner a linha de frente deles não se criou. Nem Isco, nem Benzema e nem o paneleiro. Geromel e Kanneman foram perfeitos (foi comovente ver o abatimento na cara do Kanneman no final do jogo era um jogo que tinha tudo pra ser sua melhor partida no GRÊMIO e acabar como acabou) na contenção (mesmo com o Real vindo a todo instante graças as bolas perdidas na frente). O que doeu foi a displicência de Luan, Fernandinho principalmente Barrios. Luan ainda podemos tentar relevar pq ele estava fazendo a dele e a do Arthur e não é a dele fazer a do Arthur mas o Fernandinho já tem uma certa rodagem não deveria amarelar como amarelou e o Barrios (se for verdade o que ele declarou) ainda foi mau-carater. Se ele já sabia desde 2 meses atrás que não continuaria mais no GRÊMIO pq simplesmente não pediu pra ser liberado ? Essa conduta dele poderia ter comprometido o ano (já que ele foi peso morto nas semifinais e finais da Libertadores).

    • RAFAEL 18 de dezembro de 2017 - 20:54 Responder

      PARECE, nada confirmado, que ele sabia por “fontes duvidosas” que sairia do Grêmo, mesmo assim pediu pra continuar e a lesão ainda teria deixado ele com uns 70% de capacidade só… E agora me diz sinceramente, tu como técnico do Grêmio escolherias o que? 70% de Barrios ou 100% de Jael?

      O cara tava de saída, lesionado, resolver jogar só o “suficiente” (na cabeça dele só se for) mas é isso… Sem ele podia ter sido pior

      • Ezio 19 de dezembro de 2017 - 12:45 Responder

        “PARECE, nada confirmado, que ele sabia por “fontes duvidosas” que sairia do Grêmio”

        Por isso coloquei entre parênteses SE FOR VERDADE O QUE ELE DECLAROU

        “tu como técnico do Grêmio escolherias o que? 70% de Barrios ou 100% de Jael?”

        Jael fez o pivô pro Cícero fazer o gol que praticamente garantiu o tri da libertadores. Mesmo o Jael sendo meia-boca nos últimos jogos ele fez muito mais do que o Barrios.

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