Grêmio Libertador

A volta dos que não foram

Parece que foi ontem que o Grêmio saiu para a parada da Copa, com um lerdo 0x0 contra o Palmeiras. Pra mim e para o time. Quando paramos para essa saudável época de estudos, testes e reforços já parecia meio consenso que não tínhamos problemas defensivos. A grande questão era como fazer o Grêmio fazer gols. Aí vieram as contratações: um lateral com fama de goleador, um meia que era amuleto no Inter pelos gols decisivos, um volante (???) em troca de um atacante em má fase e, finalmente, um atacante que não é conhecido por fazer muitos gols (e aparentando estar bem acima do peso).

Pois bem. Onde é que o time apresentou as maiores novidades hoje? Na defesa. Saiu o que considero o nosso pior zagueiro e entrou mais um zagueiro na lateral esquerda (no lugar do “verde” – segundo o Enderson – Breno, tendo o Marquinhos lesionado). Do meio pra frente, só a presença do Giuliano no lugar do Dudu, justamente o nosso cara mais agudo (embora não fazedor de gols). O resultado foi um 4-2-3-1 bem estático. O Goiás veio com um 4-1-4-1, que virava 5-4-1 quando defendia, três zagueiros (um deles, por incrível que pareça, no mesmo lado que o nosso). A ideia era clara: defender e ligar direto com o atacante deles. Tivemos o controle do jogo, mas não conseguimos marcar. Levamos mais perigo em bolas de fora da área por que atacávamos de duas maneiras: ou com o Barcos enfiado com a bola e uma linha com os três meias atrás dele, ou um dos meias partindo pra cima da defesa com a bola e os outros entrando com eles E o Barcos como opções para um cruzamento (????), todos marcados. Aí, sobrava cortar e chutar. O lance da bola de cobertura do Luan mostra bem isso; contrataque puxado com o Barcos, ele tem que passar pra trás, o Luan tem opção de passar para dois meias que estão AO SEU LADO e resolve chutar. Ah, sem esquecer: o Barcos criou umas três oportunidades de gol praticamente sozinho, em vitória pessoal sobre o zagueiro. Mais uma boa partida dele. Faltou o mesmo de sempre: fazer gol.

Ramiro ocupando o espaço do Ruiz na melhor jogada do Grêmio. Foto: Lucas Uebel (Grêmio Oficial – via Flickr)

No segundo tempo, o técnico do Goiás se deu conta da tendência do Saimon de fechar com os dois zagueiros. Aí colocou outro atacante espetado e o time no 5-3-2 quando defendia. Aí, com a posse de bola, os jogadores do Grêmio começaram a perceber os espaços melhor e o ataque funcionou melhor. O Ruiz ficou mais centralizado, Giuliano e Luan se aproximaram do Barcos gerando um contra um na linha de defesa. Aí tivemos bom volume ofensivo e a melhor jogada do jogo: em uma afastada de bola, Ramiro apareceu no espaço do Ruiz que se enfiou entre os zagueiros como opção de passe; mas o volante meteu no Giuliano, gerando a abertura que faltava. Um toque de cabeça dele deixou o argentino em boa posição, mas a velocidade da bola favoreceu o deslocamento da cobertura e o chute acabou tendo que ser precipitado e fraco. Pra mim, era questão de tempo para o gol acontecer.

Porém, aos doze minutos, o Enderson resolveu que não tava legal e colocou o Dudu. Eu concordo: um jogador mais agudo abriria mais espaço na defesa lenta do Goiás, ainda mais com três zagueiros jogando com um lateral apoiador. Mas tirar o Ramiro e colocar o time no 4-1-3-2* acabou isolando mais ainda o Barcos, que já não participava do jogo. Ainda mais com a entrada de um quarto zagueiro na defesa. Embora o nosso sete sempre ganhasse do seu marcador, a jogada era sempre a mesma: corre pra ponta direita e cruza pra três zagueiros contra um atacante. A mudança de peças ali (Coelho por Barcos) não mudou nada. Perdemos a posse de bola e ficamos mais longe do gol.

A entrada do Zé Roberto pra fazer um 4-4-2 losango veio só para reequilibrar o jogo, já que perdemos o meio com um volante só – Riveros era puxado constantemente pra cobrir a subida do Saimon, que, bem, não sabia o que fazer (o que era natural). Com o Dudu grudado na ponta direita, o Pará não tinha pra onde subir. Só reforçando o lado esquerdo pra diminuir os furos. E aí foi o boi com a corda. Só assustamos os goianos num lance DE FORA DA ÁREA do Lucas Coelho.

Dá pra melhorar? Dá. Precisamos voltar a fazer o fácil: deixa a defesa pra lá e acerta o ataque. Bota os caras pra jogarem como PONTAS (tanto Luan quanto Giuliano, ou bota o Dudu de uma vez), pra entrarem na área quando o Barcos sai, pra que tenha gente pra fazer gol. Perdemos quatro pontos em casa. Pensar em vaga na LA, com a bola de hoje, é pedir demais.

* A ideia aqui, como lembrou o Alemão Pizoni no Twitter, era colocar o time um 4-1-4-1, como ele já tinha treinado na semana. Eu coloquei dessa forma porque considerei a linha de quatro do meio tão torta, com o Dudu sempre alinhado com o Barcos quando não estava com a bola, que só podia ser outro esquema.

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