A volta dos que não foram

2 Postado por - 16 de julho de 2014 - Artigos

Parece que foi ontem que o Grêmio saiu para a parada da Copa, com um lerdo 0x0 contra o Palmeiras. Pra mim e para o time. Quando paramos para essa saudável época de estudos, testes e reforços já parecia meio consenso que não tínhamos problemas defensivos. A grande questão era como fazer o Grêmio fazer gols. Aí vieram as contratações: um lateral com fama de goleador, um meia que era amuleto no Inter pelos gols decisivos, um volante (???) em troca de um atacante em má fase e, finalmente, um atacante que não é conhecido por fazer muitos gols (e aparentando estar bem acima do peso).

Pois bem. Onde é que o time apresentou as maiores novidades hoje? Na defesa. Saiu o que considero o nosso pior zagueiro e entrou mais um zagueiro na lateral esquerda (no lugar do “verde” – segundo o Enderson – Breno, tendo o Marquinhos lesionado). Do meio pra frente, só a presença do Giuliano no lugar do Dudu, justamente o nosso cara mais agudo (embora não fazedor de gols). O resultado foi um 4-2-3-1 bem estático. O Goiás veio com um 4-1-4-1, que virava 5-4-1 quando defendia, três zagueiros (um deles, por incrível que pareça, no mesmo lado que o nosso). A ideia era clara: defender e ligar direto com o atacante deles. Tivemos o controle do jogo, mas não conseguimos marcar. Levamos mais perigo em bolas de fora da área por que atacávamos de duas maneiras: ou com o Barcos enfiado com a bola e uma linha com os três meias atrás dele, ou um dos meias partindo pra cima da defesa com a bola e os outros entrando com eles E o Barcos como opções para um cruzamento (????), todos marcados. Aí, sobrava cortar e chutar. O lance da bola de cobertura do Luan mostra bem isso; contrataque puxado com o Barcos, ele tem que passar pra trás, o Luan tem opção de passar para dois meias que estão AO SEU LADO e resolve chutar. Ah, sem esquecer: o Barcos criou umas três oportunidades de gol praticamente sozinho, em vitória pessoal sobre o zagueiro. Mais uma boa partida dele. Faltou o mesmo de sempre: fazer gol.

Ramiro ocupando o espaço do Ruiz na melhor jogada do Grêmio. Foto: Lucas Uebel (Grêmio Oficial - via Flickr)

Ramiro ocupando o espaço do Ruiz na melhor jogada do Grêmio. Foto: Lucas Uebel (Grêmio Oficial – via Flickr)

No segundo tempo, o técnico do Goiás se deu conta da tendência do Saimon de fechar com os dois zagueiros. Aí colocou outro atacante espetado e o time no 5-3-2 quando defendia. Aí, com a posse de bola, os jogadores do Grêmio começaram a perceber os espaços melhor e o ataque funcionou melhor. O Ruiz ficou mais centralizado, Giuliano e Luan se aproximaram do Barcos gerando um contra um na linha de defesa. Aí tivemos bom volume ofensivo e a melhor jogada do jogo: em uma afastada de bola, Ramiro apareceu no espaço do Ruiz que se enfiou entre os zagueiros como opção de passe; mas o volante meteu no Giuliano, gerando a abertura que faltava. Um toque de cabeça dele deixou o argentino em boa posição, mas a velocidade da bola favoreceu o deslocamento da cobertura e o chute acabou tendo que ser precipitado e fraco. Pra mim, era questão de tempo para o gol acontecer.

Porém, aos doze minutos, o Enderson resolveu que não tava legal e colocou o Dudu. Eu concordo: um jogador mais agudo abriria mais espaço na defesa lenta do Goiás, ainda mais com três zagueiros jogando com um lateral apoiador. Mas tirar o Ramiro e colocar o time no 4-1-3-2* acabou isolando mais ainda o Barcos, que já não participava do jogo. Ainda mais com a entrada de um quarto zagueiro na defesa. Embora o nosso sete sempre ganhasse do seu marcador, a jogada era sempre a mesma: corre pra ponta direita e cruza pra três zagueiros contra um atacante. A mudança de peças ali (Coelho por Barcos) não mudou nada. Perdemos a posse de bola e ficamos mais longe do gol.

A entrada do Zé Roberto pra fazer um 4-4-2 losango veio só para reequilibrar o jogo, já que perdemos o meio com um volante só – Riveros era puxado constantemente pra cobrir a subida do Saimon, que, bem, não sabia o que fazer (o que era natural). Com o Dudu grudado na ponta direita, o Pará não tinha pra onde subir. Só reforçando o lado esquerdo pra diminuir os furos. E aí foi o boi com a corda. Só assustamos os goianos num lance DE FORA DA ÁREA do Lucas Coelho.

Dá pra melhorar? Dá. Precisamos voltar a fazer o fácil: deixa a defesa pra lá e acerta o ataque. Bota os caras pra jogarem como PONTAS (tanto Luan quanto Giuliano, ou bota o Dudu de uma vez), pra entrarem na área quando o Barcos sai, pra que tenha gente pra fazer gol. Perdemos quatro pontos em casa. Pensar em vaga na LA, com a bola de hoje, é pedir demais.

* A ideia aqui, como lembrou o Alemão Pizoni no Twitter, era colocar o time um 4-1-4-1, como ele já tinha treinado na semana. Eu coloquei dessa forma porque considerei a linha de quatro do meio tão torta, com o Dudu sempre alinhado com o Barcos quando não estava com a bola, que só podia ser outro esquema.

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16 + comentários

  • Thiago 17 de julho de 2014 - 00:29 Responder

    Dizer que o Barcos jogou bem mas “faltou o gol” é rir da cara da torcida, e da imensa maioria que o vaiou quando saiu.
    O Barcos teve seus três lances cara-a-cara e conseguiu ou chutar no corpo do goleiro, ou mandar para fora de forma bisonha.

    Coelho no lugar do Barcos já. É solução definitiva? Não. Mas ao menos nos livra de um câncer terminal.

  • Ricardo 17 de julho de 2014 - 01:16 Responder

    Concordo com tudo, menos o título. Lendo o título me parece que nada mudou, mas o Grêmio com Giuliano da pra ver que temos alguém que sabe segurar a bola, sabe rodar bem a bola. O que faltou mesmo foi os meias entrarem mais na área, na real o Achei que o Grêmio jogou muito bem, só faltou o essencial, o que nos faz ficar com raiva quando não acontece no futebol, o gol.
    Abraço.

  • Adilson 17 de julho de 2014 - 06:46 Responder

    Depois de um mês treinando, a MERDA voltou a mesma, inclusive o CHEIRO. Manda esse técnico RIDICULO embora logo. Que INFERNO !!!! Não adianta contratar jogadores bons, o cara é um FIASCO.

  • Felix Nuñez 17 de julho de 2014 - 08:38 Responder

    Bela análise Fagner.

    Gosto de tática também, mas sou apenas um observador, não entendo muito então prefiro analisar a performance de cada jogador.

    Primeiro jogo depois da parada para copa. Foi nítido a ansiedade do time em querer ganhar para ter dias tranquilos para trabalhar e principalmente do Barcos que queria a qualquer modo fazer um gol para diminuir a pressão. Acho que Barcos fez uma bela partida no primeiro tempo e que as chances que teve foram méritos pessoais. Depois no segundo tempo a ansiedade o atrapalhou e as vaias da torcida o deixaram desequilibrado (não julgo as vaias, cada um está no seu direito, só acho que não ajuda em nada o jogador. Espero que tenham paciência com o Giuliano senão será outro a ouvir vaias)

    Acho que pra quem propôs o jogo o Gremio não foi tão mal. Tenho visto isso direto, sempre o time que tem de propor o jogo sofre muito e algumas vezes paga o pato tomando gol em contraataque. Pelo menos ontem o Marcelo pouco trabalhou.

    Esse jogo fora de casa pode ajudar o Gremio que se sente muito pressionado a começar a ganhar com autoridade.

    De qualquer forma é de se avaliar o trabalho do Enderson, por muitas vezes vi o time desorganizado dentro do campo.

    Abraços

  • marcelo 17 de julho de 2014 - 08:56 Responder

    O Enderson esta perdido, o time treinando todo este tempo e não tem uma dinâmica de jogo, as trocas que foram feitas ontem pareciam mais coisa de desesperado, do que algo foi programado. Sem tática nenhuma.

  • Fausto 17 de julho de 2014 - 09:27 Responder

    Mais um resultado padrão Enderson e o Boston Medical Group segue interessado em ser o patrocinador master do tricolor!

  • Flávio da Luz 17 de julho de 2014 - 09:27 Responder

    Buenas.

    Depois da parada para um evento “fantástico” como a copa do SUBMUNDO, assistimos aqueles dois amistosos no Paraná, que foram uma verdadeira nojeira.
    Foram 45 dias de treinamento, tú imagina que algo de novo será visto, ou ao menos uma vontade absurda de vencer, uma condição normal de quem ama aquilo que faz, joga em casa, com o apoio da torcida, e no final, as desculpas e o discurso pobre e covarde, pronunciado pelas mesmas bocas.
    Dá para ter esperança de algo melhor, ouvindo o Enderson dar suas explicaçõe? A voz não sai, ele fala com medo, parece que tem alguém apontando uma arma na direção dele. É o tipo do cara que é o último a falar dentro da própria casa, isso quando fala.
    O Rui Costa segue a mesma linha. Não passa confiança alguma, seu semblante é sempre o mesmo, não se indigna, não tem discurso forte. O papel dele é só contratar?
    O presidente Koff está atento a jovens promissores nos paises vizinhos, porque não investir num técnico de fora também? O clube teve dinheiro para manter um traste como luxemburgo, por tanto tempo, creio que tenha condições financeiras para trazer um estrangeiro.

    O GRÊMIO tem o estilo diferente dos demais clubes brasileiros, não sou eu que digo, AFIRMO. A história me mostra isso, e minha vivência também. Basta desses bundinhas do “centro”.
    O viajante botânico francês August de Saint-Hilaire, em suas andanças pela América Portuguesa, identificou diferenças em seus habitantes. Logicamente que por ser quase um continente, isso acaba sendo normal.
    O local onde viviam (RS), as maneiras, modos de comportamento, os tornavam (pessoas do sexo masculino) mais homens que os demais acima do Mampituba.
    Por favor, sem alarme, gritaria, pânico. Apenas me fiz valer de uma constatação de um estrangeiro, que por esse Brasil andou, há muito tempo atrás. Não tenho pretensão alguma de desmerecimento ou gerar debate sobre o assunto. Obrigado.
    É fácil entender. Autuory, Silas, Mancini, Enderson, luxemburgo (MEU DEUS!!!!!!), estão distantes de qualquer entendimento do que é defender uma instituição como GRÊMIO.
    Com a exceção do competente Evaristo de Macedo, nossos técnicos campeões se forjaram no Rio Grande do Sul, porque abandonar a idéia?
    Se for para dar tempo para um técnico, que seja do RS ou algum estrangeiro.

    É muita frustração. Depois de tanto tempo sem ver o time atuar, constatar que pouco ou nada foi acrescentado.

  • Antonio Martinez 17 de julho de 2014 - 09:42 Responder

    Assistimos ao mesmo jogo!

  • Rodrigo 17 de julho de 2014 - 09:44 Responder

    Barcos jogou bem? De novo? Tá louco cara?
    Vai dizer, também, que o Enderson foi bem novamente na entrevista, que foi correto treinar com o Biteco e na hora h colocar o Ramiro…
    Ah, sem contar o trânsito para o jogo de ontem, que na tua opinião deve ter fluído muito bem…
    Eu estava na Arena ontem e vi torcedores aplaudindo o Barcos. Com isso, só me resta dizer que esses torcedores merecem esses anos de seca, pois a merda pra eles nunca fede.

  • Paolo C. Brehm 17 de julho de 2014 - 10:25 Responder

    Confesso que não assisti ao jogo, apenas conferi no youtube hoje.
    Um amigo me comentou, e eu concordo, que o Barcos poderia ser utilizado como segundo atacante, ao invés de centro avante. Isso baseado neste fato que tu também comentou, de ele geralmente obter vantagem pessoal sobre os adversários, principalmente no domínio, e também pela sua taxa de acerto de passes, que é alta. Eu também acho que ele joga bem. O problema é que erra os gols, o que, na posição dele, é fatal.
    O Dudu talvez fosse o cara mais agudo, mas era uma usina de força para acender uma lâmpada. Era uma correria sem resultado.

  • rodrigo restelato 17 de julho de 2014 - 12:47 Responder

    olha, acho que esse esquema não é bom. Temos bons jogadores mas não conseguimos fazer gols, não conseguimos nem marcar gols de cabeça uma marca do GREMIO. Sempre acreditei na manutenção do treinador mas depois de ontem não sei mais oque pensar .Enderson parece-me perdido, na minha opinião precisamos mudar o esqema de jogo, temos que ter dois atacantes,dois meias e nossos laterais apoiarem mais. Temos centroavante e não cruzamos bolas, Barcos joga muito isolado entre dois ou tres se esforça mas acaba sempre perdendo.

  • Mano 17 de julho de 2014 - 12:48 Responder

    Eu até confiava no Merderson quando ele chegou porque resolveu simplificar o jeito do time jogar. Mas perdi a confiança nele. É inaceitável e intolerável que depois de um mês inteiro treinando, período que era usado como desculpa pra arrumar a casa antes da copa, o time ainda não tenha padrão de jogo, jogadas ensaiadas e acima de tudo vontade. Não confio mais nesse picolé de chuchu e acho que pela postura o grupo tb tem algo contra. É muita bundamolice junta.

  • Luigi 17 de julho de 2014 - 13:32 Responder

    O problema são as contratações do RUIM (isso mesmo) COSTA…
    O cara fala muito e deixa os atletas se achando invencíveis. Quando chega na hora do jogo a pressão bate aos ombros e o time não joga ou joga com uma ansiedade descomunal…

  • Maurício 17 de julho de 2014 - 22:53 Responder

    Juro que parei de ler na frase onde é dito que o Barcos jogou bem mais uma vez.
    Faltou o gol para ele, que é centroavante??? FALTOU TUDO ENTÃO!!!!

  • André 18 de julho de 2014 - 02:47 Responder

    Cara, onde que o Fernandinho está fora de forma? Já vi dois treinos dele, o cara é fininho, magrinho mesmo e corre como um louco. Não sei onde tu viu isso, mas estás completamento errado, vi o jogador ao vivo, o cara é seco. Abraço

  • Túlio Marco 18 de julho de 2014 - 12:09 Responder

    Na minha opinião o GRÊMIO jogou muito bem, o grande problema, foi que quando as chances claras de gol apareceram isolamos a bola, se nossos definidores tivessem feito o gol nas chances claras teria sido goleada.
    Em relação às vaias, nunca concordarei pois nunca vi um jogador que está jogando mau melhorar quando recebe vaia, vaia nunca irá ajudar um time, pelo contrário sempre atrapalha, nós somos gremistas e nosso diferencial é que temos a torcida mais fanática do Brasil e isso nos torna especial, temos que voltar a ser que éramos, na boa ou ruim.

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