Grêmio Libertador

Doído: Grêmio 0x1 Real Madrid

Foi doído. Antes ter tomado uma lavada. Mas perder o título dessa forma é uma coisa bem difícil. Sim, a maioria dos torcedores do Grêmio estava de sangue doce. Mas vendo o que foi a partida ficou a sensação de que dava. Faltou pouco. E é preciso ser um pouco ingrato para discordar do Renato quanto a isso. O Grêmio perdeu no detalhe. Numa barreira que abriu pra bola passar. Cristiano Ronaldo é um exímio batedor de falta, mas fez o gol de chiripa. Na sorte. No cantinho.

Foi doído porque metade do time fez uma partida espetacular. A defesa do Grêmio mostrou que não é apenas a melhor da América Latina: é uma das melhores do mundo. O ataque galático do Real Madrid não se criou. Cristiano Ronaldo e Benzema praticamente não tiveram chances. No primeiro tempo, então, nem se fala. A única chance adversária foi num chute do Carvajal, um lateral que sobrou. Geromel tirou. Só mesmo depois que o Grêmio tentou ir pro desespero é que as boas chances do Real apareceram. E todas pararam na mão do melhor goleiro da história do Grêmio. Grohe, Geromel, Kannemann, Cortez e Edílson colocaram o nome na história pela partida perfeita que fizeram.

Mas pra ser campeão é preciso que o time INTEIRO jogue a vida. E não foi o caso. Jaílson e Michel fizeram um jogo bom. Não foram espetaculares, mas é difícil ser espetacular contra um ataque tão poderoso. Modric estava em uma tarde assombrosamente espetacular. Era preciso que alguém nosso também tivesse. Alguém de uma função mais ofensiva. Se Isco, Benzema e Ronaldo não assustaram, Modric colocou a bola debaixo do braço e engoliu o jogo como um faminto em um prato de comida. A vontade, aquela, que o Renato tanto falou, sobrou pro gringo.

E o que mais foi doído nessa derrota foi que o Grêmio pecou no seu ponto mais forte. O Grêmio brigou com a bola. Ficou de mal. Não cuidou dela. Quando tinha ela no pé, doava. O Real recebeu bolas de graça do nosso quarteto ofensivo durante o jogo inteiro. O Grêmio não agrediu, o Grêmio não triangulou, o Grêmio nem teve velocidade. E cada presente dado por Luan, Fernandinho, Barrios ou Jael, ou Everton, foram encarados como a última gota de água de Abu-Dabi. Perder a bola era fácil e rápido, recuperar era um suplício. Na maioria das vezes só depois dela sair pela linha de lado ou do fundo. Venceu quem melhor cuidou da bola. Faltamos justo no quesito que caracterzou o 2017 do nosso time.

É doído demais um dos times mais ofensivos dos últimos tempos do Grêmio não criar absolutamente nada. Nem um mísero chute na goleira. Dois Saaras de nada, como diz um cronista esportivo gaúcho. Luan tava bem marcado, Fernandinho estava sendo o Fernandinho, Barrios muito abaixo do primeiro semestre. Todos importantes no tri da libertadores, todos desfalques imensos que nem a presença de Arthur remediaria. Não interessa se por cansaço, se sabiam que iam sair. No frigir dos ovos faltou aquela entrega que o nosso treinador tanto pediu. E isso é imperdoável.

O Grêmio não quis ganhar, não fez força pra isso. Mas também não quis perder e fez muita força pra isso. O gol ao acaso do melhor jogador do mundo foi só um detalhe a mais. Um detalhe que deixa a garganta entalada. Se a gente tivesse o time todo com a mesma dedicação a história seria outra. Eu preferia mesmo ter levado 5×0. Eu preferia que fosse inapelável. Mas não foi. Dava para ter vencido. Era só fazer o que vinha sendo feito. É doído demais admitir que não fizemos.

O melhor Grêmio que eu vi jogar. Foto: Lucas Uebel/Grêmio Oficial (via Flikr)

Agora é esperar pelo dia 20/12. Porque é o início de uma nova caminhada. Já reforçados por Cícero, Cristian, Douglas e Maicon, um grupo mais experiente. O mundial é o nosso caminho sempre. E isso passa pelo tetra. Em 2018 tem mais. Ah, se tem.

Comparilhe isso: