O nosso melhor volante desde o Rafael Carioca está dando adeus ao Grêmio. Walace vai para a Alemanha, jogar no Hamburgo. E, sério, faz tempo que eu não vejo uma venda gerar tanta esquizofrenia em uma torcida como esta tem gerado na do Grêmio. É uma enxurrada de maluquices nas redes sociais que tá difícil até de acompanhar. Então, eu gostaria de colocar aqui minha opinião sobre várias reações que vi por aí.
Walace, obrigado. Foto do Lucas Uebel/Grêmio Oficial (via Flickr)
1- É péssimo pro clube, a direção errou. Não acho que seja o caso. Todos sabiam desde a janela do ano passado que a direção contava com a venda de um jogador porque não há dinheiro suficiente circulando atualmente no Grêmio para garantir a sua operação. Quando contratamos o “melhor volante da série B” no final do ano passado ficou óbvio quem sairia. Então vendemos a posição onde tínhamos alguém comprado pra suprir. E era quem tinha o contrato mais próximo do final.
2- É péssimo para o jogador, Hamburgo está mal. Sim, o Hamburgo está lá na rabeira do campeonato alemão. Mas falta um caminhão de jogos. Pode ser que o jogador consiga livrar o clube, pode ser um monte de coisas. O fato é que para onde o jogador vai só pode ser decidido por ele. Se ele quis ir, beleza, sorte pra ele. Fim de papo. Não é culpa da direção.
3- Quando a direção contratou o Walace reclamaram, agora querem reclamar da venda. Essa daí é a maior doideira que eu já vi escrita em algum lugar. A direção que contratou o Walace não é a atual direção. Parem com essa cachaça de que a direção é um ente indivisível que paira sobre as nossas cabeças. A direção são pessoas e nem mesmo o presidente do clube era o mesmo entre 2012 e 2016.
4- Torcedor é chato, só reclama. Sim, torcedor, tomado assim, no geral, é chato, burro e, principalmente, maluco. E não tem como ser diferente. Porque é bastante difícil que EXATAMENTE o mesmo torcedor tenha reclamado da compra e da venda do Walace. Uma pessoa (torcedor) certamente reclamou da compra do Walace e outra pessoa (torcedor) reclamou da venda. Se a gente esquecer que são pessoas diferentes vai parecer sim que o torcedor é um doente, doido de pedra. E “o torcedor” ser chato não quer dizer que ele esteja errado sempre.
5- A direção ganhou um título, como ousam discordar? Bem, gostaria de lembrá-los de duas coisas. A primeira é que a última direção a ganhar títulos com o Grêmio foi a do GUERREIRO, e se alguém aí quer passar a mão na cabeça dele pelo caso ISL (nem vou falar em Série B porque tem dirigente de futebol diretamente responsável pela nossa queda daquela época dirigindo o futebol hoje) precisa ter zero de senso crítico. A segunda é que a direção de 2017 não é a direção de 2016. O presidente é o mesmo, o vice de futebol não é. O diretor de futebol não é. Nem em 2016 “a direção” foi a mesma. Trocamos de vice de futebol duas vezes. Mandamos um executivo de futebol pra rua, chamamos um da base que tinha retornado e nem esse está mais no Grêmio. É um trabalho novo com um vice que nunca ocupou esse cargo (toda a sorte pro Odorico) e, como já escrevi, um diretor que rebaixou o Grêmio em 2004.
6- É o torcedor (a imprensa) que tá criando crise no Grêmio. Não foi o torcedor (nem a imprensa) que disse que o maior reforço para o Grêmio era a manutenção do grupo de 2016 antes da janela fechar. Como dizem por aí: a língua é o chicote do cu. Então é melhor a direção lembrar disso antes de usar a sua língua na frente dos microfones, ao menos.
Em resumo: eu concordo com a venda do Walace e acho que a nova direção está certa em negociar o volante. Já temos uma aposta na sua renovação, ele está valorizado e o contrato terminava no final do ano. Mas isso não quer dizer que essa atual direção tem que ser endeusada. É um trabalho novo que não pode ser abonado pelo título de 2016, mas pelas decisões de 2017 (Léo Moura, Jael, Fernandinho, Cortez, etc). Que podem dar certo, obviamente, e vamos torcer pra isso. Mas se acalmem. Não começou a terceira guerra mundial.
