Grêmio Libertador

Uma banana pro preconceito.

A gente vive num mundo tão louco que as pessoas confundem preconceito com marketing.

E infelizmente, algumas dessas pessoas torcem pro Grêmio.

Não que seja um privilégio exclusivo nosso poder contar com racistas e homofóbicos na torcida. Este, já se provou, é um mal mundial e covarde que se esconde atrás do anonimato das massas e da paixão clubística pra estravasar o lado mais mesquinho, tacanho e hipócrita do ser humano.

Quando o ex-árbitro Márcio Chagas foi covardemente atacado em Bento Gonçalves e alguns gremistas conscientes levantaram a bandeira do fim dos cânticos racistas na Arena (e porque não no mundo inteiro), uma legião de comentários preconceituosos defendendo o preconceito, ou dizendo que aquilo não tinha nada a ver com o Grêmio, inundaram as nossas caixas de Spam.

“Este não é assunto nosso”. “Esta não é hora de abordar este assunto”. E o meu preferido: “Este assunto é ruim para a nossa torcida, com certeza vocês não são gremistas” são apenas alguns exemplos dos absurdos que eu tive que ler nos comentários aqui do blog.

Corta.

 

 

Há 3 dias atrás, o lateral brasileiro que joga no Barça, Daniel Alves, recebe insultos racistas no jogo contra o Villareal. Jogam uma banana no gramado. Ele a pega, descasca e come. Com o apoio do staff de publicitários que trabalham pra empresa Neymar Jr., a hashtag #todossomosmacacos ganha relevância mundial. Muitas celebridades entram na campanha. Mais importante: muitas pessoas comuns entram na campanha.

No lugar de todos pararem um pouquinho e analisarem o porquê deste enorme volume de pessoas que aderiram à causa, dedos foram apontados: ISSO É UMA JOGADA DE MARKETING, QUE ABSURDO!

Me desculpem, mas tem muita gente por aí sem ter mais nada pra fazer.

O que é mais importante? O “marketing” de alguém (Neymar) que já sofreu com o racismo, ou o sinal claro de que NINGUÉM AGUENTA MAIS O RACISMO NOS ESTÁDIOS?

 

Tempo pra pensar.

 

Corta de novo.

Nos Estados Unidos, em outra liga esportiva, a NBA (basquete profissional), uma gravação telefônica revela que o dono de um dos times, o LA Clippers, é flagrado ofendendo sua namorada com termos racistas. Sem perder tempo, o elemento foi BANIDO PARA O RESTO DA VIDA DA NBA. E ainda levou uma multa de 2,5 milhões de dólares e, provavelmente, vai ser obrigado a vender o time.

Importante salientar: ninguém defendeu o racismo, ou a pessoa do racista. Os fãs do Clippers não defenderam o imbecil. Nem o clube defendeu o imbecil: na mesma hora, o site do Clippers deixou clara a posição da instituição com a frase “We are one”. Todos somos um. Todos somos iguais. NINGUÉM PASSOU A MÃO NA CABEÇA DO RACISTA.

 

 

Eu vou repetir: um homem, por telefone, ofende de forma racista sua namorada. A conversa vêm a público e o elemento é banido de forma perpétua. O que isso significa?

Que no mundo atual, a tolerância com o racismo tem que ser zero.

 

Tempo pra pensar.

 

Corta de novo.

O tradicional cocô-irmão, novo locatário do Bergamotão, se orgulha de seu mascote: um macaquinho simpático que atende pela alcunha de ESCURINHO.

Como mascote, podemos notar que o Escurinho é uma ferramenta de marketing.

A mesma estratégia de marketing utilizada por Daniel Alves.

E este “golpe de marketing” foi criado porque, ao contrário do que muitos de nós querem e insistem em se enganar, como eu já tentei me enganar um dia, o apelido macaco não foi criado como homenagem aos torcedores colorados que assistiam os jogos das copas das árvores. Naquela época, todo mundo fazia isso em qualquer lugar do Brasil.

Também não foi porque eles vivem nos imitando. Fala a verdade, tu realmente não acredita nisso, né?

O termo macaco foi inventado para agredir os torcedores pobres e negros do time rival. Esta é a verdade.

Assim como é verdade que o Internacional não foi o primeiro clube a escalar jogadores negros. E foi o único clube a impedir os integrantes da Liga dos Canelas Pretas de ingressar no futebol “profissional”. Sim, eu sei que este foi o motivo do fanatismo do maravilhoso Lupicinio. E, claro, como podemos esquecer que a estrela da nossa bandeira é em homenagem a um negro???

Desculpas não justificam erros.

E a verdade é que o termo macaco, e qualquer forma de racismo e homofobia, estão com os dias contados.

O mesmo “golpe de marketing” usado pela equipe do Neymar já foi usado há muito tempo pela torcida dos amargos.

Então fica a pergunta: se este termo não os ofende mais, mas coloca em risco o futuro do nosso Grêmio, do que adianta persistir com o erro?

 

Tempo pra pensar.

 

 

Quem se adaptar primeiro aos novos tempos ganha.

E eu, como gremista, gosto de ganhar sempre. E você?

 

 

 

 

Comparilhe isso: