O 10 em 15 como meta

1 Postado por - 7 de junho de 2016 - Artigos

O campeonato brasileiro tem 38 rodadas para disputar. É um campeonato longuíssimo. Nesse meio tempo, um monte de coisas acontece em matéria de rendimento. Há momentos em que time X está voando; noutros o Y engrena; daqui a pouco o Z está lá em baixo, mas mete uma sequencia de bons resultados. O time lá da ponta perde cinco ou seis jogadores por lesão ou pela abertura da janela e oscila. Em 13 anos de pontos corridos (10 no formato 20 clubes) já vimos muita coisa acontecer. Porém, uma delas é quase rotineira: o mais regular, vence.

Corinthians e Cruzeiro, que dominaram os últimos 5 anos, mostram essa receita. Em alguns momentos sem vencer os adversários diretos pelo título, ou trocando pontos com eles. Mas, invariavelmente, vencendo os adversários da parte de baixo da tabela. É admissível ir no Palestra Itália e perder pro Palmeiras. No ano passado ficamos 13 pontos atrás do Corinthians. Foi uma distância absurda. Porém, fizemos 2 pontos contra a Ponte (11º), 1 contra o Coritiba (15º), 0 contra a Chapecoense (14º) e 2 contra o Fluminense (13º). Se “trocássemos” pontos com eles, teríamos terminado o campeonato com 75 pontos. Se tivéssemos conseguido fazer 4 pontos em média contra eles (uma vitória e um empate) já dava 79 pontos.

É aí que está a grande diferença entre uma campanha boa e uma campanha de campeão. Para conseguir os 81 pontos do Corinthians de 2015, basicamente, é preciso fazer 3 em 6 pontos entre 2º até o 8º; fazer 4 em 6 entre os 9º até 14º; e 6 em 6 nos 15º até o 20º. Ou trocar pontos com 8 equipes, vencer uma e empatar outra com 6 e vencer as duas de outros 6. Isso parece difícil? Ora, porque é difícil. Os 81 pontos do Corinthians foram um recorde para esse formato. O anterior eram os 80 em 2014, do Cruzeiro. Tivemos ainda 76 em 2013 (Cruzeiro), 77 em 2012 (Fluminense). 71 em 2011 (Corinthians), 71 em 2010 (Fluminense), 67 em 2009 (Flamengo), 75 em 2008 (São Paulo), 77 em 2007 (Santos) e 78 em 2006 (São Paulo). A média dos resultados é de 75 pontos para ser campeão.

Por isso sugiro que usemos uma métrica para acompanhar o desempenho do Grêmio: 10 em 15 pontos. Não que isso garanta título (não garante), mas são metas menores para conseguirmos ir monitorando ao longo do campeonato, como pontos de checagem em uma maratona. O período de cinco jogos é ideal para que possamos ter uma ideia de tendência sem esperar demais para corrigir a rota (mudar um titular, buscar reforços, etc). Esse aproveitamento (66,67%) dá um resultado final de 76 pontos. Ou seja, é um a mais do que a média dos campeões nos últimos dez anos. Não daria título em 2015, 2014, 2012 e 2006. Empataria em pontos com o líder em 2013 (poderia ser campeão pelos critérios), mas venceria as outras cinco edições. Então, empiricamente, tem sido o suficiente para garantir 50% dos títulos (os 74 do pofexô só garantiriam 30%).

A outra vantagem de checar a cada cinco rodadas é que divide o campeonato em sete períodos, sobrando a reta final com mais três. Assim, se na 35ª rodada terminarmos com 70 pontos (todos os períodos com 10 de 15 pontos), ainda temos tempo de mobilização de torcida e elenco para conseguir um 100% no final e ir a 79 (o que historicamente deu título em 80% das vezes). Mesmo nos dois casos que o campeão fez uma pontuação maior, o campeonato só seria decidido na última rodada – o que dá muito mais pressão e chance de erro pra quem está na frente. Nos dois casos de quebra de recorde de pontos os campeões já sabiam que tinham o título com três rodadas de antecedência (o que não aconteceria se um concorrente tivesse com 70 nessa altura).

No primeiro dos 7 check-points já tivemos sucesso. Para o segundo, depois da vitória contra a Ponte, faltam 7 em 12. Temos Fluminense e Chapecoense fora, Cruzeiro e Vitória em casa – ou seja, pra nos mantermos com 10 em 15, precisamos vencer as duas em casa e somar mais um ponto fora. Dá pra fazer e até superar. Os dois últimos jogos dessa sequência são na Arena. Ou seja, precisamos de casa cheia para garantir isso.

Pensem nisso antes de decidirem não ir a um jogo ou criticar toda a temporada por uma derrota. Com 41 vitórias, 16 empates e 17 derrotas, o Grêmio com o Roger no comando tem 62,6% de aproveitamento (o que daria 71 pontos no final).

Roger já tem 41 vitórias e 62% de aproveitamento. Foto: Lucas Uebel/Grêmio Oficial (via Flickr)

Roger já tem 41 vitórias e 62% de aproveitamento. Foto: Lucas Uebel/Grêmio Oficial (via Flickr)

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9 + comentários

  • mano 7 de junho de 2016 - 16:02 Responder

    Fagner, é fato que a torcida do Grêmio anda chata e crítica.
    Mas acho que na derrota pro Palmeiras, a crítica não foi tanto pelo resultado, mas pela repetição dos erros que nos eliminaram do gauchão e da libertadores.

    Eu pelo menos pensei nisso. E bateu aquele “deja vu” de que se fosse um jogo de mata-mata estaríamos eliminados de mais uma competição.
    Pelo menos pra mim é essa a sensação. De que o Grêmio tem dificuldade de virar a chave quando o adversário impõe mais vontade que a gente.

    Ok, não estamos mais em mata-mata, é pontos corridos e estamos bem. Mas continua aquela sensação nítida de que o time é insuficiente e este mesmo time fracassaria novamente na libertadores. Não estamos bem, estamos apenas melhor que um monte de time ruim.

    E no mais, faço um apelo, não deixem mais o Roger indicar jogadores. Ele tá fazendo um bom trabalho, mas na boa, só indica pereba. Ou Negueba. Ou Fred. Ou Schuster.
    Enfim, nosso treinador precisa amadurecer também.

    • Fagner 7 de junho de 2016 - 16:11 Responder

      Se fosse jogo de mata-mata provavelmente estaríamos classificados. 4-3 fora de casa significa precisar de vitória simples em casa. Fora de casa sempre precisamos de gols. O que eu sugiro aqui é que pensemos o Brasileiro enquanto Brasileiro. Ano que vem é ano que vem. Não vencer e classificar pra Libertadores não significa que vai ser eliminado novamente no ano que vem. A mesma coisa se vencer o Brasileiro desse ano (repito, temos GRANDES chances disso) não garante nem que passaremos de fase na LA de 2017.

      Esse time que está aí é responsável por um 2015 sem título. Não por 15 anos. Precisamos cobrar o que é justo.

      Saludos,
      Fagner

  • Guilherme 7 de junho de 2016 - 16:43 Responder

    A classificação planejada do Rica Perrone leva em consideração critérios parecidos como esse que mencionaste.

    http://www.ricaperrone.com.br/classificacao-planejada-2016/

    A ideia é ganhar todas em casa. Fora de casa, ganhar dos “pequenos” e até perder dos “grandes”.

    • Fagner 7 de junho de 2016 - 16:52 Responder

      Na verdade eu não planejarei nada além dos próximos 4 jogos até que esse segundo bloco de cinco termine. Hoje temos uma realidade, que pode não ser a mesma daqui há 10 jogos. A Chapecoense, por exemplo. Antes do campeonato começar, a julgar pelo ano passado, eu tascaria ela no grupo dos times pra meter 6 pontos. Porém, hoje eles são os únicos invictos no Brasileirão.

      Pensar de 5 em 5 jogos faz a gente considerar melhor também a fase do adversário e a projeção de pontos no final (os 72 dele só dariam título em 3 ocasiões historicamente). Não sei se o Perrone atualiza a tabela dele com alguma frequência, mas eu não consideraria as projeções feitas antes do campeonato começar como adequadas nem para o segundo turno.

      Saludos,
      Fagner

    • Artur Wolff 7 de junho de 2016 - 18:31 Responder

      Desculpe aos colegas mas acho esta abordagem de planejar pontos uma completa bobagem.
      Só existe um PLANEJAMENTO correto: ganhar a próxima partida. Seja aonde e contra quem for. Depois do jogo se ve o que deu.(Pelo menos para grandes clubes!)
      Vai ganhar todas ? não. Mas tem que no mínimo QUERER, PLANEJAR, ganhar.
      Acompanhar, comparar, fazer estatística, projetar por óbvio é útil e até interessante.
      Faz mal é a estória do vamos “ganhar todas em casa”. E não vamos!! e do fatídico “buscar um empatezinho fora” que é o planejamento dos frouxos e acadelados que na grande maioria das vezes como a história tem mostrado acaba em derrota.
      Neste início de campeonato inclusive parece claro que o Grêmio tem tido desempenho melhor fora do que em casa.

      • Fábio Viana 8 de junho de 2016 - 08:51 Responder

        Parabéns ao Artur.
        Tocou no ponto principal de qualquer planejamento de futebol, as vitórias.
        O campeão brasileiro ganha 8 ou 9 jogos fora de casa. Jogamos 3 e ganhamos 1, faltam, no mínimo, 7 vitórias em 16 jogos.
        É uma meta plenamente viável, basta direção e treinador quererem, e não virem com discurso de pontinho fora, isso já cansou.
        “É díficil jogar no Moisés Lucarelli.”
        “No Arruda o Santa Cruz é muito forte.”
        “O Atl.-PR na Baixada complica.” E blá blá blá
        Só aí, de 16 jogos cairiam para 13, precisando de mais de 50% de aproveitamento para atingir a meta de 7 vitórias fora.
        Quando a direção vir ao microfone com discurso de vitória e o treinador montar uma estratégia para ganhar SEMPRE, aí estarei verdadeiramente empolgado para fazer projeções, estatísticas e tudo mais. Mas enquanto ficarem no discurso de buscar 4 pontos em 6, estaremos mais perto de ganhar só 3 pontos e ficarmos pelo meio do caminho.
        Fluminense e Chape, não são grandes coisas, dá para ganhar as duas, é só querer.

        Quem joga para ganhar está sempre mais próximo da vitória. Isso é o que eu penso.

        Abraço.

        • Fagner 8 de junho de 2016 - 21:36 Responder

          Olha, pelo que vocês dois escreveram parece que o Grêmio planeja PERDER jogos, né. ESSE AÌ EU VOU PERDER, PRA QUE GANHAR, EU NÃO QUERO, O ROGER, NÃO ME VAI GANHAR DO ATLÉTICO PARANAENSE LÁ, VIU, TE DEMITO.

          Saludos,
          Fagner

  • Ezio 9 de junho de 2016 - 13:21 Responder

    A prioridade do momento é o GREMIO continuar nos calcanhares do 1 lugar e na hora da onça beber água pegar a ponta. Vi bons sinais nessa primeira metade do primeiro turno. O GREMIO já consegue buscar vitorias que antes eram impensaveis e parece estar começando a aprender a não tropeçar em timecos na Arena. Falta ainda reforçar o elenco. Não gosto do Negueba tb mas claramente é uma contratação pra compor grupo. Ninguem aqui em sã consciencia acha que o Negueba é o “matador que o GREMIO precisa”. É só os amendoins baixarem a bola.

  • Charles 11 de junho de 2016 - 01:53 Responder

    Acho que o time tem, de fato, chances de título. Ainda possui deficiências, como na finalização e bola aérea (acho que vai continuar sofrendo contra times que são fortes nesse quesito). Mas os outros que despontam como favoritos também tem dificuldades. É a máxima que caminha de mãos dadas com o campeão é mesmo a regularidade. Não perder pontos para times fracos (no campeonato) parece ser o principal desafio do Grêmio.

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