Podia ter mais Grêmio na Copa do Brasil

0 Postado por - 25 de agosto de 2016 - Artigos

Estamos felizes da vida. Marcamos um gol fora em um mata-mata. Jogamos bem e bonito no primeiro tempo, suportamos pressão no segundo sem ter de xingar (muito) nossa defesa, temos a vantagem do empate em casa e segue o baile, vamo vamo tricolor, essas coisas todas.

Poderia ser ainda melhor.

Poderíamos estar, hoje, comemorando duas vitórias, duas boas largadas na Copa do Brasil, mais passes de calcanhar, mais gols, mais Grêmio.

Mas não estamos.

Pelo nada simples fato de que o Grêmio, como a imensa maioria dos grandes clubes brasileiros, desconhece um fato notório, mas que só de quatro em quatro anos, durante as Olimpíadas, parece ser percebido: mulheres jogam futebol. E muito.

Basta olhar a foto aí embaixo, com os escudos dos times que ontem começaram a disputar a Copa do Brasil Feminina de Futebol.* Difícil encontrar um escudo conhecido. Difícil reconhecer vários deles.

Tá faltando a gente aí! (Reprodução do site da CBF)

Tá faltando a gente aí! (Reprodução do site da CBF)

Eu fico é bem triste de não ver o Grêmio nesta competição.

Porque, como disse antes, poderíamos estar duplamente felizes.

E porque não há razão para, no século XXI, acharmos que mulheres são incapazes de jogar futebol em alto nível.

Dirão que peço muito. Que não temos títulos há 15 anos. Que tá difícil manter um time de ponta no masculino. Que as contas do clube não sei quê não seiquelá.

Bom, amigos, a megalomania é um defeito que devemos corrigir, não usar como desculpa para não fazermos o que tem de ser feito.

E o que tem de ser feito, me parece, é trazer o Grêmio para o agora.

Temos uma dívida com as muitas mulheres gremistas que jogaram futebol sem nunca poder JOGAR FUTEBOL. Sem nunca poder vestir a tricolor.

Temos uma dívida com as muitas mulheres gremistas que jogam futebol. Com as muitas meninas gremistas que jogam futebol e só tem uma entre as 90 escolinhas conveniadas dedicada a treiná-las.

Vamos pagar esta dívida também.

Pode ser aos poucos.

Pode ser aumentando o número de escolinhas. Pode ser abrindo turmas para mulheres nas atuais conveniadas. Pode ser procurando um dos times femininos do interior do estado e fazer um convênio (o Corinthians, por exemplo, tem este esquema com o Audax).

Pode ser de algum jeito menos megalomaníaco que no masculino.

Mas TEM de ser.

Porque vai ser bem legal torcer pelas mulheres tricolores sem ser para que ganhem concurso de musa.

Porque vai ser bem legal torcer mais vezes pelo Grêmio.

* Cabe aqui um registro importante: para a CBF, o nome do campeonato é Copa do Brasil de Futebol Feminina. Pra mim, a Copa é que é feminina ou masculina, pois disputada por mulheres ou por homens. O futebol não tem gênero. Ele não é masculino ou feminino. É futebol. Com as mesmíssimas regras, as mesmíssimas dimensões de campo e a mesmíssima capacidade de nos volver locos.

** As equipes femininas de futebol são tão bem tratadas pela CBF que, no site oficial da competição, faltam os escudos de cinco times: Aliança-GO, Araranguá/Satc-SC, Porto Club-RO, União-RN e Vila Nova-ES.

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5 + comentários

  • Marcelinho Gaúcho 26 de agosto de 2016 - 13:09 Responder

    Os culpados e cúmplices pela inexpressiva presença feminina no profissional são os clubes, CBF e a mídia.

    Sou da ideia de que os bastidores do futebol são podres, lucrativos e que eles não querem perder tempo investindo no feminino.

    Não existem desculpas como falta de visão gerencial, por exemplo. Se há uma ligeira quantidade maior de mulheres é óbvio que existe uma demanda e um mercado imenso á ser explorado desse público.

    Nem falo no machismo por que daí vou me estender e não tenho propriedade pra falar.

    O futuro aponta para presidentes como gestores profissionais, ao contrário dos coronéis do passado.
    Cabe aos torcedores identificarem quem apresenta tais predicados.

    Além do convênio, como citastes, o que me diz de um ginásio poliesportivo (futsal, sintético, vôlei, etc) e um mini-estádio (5, 10 mil pessoas) pro feminino e categorias de base?

    A dupla Gre-Nal poderia, também, começar investindo em campeonatos citadinos de futebol sete, que está em alta, necessita de menos atletas e é mais barato.

  • Juliana 26 de agosto de 2016 - 15:41 Responder

    Numa olhada rápida, dá pra ver os escudos de Santos, Flamengo, Chapecoense e Náutico. Alguns clubes com poder de investimento bem menor que o nosso investem, nem que seja o mínimo, no futebol feminino. Investem também em outros esportes. O Botafogo, só pra citar um grande que é bem mais pobre que a gente, tem equipes de vôlei, basquete, remo, polo aquático e não sei mais o que. O Cruzeiro é super campeão no vôlei. O Flamengo no basquete. Clubes como Sport, Joinville, Fluminense, todos investem em outros esportes. O Sampaio Corrêa tem uma equipe feminina bem estruturada de basquete. Todo respeito a esses clubes, e muita insatisfação porque o Grêmio não investe em outros esportes. Nem vejo os conselheiros e vice presidentes, que adoram ficar de intriga nas redes sociais, levantar essa discussão.

    • Fagner 26 de agosto de 2016 - 15:58 Responder

      Fica mais feio ainda, Juliana, quando vemos as capas históricas das revistas do Grêmio. Olha a capa da de 1956:

      Revistta do Grêmio

      Saludos,
      Fagner

      • Juliana 26 de agosto de 2016 - 16:07 Responder

        Não conhecia, que bacana! Eu tenho esperança, acho que dá pra mudar isso.

        • Fagner 26 de agosto de 2016 - 16:13 Responder

          Tem que dar. Pelo menos o departamento feminino, é inclusão. Em algum momento o Grêmio resolveu que seria só um clube de futebol. Faltou dizer: de campo e masculino.

          Saludos,
          Fagner

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