Grêmio Libertador

Minha seleção do Grêmio

O Roger falou essa semana que o Geromel era um dos três maiores zagueiros que ele viu jogar nos tempos de jogador. Pra ele, só Tiago Silva e Mauro Galvão foram tão bons. Esse pequeno exercício de atemporalização do jogador acabou aguçando aquele 1% formador de seleção que todos temos para além do 99% torcedor. Foi pensando nisso que resolvi escrever esse texto. Quem seriam os melhores atletas que eu vi jogar com a camiseta do Grêmio?

Pois bem, as regras foram simples: 1- “dizem que era assim ou assado” não entra. Eu preciso ter visto em campo. Como tenho 36 anos e acompanho futebol compreendendo algumas coisas desde os 10 isso restringe a busca entre 1990 até os dias atuais, sendo que os do início da última década do século XX ficam prejudicados. 2- Os selecionados obedecem o tipo de futebol que eu gosto de ver HOJE. E isso vai ficar mais claro quando eu mostrar os eleitos no meio de campo. 3- Para simplificar, essa seleção vai partir do 4-4-2, já que é o esquema de base que o Grêmio mais utilizou no período. Cada jogador, mesmo que tenha aparecido no Grêmio com outro esquema, foi avaliado nele (ou seja, como as características formariam o time ideal nesse esquema).

Sem mais delongas, vamos à polêmica.

1- Marcelo Grohe

Sim, eu sei. Danrlei era uma múmia de tantos títulos. Foi sem dúvida alguma o melhor goleiro da história no quesito 1×1 com atacante. Não me lembro dele ter sido driblado por atacante. Ótimo no reflexo, mas era pavoroso em bolas aéreas. Mazaropi também foi uma lenda e um dos melhores da função justamente no quesito saída do gol (principalmente por nem passar em peneiras hoje devido à sua altura), além do reflexo e de aparecer em momentos decisivos. Grohe, pra mim, junta todas as melhores características técnicas que tivemos em goleiros espalhados por esses anos. E é melhor que o Victor (outro grande goleiro tricolor) porque manteve temporadas excelentes e defesas incríveis por mais tempo (2012, 2014 e 2015).

2- Francisco Arce

Não apenas o melhor lateral direito que o Grêmio já teve. Esse paraguaio foi o melhor lateral direito da história do mundo. Não consigo pensar em alguém que possa lustrar a chuteira esquerda do nosso camisa 2 de 95-96. Colocava a bola onde queria, apoiava sempre com muita qualidade e defendia tão bem quanto. Foi espetacular em todos os clubes que passou. Batia faltas com ótimo aproveitamento e foi o último jogador na posição que eu vi acertar uns 80% dos cruzamentos tentados.

3- Pedro Geromel

Esse mito que estamos vendo jogar atualmente é, como diz o Roger, um dos maiores na posição. E preencheu uma lacuna nas minhas seleções: um zagueiro voluntarioso que fosse bom. Antes da sua chegada, provavelmente eu colocaria aqui um Rivarola da vida. Minhas duplas de zaga ideais sempre tiveram um cara do atalho e outro do vigor físico. Esse é o primeiro que alia inteligência com imposição, com ser zagueiro do bote. Que se aposente aqui com um título para não ser esquecido pelo torcedor médio.

4- Mauro Galvão

Sim, Adílson foi muito mais campeão e também era o cara do atalho. Mas ninguém conseguia ser tão espetacular na tarefa de se teletransportar de um ponto para outro na defesa como ele. Mauro Galvão aparecia em qualquer lugar onde precisassem dele mesmo que parecesse estar sempre caminhando. Sou obrigado a concordar com o Roger (pouco mais velho que eu): um dos zagueiros mais completos que já vi jogar. Ainda bem que acabou ídolo aqui, e não onde venceu o seu primeiro campeonato brasileiro.

6- Gilberto

Se um time pudesse contar ao mesmo tempo com Arce e Gilberto dos tempos do Grêmio qualquer centroavante seria goleador das galáxias. O lateral vindo do Vasco já como grande contratação justificou cada centavo. Embora não tão eficiente na marcação, nem precisava. Infernizava o lado do adversário a ponto do cara ter que empilhar uns três zagueiros para poder conter as subidas. Também colocava a bola onde queria, como o paraguaio, mas a habilidade era tão grande para driblar que acabou sendo puxado para o meio campo pra jogar com a 10.

5- Walace

O primeiro volante do meu time é o primeiro volante que considero mais completo. O “jogou pouco pra ser contado”, na verdade, já é mais que muitos pra posição. O próprio Dinho, que muitos colocariam aqui, fez apenas uma temporada a mais que o nosso jovem promissor. Rápido, alto, voluntarioso e muito inteligente, o Walace é um volante que contribui com mais presença de área do que eram os volantes dos anos 90 – e, atleticamente, é anos luz melhor que os concorrentes pós-97. Só quem chegou perto foi o Rafael Carioca.

Walace, o mais polêmico, talvez, da minha lista. Foto: Lucas Uebel/Grêmio Oficial (via Flickr)

8- Lucas Leiva

Outro jogador que não tem milhares de quilos de troféus na bagagem, nem uma carreira sólida em outros clubes, o alemãozinho cabeludo inaugurou a era dos volantes modernos no Grêmio. Preciso nos desarmes, rápido nos contra-ataques, aquele sub-20 que apareceu no meio daquela desgraceira que foi a segunda divisão de 2005 destoava de qualquer outro na posição em atividade no Brasil.

10 – Dener

Se existe um momento do futebol que até hoje me causa arrepios foi quando perdemos esse craque. A rodada do final de semana teve, no seu início, o minuto de silêncio mais triste da história (pro período que defini aqui, claro). E as torcidas do Vasco e do Grêmio gritaram “Dener” durante um minuto inteiro, em uma merecida homenagem a esse monstro. Rápido, habilidoso, impetuoso, era um jogador atrevido que não teve um parecido até surgir um tal de Messi. Seria titular da Copa de 94 sem sombra de dúvidas.

Saudades, Dener. Mais lances aqui: https://www.youtube.com/watch?v=YW9FmXehQd8

11- Zinho

Essa posição de meia pela esquerda foi a que mais me deu dúvidas na hora de escrever. Tive muita vontade de colocar aqui o Rodrigo Mendes, ou mesmo o Rodrigo Fabri. Os dois tiveram temporadas simplesmente excelentes em anos diferentes fazendo essa função. Os dois foram artilheiros do Grêmio nesses anos e tenho esse defeito de gostar de gols. Mas o “enceradeira” era craque demais. Pifando jogadores, criando jogadas, até aparecendo pra concluir, o Crizan foi o camisa 11 mais camisa 10 que vestiu a tricolor.

7- Paulo Nunes

Não existirá no mundo atacante mais endiabrado que o “cabelinho acajú”. Se em 95 alguém podia dizer que era apenas um cara para ajudar o Jardel, em 96 ele calou definitivamente todas essas bocas sendo campeão brasileiro no papel de protagonista do ataque tricolor. Fez gols de todas as maneiras possíveis (até de bicicleta em Grenal) e fez com que Zé Afonso e Zé Alcino fossem considerados suficientes. Na verdade, acho que até eu seria. Obviamente quem viu jogar colocaria aqui o Renato, mas eu usava fraldas em 83 e, digamos, não curtia muito a carioquice do nosso maior ídolo no final da sua carreira.

9- Jonas

Sim. Eu vi o Jardel jogar, obviamente, e sei que ele tem mais gols que o meu escolhido, até, em apenas uma temporada, com a camisa do tricolor. Mas poucos foram tão completos como o nosso ex-atacante-Geni. Esse não apenas era um matador: era um criador de gols. Douglas não joga menos hoje do que em 2010, mas nunca mais contou com um companheiro tão espetacular. Jonas cansou de criar jogadas e consagrar seus colegas (há quem sinta saudades de um tal de Maxi Lopez). Completou a falta de gols de cabeça com muitos recursos com os pés.

Está inaugurada a época de cornetagem. Muitos de vocês não concordarão, me chamarão de louco ou de burro. Mas vamos lá: faz o teu aí nos comentários. Não esquece de seguir as regras (e a mais importante, qual é o período que tu viu para poder montar teu time).

 

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