Injustiça, violência e contextos

5 Postado por - 19 de setembro de 2014 - Artigos

(Esse texto só faz sentido se lido depois do pós-jogo Grêmio 0 x 0 Santos, pelo Campeonato Brasileiro de 2014. Leia ao menos a nota no final antes de prosseguir).

Como assim, se ofenderam? Por acaso eu não posso mais chamar de otário? Qual é o problema em chamar assim? Por acaso é ofensivo?

(…)

Vocês precisam entender que eu vim do calor do jogo, onde vi isso e escrevi assim, por escrever. A intenção não era ofender. Só escrevi porque a galera do bem estava fazendo o mesmo.

(…)

Olha, pelos comentários de vocês ao post, eu é que estou ofendido! Como vocês podem me chamar assim! Meu deus! Vocês são monstros! Eu tenho sentimentos, sabia?

(…)

Descobri! Vocês tão fazendo esse draminha aí só pra me ferrar! Seus merdas! Vocês tão me prejudicando! Estão passando por cima de um direito meu pra criar aprovação da imprensa pra essa palhaçada! Da próxima vez vai ser pior! Espera o próximo post! Torcida, otária! Torcida, otária!

Essa justificativa parece ridícula? Não te preocupa. É mesmo. E tem um objetivo. O post de ontem e o post de hoje se completam e procuram copiar os passos do “caso Aranha”. Esses dois posts tem as três coisas que o título desse anuncia. A injustiça é clara: como é que eu simplesmente saio por aí xingando toda a torcida do Grêmio que vaiou  o Aranha ontem? Eu estava lá, vi de perto a reação da torcida. Na primeira vez que ele pegou na bola, rolou vaia –  uma daquelas que parece pedir autorização, daquele tipo que só a concordância da “galera” consegue dar confiança pra seguir fazendo. E, nesse primeiro momento, o comportamento da Geral (do lado sul da Arena, onde estava) pareceu exemplar: cantaram e deslocaram o foco da vaia. Porém, depois disso, o Aranha foi manhoso, esperando mais vaias. Coisa que qualquer goleiro faria e que já vaiamos milhares de vezes. Porém, esse não era um jogo qualquer, como eu já escrevi. Era um jogo onde a gente precisava não ser burro, não “cair na do Aranha”, como disse o Felipão ao longo da semana. Não foi o que ocorreu.

Aí vem a segunda parte do título. A torcida não se comportou como deveria. Não foi inteligente. Pode ser (e vai ser) interpretada exatamente como o Aranha fez: a torcida que vaiou é porque dá apoio pra Parícia “Única racista do Mundo” Moreira. Em resumo, me irritou. Então, eu descarreguei violência. Tomei o cuidado de não usar nenhum tipo de xingamento que pudesse ser levado pelo lado da homofobia, misoginia, racismo, etc. Isso fez eu deixar de ser babaca por isso? Fez o meu argumento ter mais razão? Pois é. É o que a violência (como chamar de macaco, dar um soco ou proibir) faz com os argumentos. Deixa eles ofensivos, arrogantes, sem razão.

A justificativa que coloco no início é o que nos leva ao final do título: o contexto. Vamos deixar o caso concreto de lado e vamos pensar nesse caso. Eu não tinha o direito de ofender os leitores. Muitos deles nem mesmo estiveram na Arena ontem. Muitos dos que efetivamente vaiaram fizeram como fariam em qualquer partida. Mas há um contexto muito claro aí. E esse contexto não permite que as coisas sejam lidas pelos outros de forma diferente. A reação que descrevi, me colocando como vítima, é forçar a barra. Ela se sustenta no direito que eu tenho de chamar alguém de otário e exigir que essa pessoa não se ofenda. E esse direito simplesmente não existe. Como a base é irreal, todo o processo de me transformar em vítima se torna sem sentido, ridículo. Como vocês notaram.

Existe um agravante que eu não consigo passar para vocês, mas que o esse cara aí de baixo possa (perde um tempinho e olha com o coração aberto). Racismo não é nem palavrão. É uma ofensa muito maior que uma palavra. Não existe comparação possível entre se sentir ofendido com racismo e se sentir ofendido com cera, ou com “otário”.

Por falar em ofensa, espero que vocês tenham entendido o que quis fazer. E me perdoem pelo método violento de fazer. A gente sempre pode evitar. Eu simplesmente não quis. Achei que ia ser mais fácil assim.

Pensem nos seus atos.

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10 + comentários

  • Mano 19 de setembro de 2014 - 09:54 Responder

    O problema é que todo esse contexto transformou esse Aranha num mártir. Agora o cara virou um exemplo de moralidade e superação, quando na verdade ele já demonstrou ser escroto, generalista e preconceituoso também em outros aspectos.
    Acho que a vaia de ontem tem muito disso.
    O problema é que agora nenhum juiz vai ter coragem de cobrar ou punir o coitadinho que tem se aproveitado da situação pra mandar no jogo, virou um d’alessandro que usa as mãos.

    • Fagner 19 de setembro de 2014 - 10:06 Responder

      Eu concordo. O que ele fala tem mais de oportunismo do que luta contra racismo. Mas a gente tem que abstrair dele. Não é Aranha x Grêmio. É futebol x racismo. Enquanto a gente não se ligar disso, vai seguir errando.

      Saludos,
      Fagner

    • José luiz 19 de setembro de 2014 - 22:27 Responder

      Cara ! se você acha a Patricia racista então vc realmente é um tremendo de um idióta, e é vc que é racista, mas và vc também fazer como aranha com o seu achismo intelectual ganhando um espacinho na midia pra se promover.

  • hiran 19 de setembro de 2014 - 10:10 Responder

    comcordo esse tal de aranha so quer seaparecer so fas mala no jogo eo juiz fas de conta que nao ve cade os cartoes pros jogadores do santos que so saiu pros jogadores do gremio juizes fracos

  • Luciano Tricolor 19 de setembro de 2014 - 13:38 Responder

    Olá. Sempre tive repulsa a animais peçonhentos. Não gosto de aracnídeos. Deste goleirinho, em especial, e não depende da cor, nem do credo, nem da opção sexual, nem de nada. É pela hipocrisia, e pelo suposto vitimismo. Sempre foi um goleiro abaixo de medíocre, e agora, conseguiu um pouco de publicidade. Mas acabou. Tá querendo posar de Mandela dos campos, e é um bosta sem noção, e com valores e princípios distorcidos. Que faça uma cruzada séria contra racismo e terá meu apoio, enquanto ficar fazendo palhaçadas, terá meu desprezo, e “deste povo” que não merece o perdão dele (quem é ele pra perdoar algo?), e que vá trabalhar no circo (já que só quer palhaçada)!

    • Silverio Barcellos 19 de setembro de 2014 - 21:00 Responder

      Luciano Tricolor!
      Bárbaro teu comentário. Concordo em gênero e grau.
      Esse aranha é abaixo do medíocre e ganhou notoriedade se fazendo de super vítima.
      Já deu desse assunto e ele fica se martirizando ainda. Racismo é crime. Ponto. Patrícia já teve uma pena bem pesada. Torcida do Grêmio não é racista, mas se ele quer ficar nessa, merece bem mais que vaias.
      Aranha é um jogador medíocre, burro e mesquinho. ISSO É UMA OPINIÃO PESSOAL. PROCESSEM A OPINIÃO AGORA.

  • Eduardo 19 de setembro de 2014 - 13:54 Responder

    Excelente post Fagner. Compreendi perfeitamente a tua intenção e te dou total apoio em opinião. Uma pena é que a maioria dos torcedores não se dão conta do que representaram as vaias para o goleiro. Elas traduziram perfeitamente o pensamento da maioria da torcida gremista. E, infelizmente quando se entra no combate de idéias, pelo que se viu nos comentários do fb, por exemplo, a esmagadora maioria É RACISTA, e o pior, é um racismo inconsciente, um racismo condicionado, institucionalizado socialmente pelas relações.
    Gritemos pela liberdade, pela igualdade e pela fraternidade, como em nosso pavilhão tricolor. Somos gaúchos e temos o dever de fazer com que nossas façanhas sirvam de modelo a toda terra. Que estas façanhas sejam realizadas por estes ideais e não por “ismos” que entristecem e calam.

  • NILSO 19 de setembro de 2014 - 21:04 Responder

    ARANHA!!! voce é um coitado em busca de fama, digno de pena

  • Daniel 19 de setembro de 2014 - 21:56 Responder

    Já não entendo mais nada… enquanto se preocupam com o Spider o Pará entra em campo improvisado na lateral esquerda… Felipão, baita treinador mas com este grupo mediocre não vai fazer mágica

  • Jean Oliveira 20 de setembro de 2014 - 09:45 Responder

    Apenas uma ressalva,a geral não tentava abafar as vaias com cantos,ela parava de cantar e vaiava. Entenda-se geral todo setor atrás do gol

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