Raio generalizador

3 Postado por - 2 de março de 2015 - Artigos

Acho que essa é a frase mais repetida por todo o mundo que gosta de futebol ultimamente: não generaliza. E isso tem uma razão de ser, já que faz tempo que coisas negativas ocorrem com uma frequência muito maior do que gostaríamos de ver. No Grenal de domingo foram as “galerinhas” se encontrando pra se atacarem com pedras. Bem, vejamos: os caras que jogaram as pedras estavam esperando quem passava por baixo, que sob ataque, revidou. Provavelmente, a justificativa dos primeiros seria um revide de outra vez, quando pisaram no pé deles na fila de entrada na Arena. Pisão dado por vingança de tal e tal coisa que aconteceu aquela vez e zzzzzzzz…

Dá pra não ser imbecil. Mas não é fácil. Força aí. Foto do Lucas Uebel/Grêmio Oficial (Via Flickr)

Dá pra não ser imbecil. Mas não é fácil. Força aí. Foto do Lucas Uebel/Grêmio Oficial (Via Flickr)

Pedra não escolhe contextos. Ela atingiu gente que estava envolvida desde sempre nessa briguinha de gangues da 5ª série A contra a 5ª B e gente que não tem nada com isso. O que une essas pessoas sob a mesma chuva de pedras é apenas a camiseta. A pedrada é democrática. Não se pode pedir para ela não generalizar. No mesmo estádio houve gremistas e colorados indo para o estádio juntos e sem briga. Coisa que muitos desses dois mil sempre quiseram fazer, mas nunca puderam. Tudo isso por causa da 5ª A contra a 5ª B.

Feliz ou infelizmente, hoje não adianta bosta nenhuma sair gritando o tradicional “não generaliza” (eu já gritei e aprendi que isso mais atrapalha do que ajuda). Em primeiro lugar, porque tu não tem controle sobre o que as outras pessoas pensam. Elas podem sim generalizar o quanto quiserem (e vão). E se tu não tiver feliz com isso, bem, tem que mostrar com ações que tu não é aquilo que dizem de ti. Porque mesmo que tu saia por aí gritando aos quatro ventos que aquilo é uma piada e tu não é X-cista (coloque no X o que quiser) não existe carteirinha comprovando. Se ninguém te avisou, não há como fazer verificação dentro da tua cabeça. Não existe um teste de X-cismo. E o que vem a público é a tua manifestação. Ou seja,  se tu não quer ser chamado  de X-cista, não aja como um.

Da mesma forma, se gente com a mesma camiseta que a tua se comporta como um imbecil, não adianta pedir que não te chamem de imbecil. Como gremista (ou colorado) que tu é, o “ser imbecil” já foi colado ao perfil do torcedor praticante (aquele que vai ao estádio, compra fardamento todo o ano, sabe a escalação de cor e salteada, etc) independente da cor da camiseta. Todo Torcedor é considerado marginal. Então, atitudes como a torcida mista são ótimas, deixam as pessoas sem saber bem o que pensar: como é que eu vou rotular os torcedores pelas imagens da TV se, ao mesmo tempo, as imagens mostram dois comportamentos diferentes?

Então, para de chorar. Não quer sofrer a ação do RAIO GENERALIZADOR da opinião dos outros? Não aja como aqueles que tu acha que são aquilo do que tu não quer ser chamado (porque tu também é igual a todo o mundo e generaliza – olha só eu te generalizando, hein). Em hipótese alguma. Não adianta bancar o bom e sair mandando piadinha X-cista na internet (certo membro do STJD que o diga). Aja mais como os conhecidos que foram juntos ao Grenal. Não reaja violentamente. Nem se tu foi vítima das pedradas de ontem. Não alimenta a imbecilidade dos outros. Isso também te torna cúmplice de imbecilidade.

Mas do Grenal de ontem a melhor parte de todas foi: pela primeira vez na minha vida eu vi as instituições dando o exemplo e deixando de lado as provocações no momento do clássico.

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