Eu nasci assim, eu cresci assim, vou ser sempre assim…

0 Postado por - 26 de setembro de 2018 - Artigos

Sônia Braga em cena clássica da novela Gabriela, da Globo, em 1975. Foto frame de vídeo.

Certa vez ouvir o neologismo gabrielar em uma conversa. Após alguns segundos com cara de paisagem, meu interlocutor explicou-me a expressão, associando-a ao refrão da música tema da novela global de grande sucesso cuja primeira versão foi ao ar em 1975 e teve uma jovem e bronzeada Sônia Braga como protagonista. Basicamente diz-se gabrielar quando alguém tem dificuldade em mudar, fazendo sempre as mesmas coisas.

Durante algum tempo entre 2005 e 2010 tive um time de futsal, o glorioso Sohnatrave FC. Religiosamente me reunia com mais 6 ou 7 amigos (de acordo com o ano) todas às quartas feiras em uma quadra no bairro Rondônia, em Novo Hamburgo, para enfrentar times previamente convidados. A partir de 2009 passei a jogar futebol de campo, em Campo Bom, no não menos glorioso CA Juvensal. Sábados à tarde, lá estávamos (estamos) nós, esquecendo a idade e os quilos à mais e adentrando o gramado.

O que os dois parágrafos autobiográficos acima têm em comum? Nada. Tudo.
Se há uma coisa que respeitamos quando vamos enfrentar outros times é a resposta à pergunta: Há quanto tempo eles jogam juntos?
E outras palavras, há quanto tempo eles vêm conseguido gabrielar ?
Renato partilha desse sentimento. Sem sombra de dúvida. Sabidamente há grande parte da torcida pedindo há algumas semanas, quiçá meses, uma escalação diferente do time do Grêmio. E a variedade de sugestões é grande; Alisson no lugar de Ramiro, Ramiro no lugar de Cícero, Toni Anderson no lugar de Luan e este no lugar de Jael, Douglas no lugar de Luan…e a lista segue.
Não estou nem fazendo julgamento de valor das ideias. Talvez com algumas eu inclusive concorde. Só estou afirmando que Renato, à não ser por obrigação, não às seguirá. Ele adora gabrielar. Portaluppi treina o grupo da forma como acredita ser a melhor para o time. E ele tem convicção nisso. Preserva o conjunto, a liquidez do raciocínio por reflexo, quando o atleta já sabe onde o colega estará, de que forma gosta de receber a bola. Dificilmente nosso treinador irá mudar mais de uma posição por vez no time titular à não ser, como disse, por obrigação, por destino. Para ele soa quase como uma violência. E ele tem suas razões. Arthur sai e três jogadores ao redor dele perdem o rendimento por algumas boas partidas. Tratava-se de um extra classe? Sim. Mas Jaílson sai e jogadores ao redor dele perdem o rendimento em seguida. É a mecânica de jogo, o movimento, o hábito. E Renato sabe disso. Talvez não seja tão ruim gabrielar. 

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