Grêmio Libertador

Tropeçou no ar: Grêmio 0 x 1 Cruzeiro

Foto: Lucas Uebel/Grêmio FBPA

Fato é que muitos de nós, a maioria de nós, a maioria absoluta de nós chegou a esta quarta-feira ainda pisando em nuvens. E ainda que de vez em quando olhássemos para baixo e víssemos a distância abissal entre as nuvens que nos servem de chão desde dezembro do ano passado e o chão real e duro lá embaixo… ainda que de vez em quando a vertigem nos acometesse por alguns segundos… bom, ainda assim, a vertigem é mais deliciosa que o nada e a luz do topo do mundo bem mais bonita que o canto escuro do “não vai dar”.

Mas agora estamos alguns fungando, outros abrindo a décima quinta cerveja, outros já rolando na cama tentando trocar a desilusão na cancha pela amargura geral com a vida ingrata. Porém, creio que ninguém aqui esteja disposto a baixar das nuvens assim, sem nem espernear.

Assim sendo, proponho que façamos o percurso desta partida contra o Cruzeiro ao contrário. Do fim para o começo, tentando encontrar onde foi que o Grêmio se embriagou a ponto de tropeçar no céu. E quando terminarmos, estaremos de novo onde temos de estar para seguir copando:

Os cruzeirenses comemoraram.

A bola chutada por Thiago Neves entrou.

Fábio defendeu com facilidade o pênalti que Luan bateu do mesmo jeito que no jogo contra o Corinthians.

Raniel converteu sua cobrança com chute do Manual de Como se Bater Pênaltis.

Arthur foi, como sempre, eficiente sem parecer fazer esforço.

Marcelo Grohe parou o chute de Murilo no canto que ele, Grohe, mandou bater.

O travessão balançou com a cobrança de Éverton.

Marcelo Grohe espalmou o chute de Robinho.

A trave direita impediu o gol de Edílson.

Sóbis converteu o pênalti para o qual tinha sido escalado.

Fernandinho converteu o pênalti para o qual tinha sido escalado.

O juiz apitou o fim do jogo, depois de o Grêmio mais uma vez tentar passar pela linha de 28 jogadores do Cruzeiro em frente à área.

Rafael Sóbis entra em campo para garantir a disputa de pênaltis, enquanto Bruno Rodrigo entra em campo para parecer que o Grêmio não ficaria com 10 jogadores em campo com a saída de Bressan, lesionado.

Fernandinho entra no lugar de Ramiro e ninguém entende mais nada, porque Edílson continua em campo e Ramiro treinou pênaltis.

Arrascaeta em campo deixa três marcadores pra trás na lateral direita e o risco do segundo gol aumenta.

Bressan cai com dores na coxa depois de cortar mais uma bola do ataque cruzeirense.

Barrios sai de campo com cara de “hein, como assim?” – a mesma cara de mais da metade da torcida tricolor ao ver seu melhor batedor de pênaltis ir embora para dar lugar ao menino bom de bola, mas menino Éverton.

O Cruzeiro pressiona bem mais que o Grêmio.

O jogo está indo para os pênaltis.

Hudson cabeceia livre, com Edílson admirando-o desde o chão, depois de um escanteio bem cobrado por Thiago Neves.

A defesa do Grêmio não encontra posicionamento com a nova formação dos mineiros: Kannemann tem de parar de sair para dar botes, deixando Bressan sozinho na função, enquanto nem Cortez e muito menos Edílson conseguem marcar a armação de jogadas.

Mano Menezes muda o Cruzeiro no intervalo e coloca um centroavante enfiado no meio dos zagueiros, obrigando o reposicionamento da defesa tricolor.

Na saída para o intervalo, a avaliação do primeiro tempo do Grêmio é boa: sem muita eficiência no ataque, mas administrando espaços e intensidade de jogo.

Barrios e Ramiro armam boas jogadas, enquanto Pedro Rocha e Luan continuam visados pela marcação cruzeirense. Arthur também tem pouco espaço pra jogar, sempre com alguém no calcanhar, e Michel não consegue ajudar.

Grohe defeeeeeeende cobrança de falta perigosa de Thiago Neves.

Alison aparece sozinho entre os zagueiros para cabecear, mas Marcelo Grohe defende.

Pedro Rocha consegue driblar um com jogo de corpo e outro com corte desconcertante, mas a jogada maravilhosa não dá em nada.

Cruzeiro tenta atacar, mas parece preocupado demais com o contra-ataque.

O jogo fica mais pegado. Ainda. Os tornozelos de Luan que o digam.

Luan deixa Barrios na cara do gol, Fábio cresce e defende.

Os times entram em campo.

A torcida tricolor teme a ausência de Pedro Geromel, mas a certeza de que Renato tem capacidade para treinar e acertar o time é maior.

O Grêmio flutua no ar. E nós com ele.

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