O Eduardo Cecconi, ex-setorista da dupla pelo clic e globoesporte.com, fez um comentário muitíssimo pertinente no Facebook e que reproduzo abaixo. Pra ler e refletir. Os grifos, em bold, são meus.
Nem deveria – ou precisaria – mas farei uma consideração breve sobre episódio tido por JOCOSO, mas que na verdade é EXTREMAMENTE IMPORTANTE na avaliação da qualidade do jornalismo esportivo, ocorrido na entrevista coletiva do Renato pós-vitória sobre o Botafogo. Antes, vale destacar que não É NADA DE CUNHO PESSOAL com o repórter, e nem é um recado para ele ou qualquer outro. É uma discussão sobre ideias, não pessoas.
– No primeiro ato, o repórter ACUSA (não é uma pergunta): “alguns dizem (sic) que tu é motivador, mas não entende de tática”;
– Sabe-se que nas perguntas/acusações não existe ALGUNS, DIZEM QUE, OUVI DIZER, esses termos são apenas subterfúgios para esconder a verdadeira opinião DO REPÓRTER. Seria melhor ele dizer “eu acho que tu não entende de tática”, ou então NOMINAR as pessoas/fontes que “dizem que”. Mas este não é o tema;
– Renato foi BRILHANTE na resposta: desafiou o repórter a reunir quatro ou cinco colegas para debater tática com outros quatro ou cinco técnicos, AO VIVO E SEM CORTES, para o público medir quem entende ou não de tática;
– Passei 13 anos no jornalismo, sendo uns 8 no esportivo, os últimos cinco especializando-me em análise tática. Pois eu era RIDICULARIZADO como BRUXOS NA INQUISIÇÃO por grande maioria dos repórteres mais “fortes” na imprensa gaúcha, ouvindo diariamente “tática é bobagem”, “4-4-2 é linha de ônibus”, “futebol é bola na rede”, etcétera;
– Tive de sair do jornalismo porque o próprio jornalismo me tinha por alguém que sabia demais sobre tática, tornando-me chato e desinteressante; quando entrei pro futebol, percebi que o “muito” não era nada, e que eu PRATICAMENTE NADA SABIA SOBRE FUTEBOL nos tempos da imprensa. Um nada que já era combatido, ridicularizado e diminuído;
– Minha pergunta: como jornalista (s) que não gosta de tática, não se interessa por tática, não estuda tática, NÃO ENTENDE TÁTICA, é capaz de julgar a capacidade de organização tática de um treinador?
– Outra pergunta: este, e outros jornalistas, viram que o Grêmio alterou o sistema de marcação (além de mudar do 4-4-2 quadrado para o losango, o que é bem claro) principalmente na primeira linha defensiva desde a chegada do Renato? Sabe explicar como se marcava antes, e como marca-se agora?
– Pra encerrar: alguém viu que a jogada de linha de fundo do primeiro gol foi EXAUSTIVAMENTE TREINADA durante a semana pelo Renato?
Nada pessoal, sem revanchismos, nem polêmica ou briga. Estamos discutindo ideias. Tática é muito importante. Seria legal ocorrer este debate. Mas quantos estariam prontos para participar dele?
Não consegui descobrir quem foi o repórter que fez a pergunta. Se alguém souber, diz aí nos comentários.
Ah, pra completar: lembro claramente de torcedor com a mesma postura de dizer que “4-4-2 é linha de ônibus” ou chamando o Cecconi de “comentarista de pino-gol” por fazer comentários sobre tática dos jogos no seu twitter. Se tática não ganha jogo, é só juntar 11 craques e largar uma bola no meio do campo pra eles.
