Uma breve história das direções de futebol

1 Postado por - 10 de maio de 2016 - Artigos

A ideia de ter alguém remunerado para montar elencos é bastante recente. A reforma do estatuto do clube, em 2003, foi onde ela surgiu. Porém, na prática, só tivemos isso realmente consolidado e implementado quando caímos de divisão. Em 2005 essa figura surgiu no Grêmio e vem, nos últimos tempos, se tornando uma das principais dentro da estrutura. O próprio cargo de Vice de Futebol vem e vai nesse período. E a memória que trai é uma arma forte no momento das especulações. Assim decidi desenterrar todas as contratações do Grêmio desde aquele período e mostrar aqui pra compararmos.

Diretores na ordem: Mário Sérgio, Pelaipe, Rodrigo Caetano, Mauro Galvão e Cícero Souza

Diretores na ordem: Mário Sérgio, Pelaipe, Rodrigo Caetano, Mauro Galvão e Cícero Souza

O primeiro diretor executivo de futebol remunerado para tanto foi o Mário Sérgio. Eu já fiz um detalhamento sobre as suas contratações quando escrevi a série contos da carochinha (o 2 e o 3; o 1 e o 4 falam do Odono e do Pelaipe). Em resumo, foram 34 contratados em um período de menos de um ano. Do time que entrou em campo nos Aflitos, porém, temos bem a ideia da sua contribuição naquele ano: Galatto veio da base; Patrício, Domingos, Pereira e Escalona foram trazidos por ele; Nunes veio da base, Sandro Goiano, Marcel e Marcelo Oliveira, obra do Mário Sérgio. Na minha avaliação, 8 jogadores foram boas contratações.

Todos os contratados desde 2005. Clique para ampliar.

Todos os contratados desde 2005. Em verde as contratações boas, em amarelo as com algum porém e as em roxo são as fiasquentas. Clique para ampliar.

Quando ele saiu, depois da derrota contra a Anapolina, Pelaipe assumiu a função de ASSESSOR de futebol não remunerado (ao menos é o que oficialmente se dizia). Ainda na série B, junto com Renato Moreira, trouxe dois titulares dos Aflitos (Ricardinho e Lipatin) além do Beausejour, por DVD. Essa dobradinha ainda ficou junto por um período em 2006, até o título do Ruralito. Depois, Pelaipe assumiu sozinho o time até agosto de 2007. No período foram  33 contratações, sendo que 9 delas eu considerei boas e três com ressalvas. O fim da temporada foi melancólico. Pelaipe disse que não queria mais trabalhar de graça no Grêmio e Mano Menezes foi levado para o Corinthians.

Ainda em setembro de 2007, Rodrigo Caetano mudava de função indo para a direção executiva, ainda com o Pelaipe de assessor. O período rendeu ainda sete contratações. Não dá pra saber aqui até que ponto o trabalho é independente, dos dois ou de um só. Apenas parece improvável que o Pelaipe não tenha autorizado todas essas contratações. Ou seja, o período conta pra ele também, de qualquer forma. Apenas uma delas foi boa (porém espetacular para o futuro): Jonas. Assim, podemos considerar que a primeira passagem do Pelaipe rendeu 13 nomes aproveitáveis em 40, ou seja, 33%.

A partir de janeiro de 2008 até o final do ano, Rodrigo Caetano partiu para o seu voo solo. Foram 19 contratações para montar o time que acabaria como vice campeão. Com um ataque péssimo, ao menos fomos bem na defesa e Victor foi o cara, juntamente com Réver. São 4 boas contratações no período. No final do ano, uma proposta vantajosa do Vasco levou o executivo ao Rio de Janeiro. Desde aquela época, nunca mais saiu da cidade. Somando a parceria com o Pelaipe e seu voo solo, considerando as contratações com observação, dá um total de 7 e 27% de aproveitamento.

Mauro Galvão foi o nome para substituir o jovem promissor em 2009. Pela primeira vez um executivo de futebol era escolhido por alguém que não era o Odone. Duda Kroeff escolheu o zagueiro símbolo do título de 2001 para tentar levar o time ao título da Libertadores daquele ano. Com o time vice-campeão como base, o zagueiro reforçou o ataque, mas não teve sucesso. Dos 16 nomes contratados, apenas Mário Fernandes e Fábio Rochemback realmente contribuíram com o clube. Somando aos dois nomes que, com muito boa vontade, podem ser considerados com algumas ressalvas, dá um percentual de 25%.

Em novembro do mesmo ano, Galvão deu lugar ao Cícero Souza. Foi o Cícero o responsável pela montagem do último time que vestiu uma faixa de campeão de qualquer coisa pelo Grêmio – juntamente com o Guerra de Vice Presidente de Futebol. E foi um dos mais longevos na função, sendo demitido apenas depois que trocou a presidência para o retorno do Odono, em junho de 2011. No período foram 26 jogadores contratados, sendo que considero boas contratações oito deles. Somando dois razoáveis, dá um aproveitamento de 38%.

Outro de vida curta foi Alexandre Faria, contratado em junho de 2011. Não contratou ninguém e foi defenestrado junto com o pobre do Julinho Camargo para que o onipotente pudesse trazer novamente o seu amigão. Em agosto de 2011, retornava Paulo Pelaipe (pra infelicidade geral). Em dois anos de carreira solo e recebendo para isso, como queria desde 2008, foi responsável por uma lista de jogadores que nos dão dores de cabeça até hoje. Foram 23 nomes, sendo que apenas 3 podem ser considerados bons. Em compensação, 10 são, definitivamente, o oposto. Juntando os razoáveis, dá um aproveitamento de 22%.

O que podemos concluir com isso? Nunca tivemos alguém realmente eficiente na função. Os melhores números são do Cícero Souza, mesmo precisando engolir o Odono boicotando ele em 2011 – foram poucos nomes para quase três anos e o melhor percentual de acertos, o que significa que rendeu mais com valores mais baixos. Pelaipe é o que mais trouxe jogadores péssimos pro Grêmio (12/40, ou 30%  na primeira passagem e 10/23, ou 43% na segunda) – e isso que eu fui bonzinho. Mas a pior parte de tudo é que ele é o cara que mais causou problemas de relacionamento com os jogadores – com prejuízos sérios ao Grêmio. Seja na sua primeira passagem, seja na segunda. Ainda falta fazer um levantamento em reais dessas desgraças todas, mas analisar esses nomes foi um filme de terror.

Depois de todo esse levantamento, e somando com a atuação do Rui Costa, acho que apenas uma coisa é certa: chega de insistir nos mesmos nomes. Precisamos fazer algo diferente. E, principalmente, com alguém DE FORA DA PANELA, com visão moderna de administração de futebol. Tem vice de futebol para encarar a tarefa política. É necessário que o Grêmio tenha uma diretriz clara e um perfil de contratações. E o diretor executivo precisa fazer exatamente isso: executar esse plano, independente de presidência.

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21 + comentários

  • celso pires 10 de maio de 2016 - 17:57 Responder

    acho euna minha ideia o time que quer se manter entre os que se disem grandes .primeiro de tudo tenque ter base porque a queles bagual de 18 19 20 anos treinamodia todo vao pro banco e nao se a proveita nada do que se tem eu lembro guando veio a quele treinador oooo autuori ele tim projetos de a proveita a base o gremio parece que tem medo de faser isso e um ou outro garoto que sai da base pra jogar bola .um esemplo e o marcelo oliveira parece que ta morto em campo ponhe o marcelo ermes mas tenque dar continuidade nao por um jogo cada 6 meses ?

  • Mano 10 de maio de 2016 - 18:36 Responder

    Que frustração com esse time. É pra esse tipo de lixo relatado acima que a gente deixa nosso dinheiro. E os caras no vestiário tão cagando pra isso. Somos todos um bando de otários.

  • Eduardo Schwede 10 de maio de 2016 - 21:27 Responder

    Fabio Bala, Lipatin, Bustos, Hidalgo, Makelele…. Não dá pra acreditar que tivemos essas coisas vestindo nosso manto…

    • Fagner 11 de maio de 2016 - 00:07 Responder

      Não dá mesmo. Fiz a varredura de uma década e temos uma média de 16 nomes contratados por ano (tirando o caos da Série B). Isso é absurdamente alto. Mas tem gente que prefere dizer que é texto de blogueiro ou apoio incondicional de torcedor que leva o time a ficar 15 anos sem títulos.

      Saludos,
      Fagner

  • Márcio 11 de maio de 2016 - 09:16 Responder

    Oi, e os nomes em branco na planilha?

    • Fagner 11 de maio de 2016 - 14:27 Responder

      Usei o mesmo critério da avaliação que fiz do Rui Costa (http://www.gremiolibertador.com/autopsia-do-rui-costa/), esqueci de especificar: os brancos são jogadores que não foram mal mas também não foram bem. Jogadores que geralmente podiam ser preteridos em nome de atletas da base com potencial parecido. Um desperdício de dinheiro, na minha opinião.

      Saludos,
      Fagner

  • Anderson Aguzzoli 11 de maio de 2016 - 11:14 Responder

    Bah excelente tua postagem… Apesar de lamentável constatação … Dá até pena de nós mesmos… Como será o desempenho destes “executivos” em outros clubes? Pior q n acredito q mto melhor n.

  • Agenda Negativa 11 de maio de 2016 - 11:19 Responder

    Excelente post, parabéns !

    E concordo com tudo.

  • Augusto - REDAÇÃO TRICOLOR 11 de maio de 2016 - 12:01 Responder

    É de chorar. De raiva, vergonha, indignação!!
    Odono e Pelaipe ferraram a instituição, o nome e todo o patrimônio do Grêmio!
    Só espero que agora não caiam na tentação do fisiologismo e populismo BARATO. Trazer Renato Portalupi ( ÍDOLO ETERNO ), é jogar pra torcida e nos levar em mais uma aventura de desfecho desastroso.
    Espero, sinceramente, que façamos alterações no vestiário, porém, que preservemos o técnico que já mostrou conhecimento, como também já demonstrou carências e deficiências, mas que podem ser corrigidas com um vice de futebol forte, atuante e entendido de futebol!
    Augusto – REDAÇÃO TRICOLOR

    • Fagner 11 de maio de 2016 - 14:30 Responder

      Também apoio que o Roger permaneça. Mas se ele sair (repito, não vejo motivo algum pra isso) Renato é o meu ficha 1. Porque fez chover em 2010 e 2013 com peças que não estavam dando certo com outros treinadores. Principalmente na última passagem, o cara reinventava o Grêmio a cada 7-8 jogos. Pra mim, ficava no clube eternamente só mudando o auxiliar técnico – jovens promessas no perfil do Roger.

      Saludos,
      Fagner

  • Romulo 11 de maio de 2016 - 14:29 Responder

    Parabens pela analise.

  • Fabio 11 de maio de 2016 - 14:36 Responder

    olha, uma criança de 10 anos, faria no min igual…..mas o que é isso, vão olhar mais futebol, pesquisar…..não entendem nada. O que fazem esses caras????? ir pra uma libertadores com bressan, fred, sem laterais,..queriam chegar onde??? que palhaçada, que falta de profissionalismo, de planejamento….todo ano igual, e ja adianto, nao quero vaga de nada….QUERO TITULO….pode ser copa do brasil, sul americana…mas vaga pelo brasileiro vou torcer contra….vaga pra que???? ir ate as oitavas de novo, com o bressan na zaga????…..chega. Diretores do Gremio, tenham humildade pra dizer: vamos tentar ganhar um gauchao, copa do brasil, ou sul americana, pois isso, temos alguma chance, e parem de sonhar com libertadores, brasileiro. Deem um passo atras pra poder la na frente sonhar com algo maior…..HUMILDADE…ta faltando a anos pra esses dirigentes que me dão nojo.

  • Fabio 11 de maio de 2016 - 14:43 Responder

    …..porque somos imortais, somos coperos, somos o gremio, …CHEGA…CALEM A BOCA E TRABALHEM MAIS…..analisem os ultimos anos, não esta na hora de admitir que não somos mais um time temido, copero, e que metia medo em qualquer um que descesse no salgado filho???? A realidade é cruel, mas hoje somos no nível médio…e time medio tem que ganhar algo mediano, sonhar com o possivel, ..esqueçam libertadores e brasileiro, não é pra nós no momento…..vamos focar com tudo em competiçoes menores, e vamos ganhar uma, e depois outra e depois sim…voltaremos a ser o Gremio que eu via no olimpico , que metia medo, que dava gosto de ver. Isso se chama planejamento, …coisa que a muito tempo nao tem no Gremio…todo ano se matam pra fazer time, trazem cacos ganhando fortunas, ou dispensam bons jogadores por merrecas, e entram na libertadores, sonhando com a camisa, imortalidade, essas baboseiras todas…..e o resultado…..cai nas oitavas pra qualquer time…..parem um pouco e repensem….o modo de pensar futebol precisa ser mudado.

  • Rafael 11 de maio de 2016 - 16:38 Responder

    Boa análise.

  • Gustavo 11 de maio de 2016 - 17:39 Responder

    E o Lipatin? rsrs.

  • Luiz Martini 12 de maio de 2016 - 00:51 Responder

    Bom levantamento.
    E esse tipo de abordagem tinha que ser completado com o CUSTO dessas contratações absurdas.
    É muito erro, ninguém pode ser tão incompetente, dá para suspeitar que tem algo mai$, se é que entendem.

    Do novo Vice e o resto do pessoal do futebol que agora assume, só quero uma coisa, neste momento.
    HONESTIDADE.
    Aí se minimizam os “erros”…

  • Eduardo Freitas 12 de maio de 2016 - 09:38 Responder

    Vendo essa lista concluo que no passado os jogadores tinham pelo menos vontade.
    Vide os nomes de 2007 e 2008.
    Impossível não ter chegado à final da LA de 2007 e ao vice de do BR de 2008 única e exclusivamente por VONTADE de vencer dos jogadores. Qualidade era muito pouca.
    Hoje temos um time com maior qualidade mas sem NENHUMA VONTADE de vencer.
    Talvez tínhamos homens, hoje temos guris que não se importam em vencer, mas sim em fazer a próxima tatuagem.

  • Daniel 13 de maio de 2016 - 20:03 Responder

    Coloca na conta, não sei de quem o Edilson… Mais uma vez, passagem mediocre e recontratado… Contrato de três anos! Estão brincando com a torcida do Grêmio… É uma sujeira, uma podridão e cada um que entra acerta com seus bruxos..

  • Rodrigo 15 de maio de 2016 - 10:43 Responder

    Só discordo em 2010 do Leandro, o nome está em branco, deveria ter uma cor somente pra ele, pois foi a pior contratação do século. Cachaceiro ganhando horrores….

  • juarez004 16 de maio de 2016 - 08:15 Responder

    Bom dia Fagner, excelente pesquisa. São esses trabalhos que encorpam qualquer análise para elevar o qualidade do time. Parabéns!
    Ressalto tua referência em buscar fora do Clube o Executivo. Ele precisa ser experiente, ser vencedor e conquistado títulos relevantes. Não basta ser queridinho do presidente ou do diretor de futebol. Tem de ser profissional! É preciso sair das panelinhas do Clube onde o constrangimento acaba por manter ineficientes nos cargos, geralmente gastadores, que acabam se perpetuando. É aquela “lei” da administração que diz mais ou menos assim: “não contrate que vc não vai poder demitir”! Grande abraço

  • Gabriel 16 de maio de 2016 - 11:03 Responder

    Acho que é perspectiva de ver os números como colocaste, mas no meu entender pra saber a real eficiência de fato, acho que é necessário também ver os custos de cada contratação, tanto salários como o custo para trazer o jogador. Desse modo, contratação ruim é aquela em que se gastou muito dinheiro em um cara que não fez o que se esperava dele. Kleber Gladiador é o melhor exemplo que podemos ter neste momento, apesar de ter feito alguns gols enquanto esteve bem. Trazer um cara de um time pequeno ou que estava encostado por um baixo custo não necessariamente que tenha sido uma contratação ruim. Foi uma aposta que poderia dar certo como em vários casos deu certo, como poderia dar errado. Basta lembrarmos que Paulo Nunes veio como um contra-peso em uma negociação com o Flamengo.. Quem diria quando o Grêmio anunciou Geromel por empréstimo que estávamos contratando um dos melhores zagueiros dos últimos tempos a jogar na nossa zaga?! Acho que é aí que vemos o bom dirigente.. apostar em quem não é consagrado.

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