Pra começo de história: Grêmio 3 x 1 Fluminense

1 Postado por - 18 de maio de 2017 - Artigos

Quando a gente escreve crônicas de jogos de futebol, vamos escrevendo e reescrevendo tudo. É preciso registrar rápido pra não esquecer a jogada, nem a sensação provocada pela jogada. O problema é que, em seguida, acontece outra coisa qualquer e a percepção que tínhamos do que acontecera até ali muda completamente. A jogada aquela pode não ser mais importante e até a sensação que tínhamos tido com a jogada muda.

A estreia do Grêmio na Copa do Brasil 2017 não apenas obrigou a escrita e reescrita. Foi a própria escrita e reescrita.

Aos 5 minutos do primeiro tempo, perdíamos. Já estávamos preparando a boa velha crônica baseada na eterna narrativa da bola aérea que não acertamos nunca. “Tomamos o gol de Renato Chaves e a estratégia se desfez”, diria a crônica, como já disse outras vezes. Esta teria o detalhe do “nossa!, bola espanada do Geromel, que lástima, hoje a nossa defesa falhou” e seguiria lamentando a péssima largada na Copa do Brasil, mas terminaria com a famosa máxima “o Grêmio é copeiro, imortal, etc etc etc”.

Então, aos 17 minutos, a jogada. A Jogada. Arthur, Luan, Arthur, Barrios, Arthur. Aquela que transformaria a narrativa anterior para “realmente uma pena nossa defesa de deuses ter falhado, hoje o jogo foi do nosso ataque, Arthur mais a frente, como o Renato mandou, uma pena a falha de fato”.

Ao fim do primeiro tempo, parecia que a novela da estreia já tinha tudo mais ou menos definido pela marcação forçada do Fluminense, com a participação especial de Diego Cavalieri como Diego Cavalieri. Registraríamos as palmas para Pedro Rocha pelo esforço tático – em jogada em que a tentativa de tabela de frente para a grande área evidentemente treinada com jogadores variados foi perdida e ele, Rocha, correu atrás do jogador do Fluminense que disparava no contra-ataque. E diríamos que, talvez, haja pessoas tentando entender alguma coisa deste time para além do que dizem os comentaristas enchedores de linguiça. E terminaríamos dizendo que não foi ruim, jogamos bem, lá resolvemos, o Grêmio é copeiro, imortal, etc etc etc.

[Intervalo de jogo. Aqui, abro um colchete para registrar a declaração do guri Arthur na saída do primeiro tempo: “É uma jogada que a gente treina muito e o Renato pediu e eu pude executar”. Treina. Muito.]

Aos 8 minutos do segundo tempo, a marcação apertada do Fluminense surtindo efeito e os cariocas achando jogadas que não eram de contra-ataque chegaram a redigir um parágrafo que começava com “o acadelamento do Grêmio no início do segundo tempo nos custou caro”. Os erros na finalização do ataque gremista faziam o texto flertar com reclamações sobre Luan e Pedro Rocha, talvez sobrando um tanto de reclamações para Bruno Cortez não substituindo Marcelo Oliveira a altura.

Eis que a gente olha pro campo aos 16 minutos, sai Pedro Rocha e entre Éverton, e a crônica, no entanto, registraria não a mudança no ataque, mas sim que a posição dos volantes-meias do Grêmio se inverteu: Arthur mais próximo de Michel, Ramiro chegando mais à frente. A esta altura, não se escrevia nenhum texto, pois nosso jogo melhorou sobremaneira (metade por conta da inversão que atrapalhou o sistema de marcação, metade porque o Fluminense também não tinha como manter a pressão permanente no ataque e na defesa). Não há cronista-torcedora que sossegue até sair o segundo gol, que ali parecia tão evidente.

Saiu. Aos 19. Numa jogada ensaiada na cobrança de escanteio. Luan, o topo da cabeça de Kannemann, Barrios chegando por trás da zaga e metendo a bola pro gol, com Cavalieri, com tudo. O texto voltaria em sua quarta versão, agora para dizer que, ao longo da partida, o Grêmio consertou o sistema defensivo e teve calma para praticar o que é treinado, bem treinado.

Aos 25, o menino Cortez – que pode ter sido xingado no fim do primeiro tempo – recebe passe de Éverton, cruza, rasteiro e certinho. Barrios hace que vá, pero no vá e acaba se indo. Com bola no meio das pernas do zagueiro, com chute certeiro, com Diego Cavalieri, com tudo.

E aí, amigas e amigos… aí o texto, por fim, registra que o atual e maior campeão da Copa do Brasil deu início à Copa do Brasil. O que virá pela frente tem chance de ser uma bela história.

“Foi bom, hein?”
“Si, claro, como no?”
(Foto: Lucas Uebel / Grêmio FBPA)

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2 + comentários

  • Artur Wolf 18 de maio de 2017 - 09:49 Responder

    O melhor: a pegada de todo o time. Foi o que garantiu a vitória. TODA bola foi dividida e chegada. junto. O Flu bateu muito mas a resposta, na bola, esteve a altura.
    Marcelo Grohe: inaceitável a esta altura da carreira com toda a sua experiência dar uma cagada daquelas. A bola BEM DENTRO da pequena área era toda dele. Junto com aquele gol de falta na LA faz gerar uma preocupação quanto a seu desempenho atual.
    Arthur: hoje é o primeiro TITULAR do Grêmio.
    Luan; correu e se aplicou muito como todo time só que de ÚTIL…….
    Pedro Rocha: acho gozado quando a câmera filma Renato “p… da cara” depois que que PR perde MAIS um gol sozinho na frente do goleiro. Mas ele não sabe ainda que este rapaz tem uma IMENSA DIFICULDADE em fazer gols???? Tá vivendo ainda dos gols no Galo. Erro crasso de Renato em mante-lo no time.
    Barrios: é o exemplo para Luan e PR: COMO SE FAZ GOLS.

  • betho 18 de maio de 2017 - 13:06 Responder

    Precisamos de um goleiro de verdade, Grohe já está me decadência técnica.

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