Grêmio Libertador

Pontos corridos é garantia de equilíbrio? Parte II

Seguindo a discussão iniciada na primeira parte dessa série de textos que tenta jogar uma luz sobre a confecção das tabelas dos Campeonatos Brasileiros desde 2006 (quando, no formato de pontos corridos, passou a ter 20 clubes), vou focar na questão financeira.

Abaixo, um quadro com os valores arrecadados pelo Grêmio com bilheteria nos jogos do Campeonato Brasileiro nos últimos 5 anos*.

Algumas observações sobre cada ano analisado:

  1. Em 2010, a arrancada do time alavancou também as receitas. Os 6 primeiros jogos somaram pouco menos de R$ 1milhão de bilheteria (média de aproximadamente R$160mil/jogo). Após a troca de treinador (saiu Silas e entrou Renato Portaluppi) e melhora de desempenho do time fez a média de renda triplicar nos 13 jogos restantes.
  2.  Em 2011, a campanha do time foi melancolicamente estável: sempre entre o 9º e 15º lugar.
  3. 2012 foi o ano da despedida do Olímpico e o marketing do Grêmio trabalhou fortemente o momento. O time dentro de campo contribuiu, conquistando uma vaga na Libertadores.
  4. Em 2013 a Arena passou a sediar os jogos a partir da 2ª rodada (1º jogo foi no Jaconi por conta de incidentes no Grenal derradeiro do Velho Casarão) e o fator novidade pesou bastante na arrecadação. Sem falar que o time terminou mais uma vez entre os classificados pra Copa.
  5. A renda cai na medida que a Arena já não é tão novidade assim e o desempenho do time não é o mesmo do ano anterior. Pesou também a realização de 2 partidas no Alfredo Jaconi.

Se desconsiderarmos os 3 jogos no Jaconi (2 em 2014 e 1 em 2013), as médias de arrecadação bruta por jogo ficam assim.

Abrindo um pouco esses números, chegamos às rendas médias dos jogos realizados nos finais de semana e feriados versus jogos em dias úteis (sempre desconsiderando os jogos no Jaconi).

FDS: Jogos como mandante em finais de semana e feriados  DU: Jogos como mandante em dias úteis  

Ou seja, o Grêmio tem uma queda de arrecadação muito expressiva nos jogos realizados nos meios de semana. Levando em conta que o tricolor é um dos times que menos recebe jogos aos finais de semana, o prejuízo acumulado é enorme. Para descobrir quanto se perdeu, façamos um exercício rápido, estabelecendo que cada time tenha 15 jogos aos finais de semana em casa (média do Internacional, que tem a maior quantidade de jogos como mandante em finais de semana). Agora, multiplicamos o valor perdido por jogo em meios de semana pelo número de jogos que faltaram pra se chegar a 15.

Total de mais de R$6.500.000,00 de diferença em renda de bilheteria em 5 anos. Lógico que, em se tratando de valores para o futebol, a quanria não chega a ser astronômica, mas também não pode ser desconsiderada. Ainda mais se levarmos em conta que isso é só parte da conta. Não foi considerada aqui nenhuma correção monetária, por exemplo, os R$ 2milhões de 2010 valeriam muito mais hoje. E quanto se deixou de arrecadar com o Quadro Social daqueles que só podem ir aos jogos nos finais de semana? Quanto se perdeu de consumo de produtos do Clube, nas lancherias do estádio e nas dos arredores, a famosa renda do Day Match? Quanto se perdeu de exposição na mídia, afinal a audiência do futebol é comprovadamente maior nos finais de semana, seja no rádio ou tv?

No momento em que se estabelece punições para os clubes que não cumprirem com suas obrigações financeiras, esse desnível precisa e deve ser eliminado. Nos próximos posts trarei mais alguns dados interessantes.

 

*dados apenas desde 2010 porque ainda faltam validar alguns dados mais antigos.

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