Experiências e falhas: Grêmio 1 x 1 Veranópolis

0 Postado por - 20 de março de 2017 - Artigos

Nem toda experiência que falha é um desastre completo. Está aí a penicilina para provar. No entanto, nenhuma dessas maravilhas do mundo moderno nascem do completo acaso. Quando Alexander Fleming voltou ao laboratório depois das férias e deu de cara com alguns pratinhos embolorados, foi preciso observar o bolor em microscópio para descobrir que a substância que aquele fungo produzia matava bactérias.

Para Renato encontrar a penicilina que poderá nos curar em outros jogos semelhantes a este 1 x 1 com o Veranópolis em casa, será preciso que olhe sob o microscópio o Grêmio que ele levou a campo com a necessária experiência de Barrios como titular – ou seja, a estreia a sério de um tricolor com um centroavante centralizado.

E que jogo foi este 1 x 1 com o VEC?

Basicamente, um jogo contra um time que soube direitinho armar uma retranca atenta na intermediária. Atenta e esperta, sendo irritante sem ser necessariamente desleal. Ou seja, o tipo de jogo que podemos vir a jogar nos campeonatos que nos interessam de fato, especialmente Libertadores.

No primeiro tempo, o VEC cercava nossos dois atacantes-meio-armadores, Luan e Pedro Rocha, com pelo menos três ou quatro marcadores sempre que pegavam a bola. Isso foi o suficiente para anular Pedro Rocha e tornar a vida de Luan bem mais complicada. Justo ele que já estava tendo trabalho para lidar com a tarefa de tentar se encontrar em campo com Barrios lá na zona do campo que ele antes “falsamente” ocupava. Com isso, mais a dupla de volantes que desacelerava qualquer bola que passasse pelo meio campo, restou ao Grêmio a dobradinha Ramiro e Léo Moura para dar movimentação ao tricolor e criar as jogadas pela direita.

Antes de o Veranópolis acertar de vez esta marcação, a Arena chegou a gritar gol: ao 10 minutos, cruzamento para a área, Barrios – fazendo o que deve – desviou e a bola sobrou para Kannemann tocar pro gol. Porém, a bandeira subiu e o zero continuou no marcar.

O problema é que quem não faz leva – e esta é uma máxima há muito experimentada e comprovada. Aos 25 minutos, com o time do Grêmio sofrendo para produzir algo no ataque, Gustavo recebeu a bola nas costas de Léo Moura, girou e chutou do canto da grande área em direção ao canto interior do gol gremista. Léo, numa espalmada-soco-qualquer coisa que não deu certo, tirou o primeiro zero do placar a favor do VEC.

No segundo tempo, Renato sacou Jailson (num dia daqueles de “nossa, nem vi que tu tava aí!”) e colocou Lincoln em campo. Com isso Ramiro recuou um tanto e Léo Moura pôde fixar posição na lateral. A armação de jogadas ficou mais clara e Luan clareou tudo um pouco mais: recebeu lançamento precioso de Ramiro, tirou um marcador com uma matada de peito, outros dois com dribles curtos, balançou o corpo ajeitando a bola e tirou também o goleiro Reynaldo da jogada. A bola foi morrer devagar no fundo do gol.

Depois do 1 x 1, Renato tentou a virada trocando Barrios por Éverton e voltando ao esquema sem centroavante fixo. O Grêmio melhorou um tanto, com os jogadores de frente parecendo mais confortáveis ao ocuparem seus velhos postos. Porém, velhos hábitos não morrem fácil: Pedro Rocha perdeu um gol quase feito e Éverton esquecia de passar a bola.

A situação era esta quando outra experiência foi lançada por Renato: Gastón Fernandez no lugar de Michel. O Grêmio passou a ter jogadas pelo meio campo, fruto de lançamentos do argentino, que pareceu ter sido instruído a atuar de forma semelhante a Douglas. Nem todos foram perfeitos, mas em geral, inteligentes.

Quando o apito soou, soaram também vaias. Em princípio, pareciam dirigidas ao trio de arbitragem (foram muitos cartões amarelos, muitas bandeirinhas levantadas, nenhum erro crasso, mas sei lá, torcedor tem este cacoete de reclamar de juiz que apita demais). Depois, ficou claro que alguéns queriam registrar alguma insatisfação com um empate em casa contra o Veranópolis.

Parece que o torcedor na Arena só viu o mofo no pratinho. Compreensível, afinal, são olhos destreinados.

Renato, no entanto, tem o dever de olhar com o microscópio e descobrir a penicilina em alguma das quatro formações que testou ao longo do jogo. Algo virá dessas experiências.

Tem material pra trabalhar aí. (Foto: Lucas Uebels/Grêmio FBPA)

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3 + comentários

  • Gilso 20 de março de 2017 - 08:58 Responder

    Acho que entraram em campo achando que era jogo jogado. Quando o Grêmio sabe da importância do jogo, tende a melhorar a performance naturalmente (visto contra o Zamora). Me preocupa a falta de pontaria, e até a falta de vontade de testar a pontaria… Barrios não chutou UMA ao gol. Oras, se nosso goleiro tomou um gol daqueles, o adversário poderia também certo? mas por que o Grêmio não tenta? Me irrita as vezes que Renato diz nas entrevistas que vai mostrar o DVD dele jogando, como ele fazia gols, mas então tchê, fala pra esses guris que se cortar na entrada da área e clarear, que maltrate a pelota! no minimo o goleiro deles irá defender a bola!!!

    Abraços.

  • Mano 20 de março de 2017 - 10:08 Responder

    Sinceramente o Grêmio tá devendo este ano.
    Não sei se as saídas de jogadores, os desfalques, o sistema de jogo ou o conjunto da obra.
    Mesmo que de certa forma o Grêmio seja um time em reconstrução do ano passado pra cá, acho que o time tá devendo.
    Poderia e deveria estar jogando mais.

  • Ezio 20 de março de 2017 - 13:13 Responder

    Concordo que as ausências atrapalharam mas é inconcebível não ganhar do VEC em casa. Me preocupa a queda da marcação do GREMIO no meio. Nosso Will Smith parece verde e o Michel começa a despertar duvidas quanto a sua condição de vestir a camisa do GREMIO. Musto parece que quer vir logo então que a diretoria se coçe e traga logo o cara. Não tem a grana que os canallas querem ? Incluem um jogador parece que eles querem o Maxi Rodriguez que já faz anos que está no time e não mostra a que veio. Irrita a quantidade de gols que o time perde. Isso na Libertadores pode ser mortal. Somos eternamente gratos aos 2 gols que o Pedro Rocha fez no primeiro jogo contra o CAM mas não dá pra ele ficar a vida toda vivendo daquele jogo. Ele conseguiu me erraar um gol sem goleiro e na pequena área. Outra insistência que não vejo sentido é com o Marcelo Oliveira na lateral. Já deu tenta o Cortez pior do que o Marcelo Oliveira não deve ser.

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