Grêmio Libertador

O patrimônio histórico do Grêmio continua sendo pisoteado

Desde a época do Olímpico, reclamei da falta de proteção às pegadas e marcas de mãos (no caso dos goleiros) que estavam na calçada. Por ficarem em área de circulação, eram constantemente pisoteadas por torcedores, sendo que muitos deles nem percebiam a existência da calçada por falta de uma sinalização vertical ali. Quando ouve toda uma cerimônia para a retirada das placas, a reforma delas e a reinstalação na Arena, pensei que elas teriam um tratamento e destaque maior. Ledo engano. Elas foram espalhadas a esmo pela esplanada, sem sinalização alguma. Resultado: em pouco mais de 3 anos de casa nova, elas foram ainda mais maltratadas que no Olímpico. Além de ficarem no meio da área de circulação e não ter sinalização, agora até carros e carrocinhas de comida, as famosas food trucks, passavam por cima de marcas da história tricolor.

Calçada era constantemente pisoteada. Foto: Hector Werlang/Globoesporte.com

Há poucos meses, quando vi que as placas tinham sido removidas, fiquei sabendo que elas passariam por mais uma manutenção e finalmente ganhariam um lugar de destaque e proteção na esplanada da Arena. Então, no último domingo, foi inaugurado tal espaço como diz a nota no site oficial do Grêmio.

Neste domingo, 25, antes da partida contra a Chapecoense, válida pela 27ª rodada do Campeonato Brasileiro, Grêmio lançou oficialmente a Calçada da Fama, versão Arena. Localizada na esplanada oeste, em frente ao Museu, a nova configuração compreende um espaço de convívio com bancos e área de passeio.

Fotos: Ducker e Lucas Uebel/Grêmio FBPA

Sinceramente, fiquei muito decepcionado com o resultado final. Primeiro, porque a proteção feita foi só uma instalação de bancos de concreto ao redor do espaço. O que evita apenas que os carros não passem por cima das placas. Além de um produto aplicado sobre elas (um selador importado da Alemanha), não há nenhuma proteção contra o desgaste pela circulação de pessoas ou mesmo pela ação do tempo, como placas de acrílico ou algo similar. Ou seja, sem uma manutenção constante, vamos perder marcas da nossa história. E algumas que nunca mais vamos recuperar, como o Airton Pavilhão ou do Bugre.

Em segundo lugar, faltou capricho na execução. Não adianta ter uma boa ideia se ela é mal executada. Por exemplo: o espaço ficou com uma leva inclinação em relação ao resto da esplanada, ficando com toda a cara de remendo. As placas vazias são apenas de cimento, quando poderiam ter uma estrela, um escudo do Grêmio ou até um sinal de interrogação. Não há uma sinalização vertical no local, nem um bannerzinho de lona sequer. Nada. Em dia de jogos ou com grande circulação de pessoas, só vai ver que ali tem algo quem olhar pro chão. Não cheguei a conferir depois do jogo, quando já anoitecia, mas com certeza também não deve ter uma iluminação especial ali.

Mas tem mais.

Foto: twitter @culturadegremio

Entendo que tem algumas placas que não tem como restaurar porque até então não tiveram a devida atenção e o homenageado já não está mais entre nós, mas por que não aproveitar enquanto temos os ídolos vivos pra refazer essas placas antes de colocar algo como esta placa do Yura da foto ao lado?

Aí entra mais um ponto que me incomodou bastante: não havia UM dos ex-jogadores imortalizados na Calçada da Fama na cerimônia de reinauguração. Mesmo que não fosse necessária toda a pompa do lançamento dela, em 1996 (video acima), tinha que haver um pouco de valorização do espaço que reverencia nossos ídolos. E não era algo muito difícil. O próprio Yura esteve por ali um dia antes da cerimônia, na eleição para o Conselho Deliberativo, por exemplo.

Enfim, o Grêmio perdeu a oportunidade de valorizar sua história e o nosso patrimônio histórico continua sendo pisoteado. Figurativa e literalmente.

 

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