Então o Grêmio mostrou que sim, temos perspectivas e que o ano pode não ser o horror que estava se anunciando. Porém, não se sobe do inferno ao céu sem pagar um preço alto. E mais uma vez, preciso discordar da direção do Grêmio que mais parece a torcida: de tão carente, às vezes beira a irracionalidade. A diferença é que a torcida tem justificativa para ser assim: são tantas cabeças com pensamentos tão distintos que as convicções dela não tem coerência nenhuma entre elas. Um exemplo desse argumento: todo o torcedor do Grêmio está careca de saber que a carência do tricolor é a zaga. Porém, se unem para gastar 4 milhões de euros no Bertoglio, um meia-atacante, que não é fundamental no momento para o futebol do Grêmio. E ela não está errada, é bom jogador e pode ajudar. Porém, é a direção que tem que ter pulso e colocar os limites: primeiro o que é mais urgente. Depois o resto. É como um pai: dói, mas tem que dizer não, para evitar que vire um psicopata.
Não estou fazendo campanha para não comprar o Bertoglio. Acho cedo correr para fazer isso. Já me manifestei diversas vezes sobre a contratação: foi muito mal feita. “Ah, mas em três jogos ele já mostrou que é bom”. Bem, contra o Cerâmica, o River e o Novo Hamburgo qualquer jogador tem obrigação de ser bom – são times que, no máximo, estão na Série D do Dilmão 2012. Realmente, mostra que tem potencial. Mas é o jogador mais magro que eu já vi com a camisa do Grêmio no Olímpico – ou seja, vai precisar de muita manha para vencer zagas da primeira divisão. E o campeonato começa em maio, ou seja, ele tem uns seis jogos para mostrar seu valor onde realmente precisamos (se enfrentarmos o SCI no ruralito ou algum grande na CB). E espero que os valores com o jogador já estejam acertados para o próximo contrato – se pagarmos o valor que o Dínamo quer e tivermos que aumentar os salários, foi burrice não contratar ele diretamente com a compra dos direitos antes. A única coisa que a negociação me mostra foi que a direção teve muito medo de que ele não desse certo aqui. Convicção zero. Mais uma vez, o Odono apostou no bastantão – se acertar, é mestre, se errar, a culpa é do jogador.
Acho que o Bertoglio vai ajudar muito, mas não vejo ele como titular do Grêmio pelos melhores jogos que fizemos até agora. Minha dupla de ataque é Kleber e 9MM, indiscutivelmente. E não abro mão dos três volantes, pelo elenco que temos. Aí, sobra só a função que o Marcantônio tá fazendo – e aí temos que testar, porque não vejo o Bertoglio apertando volantes. A atuação do Werley (um jogo só e com três volantes) não pode ser parâmetro para desistir de zagueiros. E jogar com três volantes tendo só três no elenco é uma burrice. A ideia dos clones do @tiagorussel deveria ser levada a sério pelos dirigentes. Precisamos de pelo menos um espelho do Souza, um volante que saiba sair e jogue com a canhota, ou um bom primeiro volante para avançar o Fernando. O ideal seriam dois volantes a mais. Se a ideia do Luxemburgo é jogar com dois meias, as urgências são maiores ainda: dois zagueiros e pelo menos um bom meia, que marque e saia para o jogo. E se o Bertoglio for realmente contratado, urgentemente precisamos de um batedor de faltas – por que teremos muitas.
Então é hora de trabalhar. Não dá para achar que, com esses 5×0, dá para cruzar os braços.
