Grêmio Libertador

Não sabemos mais torcer

Meu gremismo veio de família. Já no berço fardava a camisa tricolor e o amor pelo Grêmio aconteceu sem ao menos eu entender o que era futebol. A torcida, aquela que temos de maneira incondicional ainda na infância, me levou a acompanhar ainda mais o clube no seu dia a dia. Sendo assim, me considero um torcedor ‘doente’. Não mais gremista do que qualquer outro torcedor, mas apenas um cara que busca o melhor para o clube em qualquer situação.

Torcer nada mais é do que acreditar que mesmo na dificuldade vamos vencer. É também apontar erros buscando a correção dos mesmos para que vitória venha. Mas é, acima de tudo, ser positivista sempre. É ter aquele sentimento despertado ainda na infância e que nos cega num momento de descrença e que nos faz acreditar no inviável.

Atualmente, onde todos têm voz através das redes sociais, essa torcida (de todos os clubes) parece estar em extinção. O que vemos – principalmente em dias de resultado negativo – é uma enxurrada de pessimismo e críticas infundadas sobre qualquer aspecto que compreende o time e a instituição. Claro que sou favorável a livre manifestação, mas até que ponto essa intolerância está ligada ao nosso sentimento de torcedor? Por que a raiva, a cobrança excessiva e o negativismo reinam absolutos na timeline?

Meu sentimento é que perdemos o dom de torcer. Não temos mais a capacidade de alentar o time independente da situação. Nos tornamos insatisfeitos, revoltados e sem aquela paixão que nasce desde cedo pelo time do nosso coração. Além disso, perdemos o respeito por opiniões diferentes das nossas e o poder de um debate sem partir para a imposição de uma ideia goela baixo – mal que vale para outros aspectos do nosso cotidiano.

Em uma sociedade que tem voz e parece querer manifestar apenas suas frustrações, o futebol é mais uma vítima da amargura presente no nosso dia a dia e que é reverberada nas redes socais. Não pensamos, não debatemos, não respeitamos e não torcemos.

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