Este é um espaço sabidamente gremista. Todos os leitores que temos sempre esperam ver coisas sobre o nosso tricolor relacionadas diretamente com o futebol e com a forma de gerenciar o Grêmio. Porém, temos que abrir esse espaço a um serviço de utilidade pública. Uma fonte muito bem informada na Polícia Federal, que pediu para não ser identificada, nos forneceu uma gravação da conversa entre um famoso presidente de um clube da nossa capital e o chefe de esportes de um grupo de comunicação impressa da mesma cidade. Não podemos citar os nomes, mas o clube reivindica para si o monopólio da representação futebolística das classes menos favorecidas e o jornal tem a nota que se pode atribuir ao seu jornalismo compondo o seu nome. Para seguir o pedido da fonte, indicaremos as partes como CLUBE e JORNAL, apenas.
CLUBE: Alô, é do JORNAL?
JORNAL: Alô! Ah, é você presidente! Que saudade. Como vão as coisas?
CLUBE: Péssimas. Os caras de lá ainda não caíram e nós precisamos dos serviços de vocês.
JORNAL: Deixa pra nós. Já arrumei a matéria para segunda: “Sem vencer os reservas do Corinthians, Titulares do Grêmio se preparam para a sua parada mais difícil”.
CLUBE: E se eles vencerem?
JORNAL: Que que é isso, meu presidente (toc, toc, toc) já preparamos até as notas dos jogadores do pós-jogo. Se der problema, dizemos que o Corínthians veio com os reservas mesmo, querendo perder. O importante é marcar que o próximo jogo é o primeiro teste do Grêmio.
CLUBE: Mas não era o Bahia?
JORNAL: Não, senhor presidente, eles ganharam as duas. Então não o próximo é o mais difícil.
CLUBE: Ah, tá, como foram o Ipatinga e o Ríver?
JORNAL: Exatamente.
CLUBE: Ou seja, da mesma forma, eles vão enfrentar um adversário mais forte e vencem de novo. Vocês vão parar só quando eles enfrentarem o Barcelona?
JORNAL: Não, senhor presidente, apenas vocês podem enfrentar esse time de igual para defesa.
CLUBE: Muito bem, gostei do que ouvi. Vai ter um espeto de picanha pra ti na segunda. Mas o problema ainda tá aí. Quem sabe vocês não mudam o disco?
JORNAL: Como assim, senhor presidente?
CLUBE: Oras, inventem outra coisa! O Palmeiras não tá mal das pernas?
JORNAL: Estão nas semi-finais da Copa do Brasil. O Corínthians também está se dedicando só à Libertadores e…
CLUBE: Tá me tirando?
JORNAL: Não, senhor presidente, é que eu…
CLUBE: Tu nada. Se eu fosse depender do que tu acha, tava ferrado. Vai lá e diz que o Palmeiras é a maior barbada e que eles tem que golear em casa por obrigação. Aí depois eu mando uma carta para o Felipão mostrando o que estão falando do time dele. Ele vai incendiar aquele time.
JORNAL: Fantástico! Incrível! Quanta sabedoria, senhor presidente! E se eles fizerem um honroso 0x0 e levarem a vantagem para São Paulo?
CLUBE: Que vantagem?
JORNAL: O incrível empate sem gols! Tu me falou que esse era um ótimo resultado porque dava vantagem para o segundo jogo e…
CLUBE: Bem capaz! É um resultado pífio!
JORNAL: Como o senhor, presidente… (silêncio)… desculpe, tive que falar com o [Censurado, mas é aquele que reina] sobre a pauta do programa que já tá começando… como dizia, como o senhor, presidente, disse quando conseguiram esse honroso resultado contra o Fluminense.
CLUBE: Mas o Fluminense é uma equipe fortíssima! Inclusive, não esquece de enaltecer o empate que combinei com o treinador. Vamos entrar fechados e botar a culpa nos desfalques.
JORNAL: Pode deixar, meu presidente. Quer mais uma notinha sobre a melhor reforma do mundo?
CLUBE: Não, deixa isso quieto. Nosso trabalho tá com problema de novo. Mas, não esquece, notícia isso só daqui a dois meses, viu?
JORNAL: Pode deixar. De qualquer modo, vou “arrumar” alguma indisciplina no ataque do Grêmio pra essa semana. Sempre ajuda. Ah, e manda um abraço pro meu Paco. Diz que nos falamos no churrasco, segunda.
CLUBE: Putz… essa de Paco nem pra ti bem fica…
Os nomes foram preservados, mas a conversa foi literalmente transcrita das fitas da PF.
