Grêmio Libertador

A culpa é do Roger

Não deu. Foto do Lucas Uebel/Grêmio Oficial (via Flickr)

Um time em formação precisa entender os motivos da derrota e da vitória. E hoje não saímos do jogo com a classificação simplesmente porque faltou eficiência ofensiva. E faltou, fundamentalmente, as peças funcionarem

A culpa é do Roger. Ninguém pode negar isso. Mas não se pode criar um problema em cima disso. É a sua primeira temporada em um time grande. É a sua terceira como treinador principal. Cada ano traz um aprendizado e o nosso treinador está pagando o preço dessa inexperiência. O normal na curva de aprendizado são esses episódios. “Tah, mas o filho do Nelsinho também é pouco experiente como treinador principal. E aí? Como fica a tua teoria?”. Bem, o que decidiu o jogo foi uma aposta. Ambos foram ALL IN com as suas convicções. A deles deu o resultado melhor. Levaram tudo.

É inegável que o Grêmio é muito melhor que o Fluminense. Mas a gente não fez gol fora. Assim, isso habilitou o treinador deles a propor um não-jogo. Uma linha fixa de 4, Pierre na frente da zaga, Cícero mais avançado para puxar, dois meias avançados e um pescador. E TOME BOLA PRA ÁREA. Era o que qualquer pessoa em sã consciência faria. Deixa pro Fred resolver. Pra defender, no primeiro tempo, 4-2-3-1, com as duas linhas da defesa BEM juntas, usando a velocidade dos volantes deles e a cobertura do improvisado pra pegar o nosso ponta.

O Grêmio foi com o Pedro Rocha pra dar amplitude e segurar um lateral (no caso, um volante, que foi escalado pensando nisso). Sumiu. Não conseguiu nenhuma vitória pessoal, tentou mudar de posição e não jogou, já que sempre acompanhado. Aí o sistema não funcionou. Galhardo apoiou o que deu, mas o Douglas ficou isolado no meio de duas linhas. Não era jogo pra ele. Quase fizemos um gol com o Erazo (a bola foi na trave) mas tomamos o gol justo na única aposta do treinador deles, a cabeça do Fred (em mais uma bola em que o nosso lateral esquerdo deixou cruzar). Ainda antes do final, Cavalieri evitou o gol do mesmo zagueiro, com muito reflexo.

Fomos pro intervalo e eu pensando: como é que se vira isso? Pensei em colocar um cara mais fixo no meio dos zagueiros, pra atrapalhar a marcação por zona que fizeram (menos no Pedro, que ficou com individual). Roger também. Quem tirar? Era pra ser o Edinho, já que não havia, mais uma vez, transição deles no meio e dois volantes era inútil. Mas as decisões do juiz começaram a pesar: Wallace tomou amarelo num lance onde NÃO houve agressão. Teve que sair, porque os contragolpes que poderiam vir o tirariam do jogo fatalmente.

Aí houve um problema: as linhas seguiram conseguindo avançar e encolher o nosso campo porque o Pedro não conseguia puxar. E aí entrou o Fernandinho, no lugar de quem não estava mais adiantando: Douglas. Tivemos, aí sim, a profundidade e passamos a manter o Fluminense longe da nossa goleira. Mas ainda faltava algo para desestabilizar a defesa: alguém precisava ameaçar por dentro das linhas, chamando a marcação na zona e liberando o Bobô. Entrou o Maxi, que era perfeito pra isso.

Aí virou ataque contra defesa. E em uma bola rápida, enfiada do Edinho, desvio e arremate preciso do Bobô. Empate e faltava um. Tivemos chance de cabeça, com Erazo, com Thiere, mas não conseguimos fazer o gol. Dos 40 até os 50, praticamente, não houve jogo. Só cera. Um juiz que não viu um toque de mão do zagueiro no carrinho em cima do Giuliano não veria nada de mal nisso. Deu uns cartões, deixou comerem o tempo e terminou o jogo antes do tempo que disse que daria.

E é por isso que comecei falando: a culpa foi do treinador. Fez a aposta de não forçar o jogo no Rio (no segundo tempo foi claro) pra não cansar o time e não priorizar campeonato, sendo que o Brasileirão só com algum milagre. Funcionou no jogo contra o Avaí. Não funcionou quando deveria – nesta quarta. Também fez a aposta de colocar o Pedro Rocha na base da confiança – no futebol, pra posição, é terceira opção, atrás do Fernandinho e do Everton. E também não funcionou. Ele fez o que considerava certo, mas não foi suficiente. Não é culpa dele que estamos há tanto tempo sem títulos.

Agora é aquele péssimo exercício de levantar a cabeça, não baixar a guarda e seguir até o final do campeonato. Aquele que resta.

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