Grêmio Libertador

As burrices dos nossos dirigentes

Pra quem não sabe, miopia é um problema relacionado com a visão que impede as pessoas de enxergar coisas a longas distâncias. Se tomarmos o tempo como uma medida de distância, serve perfeitamente como analogia para como o Grêmio encara a sua administração. O motivo mais citado para isto é a eleição do CA a cada dois anos, o que impede um planejamento de longo prazo. Porém, não é bem assim. Teoricamente o Grêmio tem um planejamento estratégico, que deveria diminuir as chances de mudanças bruscas nos planejamentos de curto prazo (planejamento tático), que é onde, também teoricamente, o CA deveria intervir. Assim, se existe planejamento, ele foi ignorado por administradores míopes que apenas enxergam a sua própria administração. Dois exemplos claros desse problema são o contrato do Grêmio com a FillOn e a assinatura do acordo com a Globo.

O Grêmio mudou o seu fornecedor esportivo em 2005, na segundona, largando a Kappa e acertando com a Puma, representada no Brasil pela FillOn. Em 2010, ainda na administração Duda Kroeff, mesmo com as birras da torcida, renovou o contrato até 2014. Porém, para 2011, o Grêmio mudou o seu fornecedor de material esportivo dentro das marcas da representante em razão de um quiproquó entre FillOn e Puma. Com a justificativa de não quebrar o contrato, acabou ficando com a Topper, por valores especulados em torno de 13 milhões anuais. Entendo o primeiro contrato, de 2005. Porém, nem na época entendi a pressa na renovação do segundo. Naquela época sabíamos que a copa seria no Brasil em quatro anos. A tendência era por uma valorização das grandes marcas para divulgação no período. Mas, provavelmente de olho nas luvas, no dinheiro imediato, o Grêmio não viu o óbvio. Hoje o Corínthians, o Flamengo e o São Paulo assinaram contratos com 30 (Nike), 38 (Adidas) e 36 (Penalty) milhões de reais por ano.

O ano de 2011, o primeiro do retorno do Odono, foi também um show de horrores. A negociação frustrada com o filho do demo foi apenas o primeiro capítulo. Logo em seguida veio o episódio “fim do clube dos 13” (rememore aqui, aqui e aqui), que, acho, selou a ira do nosso atual presidente contra aquele pulha inominável que não deve mais retornar de maneira alguma ao Grêmio. Tudo em função de um acordo anti-concorrência (imoral para qualquer capitalista) com a Globo, o qual fomos os primeiros a aceitar. Hoje o Corínthians é campeão mundial, com um orçamento bem maior que o nosso. E estão ainda “renovando” automaticamente até 2017 para ter dinheiro agora.

Pois bem, ao mesmo tempo, apareceu esses dias um chororô de que o ICBC teria dado um passo atrás na compra dos Naming Rights da Arena por não saber se a Globo vai falar o nome da empresa nas transmissões. Ela, que chamava a ULBRA de Canoas, diz até que faz, desde que role uma beira que, para eles, é justa. Pra mim, é imoral, mais uma vez. É uma completa inversão dos valores. Se não, vejamos: quem é que joga, mesmo? Quem é que eles querem patrocinar para ter a imagem associada? É ao clube ou à emissora? Bem, seja como for, o Odono fez mais do que cagar uma estratégia sempre mais lucrativa para todos, que é um pacote fechado com todos os clubes: mesmo sabendo que boa parte da receita que viria para o Grêmio pela Arena seria via Naming Rights fez a imbecilidade de não exigir em contrato que se dissesse o nome do estádio nas transmissões.

Dois momentos que nos prejudicarão muito até 2014 e 2017, respectivamente. Até quando o Grêmio achará que profissionalização é pagar amadores para fazer o serviço?

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