Unanimidade na diversidade: Grêmio 5 x 1 Santos – Brasileirão 2018

0 Postado por - 7 de maio de 2018 - Artigos

Há um problema nesta mais uma partida estonteante do Grêmio, desta vez sobre o Santos no Brasileirão: a unanimidade.

Não que ela não seja bem vinda como uma reparação histórica pelo que este clube já fez em sua história sem nunca ter sido honesta e justamente reconhecido como o melhor futebol do Brasil antes (era “brigador”, era “raçudo”, mas nunca “futebol”).

E tampouco poderia a unanimidade deixar de ser declarada por razões lógicas. Afinal, quem não reconhecer nos placares e scouts e mapas de calor e — carajos! — no jogo jogado na frente dos nossos olhos a eficiente beleza deste Grêmio desde 2016, é favor marcar uma consulta médica.

O problema das unanimidades é o poder uniformizante delas, o que no caso do Grêmio pode mascarar um traço central da sua organização: a diversidade.

Foi esta a chave da goleada desta noite de domingo e, ouso dizer, a chave dos sucessos já alcançados e os que ainda estão por vir.

O Grêmio hoje foi diverso na forma de fazer gols: um de fora da área com Maicon (e não um qualquer!); um de cruzamento do Léo Moura para jogada individual dentro da área de Éverton; um de bola parada; um de centroavante e mais um de fora da área, só quem com Arthur.

Maicon, o homem unanimidade de hoje. (Foto: Lucas Uebel/Grêmio FBPA)

Foi diverso também na disposição dos jogadores em campo. Éverton jogou a maior parte do tempo na direita, enquanto Ramiro ficou na esquerda e mais recuado que o comum. Isso fez com que Léo Moura, o inoxidável, aparecesse muito mais no apoio hoje do que Bruno Cortez, mas tirou a efetividade de Éverton – que ele só encontrou, vejam bem, quando variou o posicionamento e apareceu na grande área vindo da diagonal esquerda.

Teve diversidade na escalação sem aparente necessidade: André no lugar de Jael. E durante o jogo, as trocas também não foram as de sempre. Léo Moura permaneceu até praticamente o final. Trocou-se centroavante por centroavante com placar elástico no telão.

Teve até diversidade na cobrança de faltas. Teve Maicon, Luan e Arthur chutando.

O que parece que está acontecendo, ao contrário do que a unanimidade do melhor futebol do Brasil pode parecer querer dizer, é que o Grêmio NÃO TEM um time. O GRÊMIO É um time.

E vem sendo bem antes desta goleada contra o Santos.

Façam o exercício de, por exemplo, assistir um compacto de todos os gols do Grêmio campeão da Libertadores. Verão que foram tantas escalações, tantos esquemas táticos, tanta gente variando de função, que talvez ninguém consiga mais dizer que tínhamos um “time titular” campeão continental.

Mas se não tiverem tempo pra isso, apenas fechem os olhos e pensem: em novembro, dezembro do ano passado, quando Jaílson e Michel mandavam na frente da área do Grêmio para liberar Arthur na posição de articulador, seria possível imaginar que hoje estaríamos batendo palmas até agora para Maicon como ARTICULADOR, GOLEADOR e até possível FUTURO TREINADOR?

O fato de o Grêmio trocar a escalação titular sem a gente nem perceber, mudar o posicionamento dos jogadores durante o jogo e – inclusive e principalmente – nos dar um “melhor jogador” por semana é a prova de que o Grêmio é um time porque é vários.

Enquanto for assim, não vai ter jeito: vamos unanimemente passar por cima.

p.s.: Teve até um gol do Santos, pondo fim à não vazabilidade do Grohe. Mas talvez tenha sido só pra diversificar o placar.

p.s. 2: Assiste de novo o primeiro gol do Maicon.

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