Grêmio Libertador

Afinal: é caro ser sócio do Grêmio?

Muito tem se discutido sobre os valores cobrados pela migração Olímpico/Arena. E a maior parte dessas discussões descamba para um entre dois lados: a diferença que é um estádio para uma arena ou a elitização do quadro social gremista. Já li muita coisa a respeito e já me irritei horrores com o tema. E o que me leva a seguir incomodado com isso é que, mais do que valores ou conforto, o que está em discussão é, mais uma vez, a incompetência da administração gremista – algo que, ao que parece, pouca gente se dá conta.

Eu acho que R$ 92,00 é muito caro. Penso o mesmo das mensalidades atuais. E o motivo é muito simples: não ganho ABSOLUTAMENTE NADA por ser sócio do Grêmio. E muito provavelmente você, se for sócio, também não. Não pagamos essa fortuna para termos benefícios como num clube social (que foi de onde se originou o nome “sócio”) porque nem piscina temos. As academias onde o sócio tem desconto são muito próximas do Olímpico; temos descontos em pós-graduação de instituições pouco conhecidas e em cursinhos pré-vestibular (que a gente usa pouco na vida). Para mim, o único desconto interessante é o com uma rede de farmácias e o da Grêmio Mania. E um programinha de pontos que, para que possa ser desfrutado, exige que se tenha um guarda roupas inteiro de coisas do Grêmio.

E esse é o principal ponto. Para o Grêmio, mais especificamente o seu marketing, não interessa a minha vida fora do Grêmio. Mas, infelizmente para eles, eu não sou só um torcedor sócio. Tenho outras prioridades e gasto dinheiro em outras coisas. Assim, se eu pudesse ser sócio e ter vantagens em momentos “off-Grêmio”, pareceriam bem mais em conta os valores de associação. Não ficaria nem um pouco irritado se eu tivesse cinco ou dez por cento de desconto nas lojas dentro da Arena (aliás, qual é o tipo de loja que estará lá?) nem mesmo ficaria bravo por pagar 169 reais se eu tivesse vantagens que eu realmente pudesse utilizar no meu dia-a-dia, como desconto em lojas, frete grátis em compras de internet, essas coisas. Eu não entro de graça nos jogos: eu pago, todos os meses, um valor com desconto. Se eu não for em uma partida, já era, o valor é fixo para 2, 1 ou 3  “idas”. E é só esse o meu “benefício” de ser sócio.

“Tá, é fácil falar, e tu não trouxeste nenhuma novidade”. Certo. Então, qual é o tipo de benefícios e quanto deveria ser a mensalidade para o sócio? Para mim, a resposta é óbvia: depende do perfil de consumidor sócio do Grêmio. E isso não quer dizer “de coisas do Grêmio”. Quer dizer, o que eu consumo o tempo todo, o que faço da vida. Agora, o Grêmio conhece esse perfil? Não titubeio em tascar um NÃO nessa resposta.

Vamos para um caso específico: eu. Não tenho o menor problema em “doar” R$50,00 ao Grêmio por mês. Somando com a minha esposa, dá bem pouco e não me fará falta. Meu perfil é de comprador compulsivo de livros e tecnologia, e quase tudo o que adquiro vem da internet. Um dos grandes problemas nas compras por internet é que se deve pagar o frete. Assim, se o Grêmio possibilitasse frete grátis em uma grande loja de varejo, e 10% em uma livraria, isso me faria pagar rindo R$ 100,00 por mês pela minha associação. Tenho em contas parceladas uma média de R$ 400,00; 10% disso já dá R$ 40,00, o que faz, no fim das contas, a minha mensalidade ser de $60,00. Dependendo do que eu comprar, só o valor do frete já completa esses pilas aí da diferença. Se o clube fizer uma parceria com uma rede de supermercados, então, com esses mesmos 10%, já me deixa faceiro de pagar R$120,00.

“Tá, mas é muito fácil falar, difícil é sair fazendo parcerias. Isso vai gerar custos ao Grêmio”. O Grêmio tem algo muito bom para “trocar” com essas lojas: a fidelidade do torcedor. Porém, o Grêmio não sabe onde o seu sócio gasta seu dinheiro. Se soubesse, podia ir diretamente às lojas onde a maioria compra e dizer: “te indicamos os nossos sócios para serem teus clientes, dizemos que somos parceiros, e eles vão lá comprar. A contrapartida é dar desconto para eles”. Simples assim. Não precisa de nada.

“Sonhou agora. Quem é que vai fazer isso nesses termos?” Vamos a um exemplo prático. A Ricardo Eletro fez, há algum tempo, uma proposta para o Grêmio, que foi aceita. É por isso que hoje existe a loja do Grêmio “by” Ricardo Eletro (a Gremio Eletro). Nela qualquer pessoa que simpatize com o Grêmio pode fazer a sua compra pelos mesmos preços que quem vai lá na loja da própria marca. Para usar o logo tricolor, é fácil presumir, rolou dinheiro. E deve ter sido uma merrequinha: 50 mil por mês (ou 100, não faz diferença). Aí o Grêmio, ao invés de usar isso para dar descontos para os sócios nessa mesma loja, embolsou o dinheiro. Perdeu de dar uma vantagem aos sócios por causa de uma merreca, que poderia ser reposta por 200 sócios a mais pagando 80 reais por mês.

Assim, penso, que ao invés de ficar discutindo a maciez do novo assento na Arena, deveríamos é chiar forte contra essa condição de ser o “banqueiro” do Grêmio. O Grêmio devia trabalhar para aumentar a receita sem ficar jogando o aumento de valores nas costas do sócio. Infelizmente essa é a única coisa que ele faz. E eu estou ficando cansado de sempre pagar essa conta.

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