Grêmio Libertador

Pontos corridos é garantia de equilíbrio? – Parte I

A discussão sobre a volta ou não do mata-mata (ou playoffs, como queiram) rende muito pano pra manga. Por mais que se diga que um campeonato de pontos corridos é mais justo, o modelo atual tem muitos pontos de desequilíbrio. Seja quando um dos times prioriza outra competição, colocando jogadores reservas num campeonato onde todos os jogos tem o mesmo peso, seja com a punição com perda de mando de campo, que prejudica o condenado mas favorece um terceiro, ou até mesmo com a elaboração da tabela do campeonato. E é nesse ponto, que deveria ser o mais equilibrado pois é a variável mais controlável, que eu vou focar.

No início do ano passado, com base no borderô de todos os jogos realizados na Arena em 2013, fiz um levantamento sobre ocupação de cada setor do estádio, cruzando com data, horário e adversário. Os números gerais do estudo foram entregues ao Grêmio, que, junto com outros dados – mais completos – do clube, foram usados para definir a política de preço dos ingressos no Brasileirão do ano passado. Depois de perceber a influência desses dados (dia da semana, horário e adversário) no total de torcedores presentes aos jogos, e ver a quantidade de jogos no meio de semana que tínhamos em casa, decidi comparar com os demais times do Brasileirão. O resultado inicial, que considerou apenas o número de jogos em casa nos finais de semana e nos dias úteis, foi surpreendente. O tão defendido equilíbrio técnico dos pontos corridos passa longe da elaboração da tabela.

Como o estudo é bem longo, pois abrange diversos dados de todos os campeonatos de pontos corridos com 20 clubes, ou seja, desde 2006, ainda não está pronto. Apesar de incompleto, alguns dados já foram passados para direção gremista, que levou para os responsáveis pela elaboração da tabela. Aproveito para agradecer aos vice-presidentes Odorico Roman e Antônio Dutra Jr, que receberam os números iniciais do estudo (que repito, ainda não está pronto) e os levaram adiante. Se a tabela desse ano ainda não ficou perfeita, pelo menos a sangria está diminuindo.

Primeiro ponto

Contagem simples da quantidade de mando de jogos em finais de semana e feriados x mando de jogos em dias úteis

Aqui, levei em conta apenas os maiores 16 clubes, que são também os mais frequentes da primeira divisão. Abaixo os números deles ano a ano.

FDS: Mando de jogos em finais de semana e feriados. DU: Mando de jogos em dias úteis.

Assim, a contagem fica dessa forma:

P: Participações no Brasileirão. FDS: Mando de jogos em finais de semana e feriados. DU: Mando de jogos em dias úteis.

É importante levar em conta as participações que cada clube teve nesses 9 anos de Brasileirão com 20 times. Mesmo assim, percebe-se que o Corinthians, com uma presença a menos que o Grêmio tem o mesmo número de jogos em casa nos finais de semana. Para nivelar todos os clubes, peguei o número de jogos em finais de semana e feriados e dividi pelos em dias úteis. Assim, temos uma proporção de quantas vezes cada time manda jogos em finais de semana para cada mando em dia útil. O resultado está na tabela abaixo.

Ou seja, pra cada 2,11 jogos que o Grêmio teve na Arena ou Olímpico desde 2006, teve 1 em dia útil. Uma enorme diferença, se comparado justamente ao Internacional, que mandou 3,62 jogos em finais de semana para cada jogo em dia útil.

Muitos devem estar se perguntando, qual a real influência disso? O quanto muda para um time jogar em casa no final de semana e num dia útil? Realmente existe desequilíbrio técnico se os campeões não foram, necessariamente, os times que mais mandaram jogos em finais de semana? Existe uma diferença significativa de público? E de renda? Existe um prejuízo financeiro significativo?

Talvez esse estudo não tenha uma resposta definitiva para todas essas perguntas, mas muitas delas eu vou responder nos outros posts dessa série, que publicarei nos próximos dias.

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