Pirlo mestre

4 Postado por - 23 de setembro de 2014 - Artigos

Como o Bonatto está tirando um “período sabático”, aproveito para colocar outro craque pra compartilhar com vocês um pensamento atemporal: o Pirlo. Aquele da Juventus e da seleção italiana. A passagem está num artigo da Trivela retirado da autobiografia dele. Nesse trecho ele fala sobre Mário Balotelli – um cara marrento e constantemente vítima de racismo. Leiam e pensem.

“Eu não tenho certeza se ele sabe disso ainda, mas ele é um tipo especial de remédio, um antídoto para o veneno potencial dos racistas que você encontra nos estádios da Itália. Eles são realmente um grupo horroroso, uma horda de indivíduos frustrados que pegaram o pior da história e assumiram como se fosse deles. E são mais que apenas uma minoria, apesar do que certos bajuladores tentam fazer você acreditar. Esses caras usariam um extintor para pagar um fósforo.

Sempre que eu vejo Mario em um campo de treinamento da Itália, eu lhe dou um grande sorriso. É o meu jeito de informá-lo que estou logo ao lado dele e que ele não pode desistir. Um gesto que significa “obrigado”. Ele é sempre um alvo de insultos dos fãs adversários. Digamos que a forma como leva a vida talvez não o ajude a conquistar muito amor, mas ainda estou convencido que se ele fosse branco, as pessoas o deixariam em paz.

‘Pule alto para Balotelli morrer’ é um grito inominável que, infelizmente, eu ouvi no Juventus Stadium, entre outros lugares. É ainda pior que os barulhos de macacos que eu ouvi em praticamente todo lugar. Mas ao invés de deprimir Mario, esse comportamento idiota na verdade o deixa mais inflamado. Ele não permite que esse lixo humano fique em seu caminho, e é a resposta mais inteligente porque se você ouve o que uma pessoa estúpida diz, você a eleva ao posto de interlocutor. Se você simplesmente ignorá-la (ao mesmo tempo em que registra que infelizmente ela existe) você a está cozinhando em seu próprio mar poluído, onde não há amigos e nem costa. A boa notícia é que mesmo tubarões podem morrer de solidão depois de um tempo. Prandelli passou aos jogadores da seleção uma diretriz bem firme sobre o assunto.

‘Se você ouvir pessoas nas arquibancadas desrespeitando Mario, corra para ele e o abrace”. Nesse conceito, o ódio pode ser cancelado por uma dose equivalente de amor. Não é uma escolha elegante, mas uma ideia muito forte. Estou feliz que Mario seja do jeito que ele é. Ele vai reagir (erroneamente) à provocação no gramado, mas não se permite ser afetado pelo que acontece com o público. Se marcar, pode colocar o dedo nos lábios para tirar sarro dos fãs adversários, algo que realmente os deixa furiosos, mas se eles dizerem que ele tem a cor errada de pele, vai apenas rir na cara deles. Ele os transforma em tolos e emerge como um vencedor. Do jeito que vejo, ele é capaz de se tornar um símbolo da luta contra o racismo, na Itália e ao redor do mundo”

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14 + comentários

  • Marcelo 23 de setembro de 2014 - 13:58 Responder

    Bah velho, de boa, larga mão de ficar falando deste assunto. Fica fazendo post criticando a torcida; que vamos perder patrocinadores; que isso, que aquilo, mas não para de “requentar” o tema. Para de mimimi, deixa essa história de lado. Já tá ficando chato esse site.

  • Daniel 23 de setembro de 2014 - 14:17 Responder

    Concordo com o Marcelo.

  • Eduardo 23 de setembro de 2014 - 14:34 Responder

    Boa Fagner!!! Esse é um tema que não pode ficar esquecido.

  • Jeferson 23 de setembro de 2014 - 14:45 Responder

    Pena que o “Grêmio Libertador” se tornou o “Grêmio do Fagner”, em busca de auto afirmação pessoal de uma tese que se mostrou equivocada pela ampla contestação (seja fática, seja apenas gutural).

    Egos inflados não podem ser contraditados. Quando há essa contradita, sobrevém uma enxurrada de argumentos dos mais diferentes para tentar solucionar a questão.

    Pois bem. Não soluciona. Os torcedores que fizeram a vaia sempre estarão sendo chamados de “imbecis”. Não há explicação.

    Volto quando este espaço deixar de ser o “Grêmio do Fagner” para se tornar, novamente, um espaço plurar. Totalitarismo não coaduna exatamente com a postura tolerante que se pretende ter no combate ao racismo.

    Ass: um, por assim dizer, “imbecil”.

    • Ricardo Brum 23 de setembro de 2014 - 15:36 Responder

      Acho que não tem acompanhado muito o blog, cujo eu tenho algumas ressalvas, e uma delas é o espaço a texto do David Coimbra sobre o assunto, por exemplo. Chamar de “Grêmio do Fagner” um site que posta um texto daqueles é, no mínimo, incoerente.

      E vamos parar de eufemismos: não tem nada de imbecil, é racista mesmo.

  • Arthur 23 de setembro de 2014 - 15:20 Responder

    Baita texto e baita mensagem. Mas uma merda ele vir agora, trazido por ti nesse contexto, em que a vaia dispensada ao Aranha é interpretada como apologia ao racismo.

    • Fagner 23 de setembro de 2014 - 15:26 Responder

      Postei justamente por causa do contexto. Ao mesmo tempo que todos estão achando que as vaias foram para o Aranha, não para o goleiro, vários gremistas estão tratando o Aranha como adversários do Balotelli tratam o atacante – ofendendo o Mário.

      Aliás, como já escrevi, no contexto desse jogo, qualquer vaia ao Aranha ia ser interpretada como apologia ao racismo.

      Saludos,
      Fagner

      • Arthur 24 de setembro de 2014 - 10:25 Responder

        Eu sei que foi por causa do contexto e é por isso que achei uma bosta. Tu segue legitimando quem diz que a vaia ao Aranha foi endosso das ofensas no outro jogo. Eu discordo.

  • Ricardo Brum 23 de setembro de 2014 - 15:34 Responder

    Justamente por esse primeiro comentário que é importante ficar insistindo de novo e de novo na discussão sobre o racismo. Enquanto for enxergado como “uma história requentada de um jogo”, uma “crítica à torcida gremista”, ou “deixa essa história de lado”, como se fosse só deixar de falar sobre o racismo que ele deixará de existir (obrigado pelo desserviço, Pelé e Freeman!).

    Que comece a discussão sobre o racismo no futebol e se estenda sobre o racismo na sociedade, e depois passe para a opressão e desumanização de outras minorias. A discussão é importante! E tão importante quanto a discussão, é ler e pensar, como sugeriu o Fagner.

    • Jones 23 de setembro de 2014 - 15:43 Responder

      Ah mas pensar doi…hahaha
      Falar de racismo é “chato”, incomoda.
      A sociedade costuma varrer pra debaixo do tapete e rezar para que ninguém requente o tema. E olha que só costuma aparecer a ponta do iceberg.

  • Luciano Tricolor 23 de setembro de 2014 - 17:14 Responder

    Na boa. Chega. Tem jogo amanhã. Antes que ninguém mais leia este blog… ou só uns 3, 4 que ainda estão interessados nessa merda.

  • Eastwood 23 de setembro de 2014 - 18:20 Responder

    Não li, nada.
    Fagner pederastinha da moda……

  • celso 23 de setembro de 2014 - 20:39 Responder

    Ô Fagner, quando o Santos vier jogar com eles, no aterro, a tal Guarda Popular, fará um protesto de desagravo ao teu injuriado arqueiro. Aproveita e comparece, só não exagera no faniquito, pois se a turma do Yerro te descobrir, tu poderás sentir na própria pele o que é de fato homofobia!

  • Edgar 24 de setembro de 2014 - 06:05 Responder

    Acho que é uma boa leitura:

    http://www.sul21.com.br/jornal/a-construcao-do-outro-por-fernando-horta/

    Estranho que o texto é um pouco contraditório a forma de tratar o racismo. Imagine que o Pirlo fala em “simplesmente ignorá-los” para com a indiferença acabar com o racismo. Já atitude do grande goleiro do Santos foi descer ao mesmo nível dos que o vitimaram com atos de racismo. Agora vocês imaginem se uma vítima de agressão resolve agir igual ao goleiro do Santos. Registra a agressão contra o infrator e de lambuja vai lá e agride toda a família do individuo, porque afinal se eles são da mesma família, eles também são agressores. Pelo que li aqui no blog, ele estará isento de qualquer culpa, afinal ele foi a vítima.
    Os atos existiram e os culpados tem que ser punidos, PONTO. Agora este fato não faz do goleiro do Santos um “ser” acima do bem e do mal. Como ele não é obrigado a aceitar nenhum pedido de desculpa dos agressores (eu faria o mesmo), eu não sou obrigado a aceitar calado as atitudes racistas dele contra a minha torcida e meu estado.
    E comecem pedindo para que a regra das cotas mudem de classificação. Que ela passe a ser definida por condição social, oportunidade e não pela cor da pele. Porque os negros não precisam de favorecimentos, precisam competir em igualdade de condições.

    Força Grêmio! Somos pretos, azuis e brancos!
    Abraço,
    Edgar

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