Grêmio Libertador

Saiu Renato, entrou Enderson. O que mudou?

Ganhamos ontem, e bem. Mas o que mudou pra não ser o fiasco que era o time no ano passado? Em primeiro lugar, o time não era um fiasco. O time era bom e foi segundo colocado por méritos. Tanto do time, quanto do treinador, que arrumou o melhor sistema defensivo disponível colocando três volantes. Isso é uma das maiores injustiças que fazem com o Renato. Quando ele escalava assim, era porque era retranqueiro. O bom mesmo eram dois volantes e dois meias, aqueles mesmos que não funcionaram com o finado pofexô e com o próprio Enderson nos seus primeiros jogos. O mérito do Enderson foi não ser cabeça dura e simplesmente ver o óbvio: nossa zaga não é boa pra jogar com dois volantes. O melhor zagueiro é o Rhodolfo e está longe de ser um craque.

Ou seja, não foi o sistema defensivo que mudou. Mesmo com a entrada do Wendell e a saída do Bressan (até porque o Rhodolfo mudou  de lado pro Werley poder “jogar”). Sim, temos um jogador melhor que o Alex Telles. Mas onde ele é melhor não é lá atrás. Embora tenha um ótimo senso de marcação e posicionamento, o Alex também servia marcando. Nem o Edinho é melhor que o Souza, em nenhuma das duas coisas: nem desarme, nem saída de bola. Mas o Edinho quebra o galho ali, sem muita perda. Nem o Marcelo é melhor que o Dida – ontem mostrou claramente que não perdemos e nem ganhamos nada com a mudança, futebolisticamente falando.

 

Enderson no campo. Foto do Lucas Uebel, pro Grêmio Oficial

Pra mim, são duas mudanças claras. Uma na atitude do meio campo, que cerca mais que rouba, utilizando a falta como último recurso. Mesmo os dois “atacantes” voltam marcando como no ano passado, chegando a cobrir lateral, até. Mas aí vem a segunda mudança: a posse de bola ofensiva. Ano passado, roubávamos mais a bola mas definíamos a jogada muito mais rapidamente: seja perdendo a bola, cavando uma falta ou arrematando pro gol. Éramos mais verticais e, por isso, dávamos mais posse de bola pro adversário. O time do Enderson é praticamente o mesmo, mas só com o Barcos de estrela lá na frente. O Zé está livre pra avançar, como atacante, praticamente, e o Luan também. E eles tabelam muito entre si e com os volantes. Ainda sentimos a falta de alguém fechando dentro da área quando o Barcos sai, mas temos mais tabelas e mais rápidas. São dois toques, no máximo. Isso dá muito mais posse de bola e mais chances de gol. Clara mão do treinador aí.

Agora, temos também duas peças que não tínhamos no ano passado: o Luan e o Wendell. Não, eu não tô caduco. Eles tem uma característica que faltava no ano passado. Nenhum dos atacantes de “movimentação” do ano passado sabia driblar. E não me venham dizer que o Vargas estava fora de posição. Ele simplesmente NÃO É TÃO BOM QUANTO PINTAVAM. Só “joga” com o Sampaoli, mesmo assim errando uma montoeira de passes, sendo individualista e querendo resolver tudo sozinho (o que até se justifica, o ataque do Chile é lamentável). A visão de jogo e controle e bola dele nem se compara aos do Luan. E o Wendell, além de cruzar melhor que o Alex Telles, sabe driblar. Isso desafoga o ataque, que não tem que jogar sozinho. E faz com que armadores sejam dispensáveis – embora tenhamos no Ruiz uma boa alternativa pra quando precisarmos. De resto, tenho que salientar a SOLIDARIEDADE do ataque. Como não são três estrelas lá na frente (o Zé nunca foi, aí sobra só o Barcos), eles baixam a cabeça e jogam bola. Não discutem como faziam os três da frente no ano passado. Essas características individuais também são importantes motivos da mudança.

E isso não é mérito do Enderson. O Kléber só tá fora do time porque está machucado. Era titular em todos os jogos e nunca foi substituído pelo Luan quando sadio. O mérito dele foi se aproveitar da sorte, assumir que o melhor meio tem três volantes e liberar o ataque e os laterais para atacar. Ou seja, devagar com o andor. Não estamos melhores porque “agora temos treinador”. Também tínhamos no ano passado. Estamos melhores por uma conjunção de filosofia de jogo, jogadores diferentes e menos pressão da imprensa. E, se duvida, é só lembrar o como diziam que nosso futebol era feio com essa mesma sequência de 9 gols em três jogos, sendo nenhum deles em Ruralito, no ano passado. E os mesmos 3×0, 3×1 e 3×2, em ordem diferente.

Que se mantenha assim. Mas sejamos justos, tanto nas críticas ao Renato quanto nos elogios ao Enderson. Não há necessidade nenhuma em seguir malhando o ex-treinador.

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