É da Base que se faz um time

1 Postado por - 23 de maio de 2017 - Artigos

O investimento na Base do clube foi fundamental para estarmos no topo das competições.

Tudo começa no fatídico ano de 2005, onde tentávamos entender porque não jogaríamos o Brasileirão daquele ano. Nosso diretor de futebol, saudoso Mário Sérgio, sentenciou: “Não ganharemos um grande título ao longo dos próximos 10 anos”. E por mais sombrio e pessimista que era sua previsão, na verdade era a mais pura profecia de quem conhecia o futebol não só dentro das 4 linhas e sim desde a sua origem. A Base.

O Grêmio na época além de suas guerras internas de facções políticas, deixava de lado seu bem mais precioso, os jogadores das categorias de base. Não havia mais cuidados com a gurizada a ideia de trazer jogadores consagrados de outros clubes, mas que não tinham identidade com o Grêmio e nem com sua maneira de jogar, tornava a tarefa de levantar um caneco cada vez mais difícil.

Mário Sérgio então plantou essa semente. O Grêmio voltou seus olhos para a molecada. Em meio a uma série B que precisaríamos jogar, quase sem elenco, a direção montou um time com jogadores medianos com destaque em campeonatos regionais. Iniciamos aquele ano, pior do que havíamos terminado em 2004. Até que veio Mano Menezes, levamos mais alguns jogos para engrenar e…. Batalha dos aflitos, “dibo ou não dibo” e quase um infarto.

A gurizada começou a aparecer. Gallato defendendo, Lucas Leiva no meio de campo e o Anderson, guri marrento, cheio de malemolência, quando todos diziam que era impossível ele foi lá e fez. Vendido para o Porto, Anderson deixava muitas saudades e pouco dinheiro nos cofres do clube.

Voltamos, e já em 2006, time faz ótima campanha ficando em 3° lugar no Brasileiro e com o bola de ouro do campeonato, Lucas Leiva.

2007, ano inesquecível, torcida empurrava o time no Olímpico e levamos um time nota seis a final da Libertadores. Sim essa conta é nossa, a torcida. Revelamos Carlos Eduardo, Lucas é vendido para o Liverpool e Marcelo Grohe e Cássio apareciam como destaques, mesmo que reservas.

E assim foi nos anos seguintes, chegávamos muito próximos de um título, não ganhávamos o caneco, mas sempre revelando jogadores vendendo para o exterior e pagando as dívidas das más administrações do início dos anos 2000.

Em reportagem do Globo.com o Grêmio no Brasileirão de 2015 foi apontado como o clube com o maior número de jogadores formados no clube e atuando em outros times da série A, 18 no total.

Não tínhamos título, mas éramos um clube regular, com pouco orçamento para contratar, mas sempre mesclando jogadores de base com alguns jogadores mais experientes.

2015 – Felipão, não consegue ganhar o ruralito, não engrena no Brasileiro e é demitido. Entra Roger Machado, seu currículo como treinador era pífio. Mas seu histórico no Grêmio era colossal. Jogador da base, viveu uma das melhores épocas do clube como jogador, sabia mais do que ninguém qual era a alma tricolor, treinado por Felipão e Tite, conseguiu resgatar a competitividade do time e mudou a maneira em campo de como o time jogava. Saiu o zagueiro quebrador, o volante cangaceiro e o centro-avante de área para um time marcador, mais leve com as bolas rápidas, trocas de passe e muito domínio de bola. 3° lugar no Brasileiro e carimbo pra Libertadores 2016.

Mais uma vez não conseguimos o cafezinho, mas a desculpa era boa, a Libertadores. E lá nas oitavas, duas chapuletadas do Rosário. Estamos fora. E no brasileiro, na 25° rodada, a demissão do Roger. O cara que tinha reinventado o futebol no Grêmio, o técnico revelação, sucumbiu e pediu demissão. Não estávamos bem no brasileiro, mas tínhamos avançado na Copa do Brasil.

Então vem Renato Portaluppi, Nosso Uber ídolo. Já com duas passagens no comando do Grêmio, sem sucesso com títulos, mas duas boas passagens. O pensamento geral era: ” vamos terminar esse Brasileiro com dignidade e não tomar um sacode do Palmeiras na Copa do Brasil

Foto: Lucas Uebel/Grêmio FBPA

E não é que o Renato fez melhor. Resgatou nos jogadores a confiança e manteve a organização do time do Roger, coroou o Grêmio como o Rei de Copas, sendo Luan, Pedro Rocha, Walace, Éverton e o incansável Ramiro protagonistas da Copa do Brasil. Todos eles têm algo em comum, chegaram ao clube através dos observadores da base do Grêmio. Além disso, um integrante da comissão técnica do profissional é das categorias de base.

“2016 foi o ano que tivemos um número grande de jogadores da base como titulares, só nos faltava fôlego financeiro para segurar eles e tempo suficiente para levantar um caneco “, (frase do Sandro Scotta). E quando seguramos: Título, Caneco e fuzarca na Goethe.

Temos ainda três competições pela frente. E em todas elas temos boas chances. Se fosse pra escolher, escolheria o Brasileiro, mas como todo bom gremista espero levar as três taças pra casa.

E finalizando, estamos prestes a negociar Luan por R$ 100 milhões, pode ser especulação? Pode, mas o Wallace foi vendido por 10 milhões de euros é bem possível que Luan vale 30 milhões de euros, além de Pedro Rocha, Ramiro, Everton, Lincoln e a mais grata surpresa da temporada 2017. Artur, o guri tá jogando muito.

Temos um celeiro de bons jogadores, preenchem posições no time principal e nos da fôlego financeiro pra algumas temporadas ainda. Mantendo isso, acredito que nossa década de ouro pode estar voltando e melhor, podemos nos manter muito tempo no topo.

Comparilhe isso:

1 comentário

  • RAFAEL 23 de maio de 2017 - 17:38 Responder

    Tem que cuidar os próximos presidentes… Se essa venda do Luan se concretizar e o dinheiro for usado só pra manutenção do elenco com 1 ou 2 compras e “economizar” o que sobrar, o próximo pode querer gastar tudo, vender todos, formar um super time cheio de estrelas e isso tudo se perde…

    Mesmo a ideia fazendo os olhos brilharem, não parece uma boa ideia… já tivemos aquele timaço com Barcos, Vargas, Elano, Zé Roberto e todo resto e se sabe no que deu…

    Acredito que seja mais negócio essa manutenção de elenco que temos feito nos últimos anos e sempre chegando bem no final

  • Deixe uma resposta