Grêmio Libertador

O que eu vi do Enderson

O nosso atual treinador é aquele mesmo de quem eu ri (e, talvez, muitos outros) quando perdeu a as quartas do primeiro turno do ruralito em casa pro Cruzeirinho. Ri porque foi uma tentativa do Inter de criar um Banguzinho (até chamavam de maneira parecida, se não me falha a memória). O tal time B era ruim. Acho que nenhum daquele QUE GRUPO virou grande coisa hoje (sem oportunismos com o Ricardo Goulart, por favor). Achei que o treinador era um Julinho da vida: em sua primeira oportunidade de levar um time pra frente saído da base não conhecia ninguém e não tinha comando de vestiário algum pelo status de sub-técnico que tinha. E essa foi uma das causas dele ser catapultado de lá. O ano era 2011 (e, coincidentemente, tínhamos o Renato na casamata). Se em março de 2011 o Grêmio falasse em contratá-lo, eu montava num porco.

O Filho do Ender: suecos comandam o Grêmio Foto: Flickr do Grêmio (Lucas Uebel)

Mas foi o que o Flunimed TABACOW fez. Enderson, mesmo com a risível derrota, foi alçado ao cargo de auxiliar do clube. Logo que chegou, a surpresa: depois do Fla-Flu, Muricy pediu o chapéu: o time não tinha a estrutura que a direção prometeu. Peter Towshend, o nórdico presidente do clube, resolveu que queria o Abelão (que já contava com o Edinho, requisito número 1) e que valia a pena esperar até junho pelo seu trabalho. Aí sobrou pro novo contratado segurar o rojão: tirou o time do terceiro lugar na Libertadores, com nenhuma vitória e dois empates (jogando duas em casa), para uma classificação em segundo com oito pontos, após vencer uma em casa, uma derrota para o Nacional em Montevideo e uma acachapante vitória na Argentina, 4×2, contra o Argentinos Juniors (o grupo era completado pelo América do México). O primeiro jogo das oitavas foi um 3×1 no Rio, mas foi seguido por uma derrota de 3×0 em Assunción, contra o Libertad, na volta. Era um elenco de estrelas e um treinador que tinha naufragado com um time B pro cruzeirinho – não era um mal resultado. Ele fez ainda mais quatro vitórias, dois empates e uma derrota no Brasileiro (66% de aproveitamento) até entregar o cargo. Se o Grêmio falasse em Enderson Moreira em 2012 eu não ia querer.

E ninguém mais queria. Tanto que o seu retorno aos gramados veio na Série B, com um candidato à série C: o Goiás. Em 16º, na beira da degola e com 7 jogos sem vitória, o esmeraldino resolveu investir no trabalho do interino. Conseguiu mais 22 pontos nas 12 rodadas restantes e terminou o campeonato em 11º, com um aproveitamento de 61% desde que assumiu (o campeão, a Barcelusa, teve 71%, mas a classificação pra série A veio com 53%). Foi mantido no cargo e, na Série B de 2012 acabou campeão, com 68% de aproveitamento e um saldo de gols absurdo de 37 gols (75 pró, 38 contra). Na Copa do Brasil, foi eliminado pelo São Paulo (2×0 fora e 2×2), nas quartas. Se tivessem falado em Enderson Moreira no Grêmio em 2013, eu pensaria na hipótese (embora o resultado do inominável em 2012).

Mantido ainda em 2013, acabou o campeonato com 52% de aproveitamento com  um time de sobras. Na Copa do Brasil perdeu pro Flamengo os dois jogos da semi (2×1). Ou seja: é um treinador consistente em campeonato de pontos corridos, mas não apresentou resultados significativos nos matas. Tem um título de série B, de Goiano. Mas, ao contrário do que o Koff disse, seus trabalhos NO PROFISSIONAL não se caracterizaram por revelar jogadores. No Goiás, o treinador levou a base do Inter (Ricardo Goulart foi indicado por ele e fez 25 gols no Goiás em 2012). Aliás, essa foi a maior crítica ao seu trabalho lá (exemplo aqui). Nem no Flu. É um treinador que se sustenta em medalhões e compras. Vai ter que se adaptar para vencer aqui.

2014 é apenas o terceiro ano dele como técnico principal. É uma aposta. Mas vamos torcer por ele. É o típico “ou vai ou racha”. Que vá.

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