Grêmio Libertador

Às vezes, obviedades também precisam ser ditas: não existe solução mágica

Sim. Outra vez o Grêmio patinou. Outra vez o Grêmio falhou na hora de confirmar.

O mesmo Grêmio que surpreende e nos encanta com apresentações de encher os olhos, é o Grêmio que nos irrita a ponto de jogarmos a toalha. Mas será que é mesmo o MESMO Grêmio? Deixa eu voltar ao início do Brasileirão, onde havia um consenso de que o Grêmio era apontado como coadjuvante.

Enrolado nas políticas da Primeira Liga, amarrado pelas dificuldades do Gauchão com sua tabela gerada pelo Software Noveletto e focado na Libertadores, o Grêmio fracassou nas competições regionais. Logo depois, tomou um tombo na Copa. E, com o Grêmio, caiu também seu VP de Futebol, César Pacheco, e o Rui Costa. Assumiram Alberto Guerra e Junior Chavare, além de um Vice-Presidente eleito, deslocado do Conselho de Administração, Antonio Dutra Junior.

Essa troca refletiu no plantel: saíram Werley, Edinho, Bressan, Braian e Bobô. Foram trazidos Edilson, Negueba (a pedido do Roger), Wallace Reis e Kannemann (uma indicação pessoal do Romildo), cuja contratação teve momentos de novela mexicana, literalmente.

A estreia no BR foi sob uma grande preocupação: a tabela apontava diversas pedreiras e o time não dava esperança alguma de que disputaria algo mais que uma vaga (de novo) na Libertadores do ano que vem. Em meio a uma total desconfiança, que recaia sobre atletas e comissão técnica, jogadores da base, ou melhor, da transição, ganharam mais espaço e o Grêmio empolgou, com padrão e mecânica de jogo. Mesmo na 1ª derrota, pro Palmeiras no Pacaembu, se via um certo otimismo, colocando a torcida outra vez naquele ponto de “agora vai“.

Depois dessa derrota pro Botafogo, parece que o fio virou e “lá se foi mais um ano“. Ah, se fosse tão fácil e tão simples.

Esse Grêmio que nos encanta e frustra é um bom time e o Roger já provou ter boas ideias e conceitos. Eu queria mandar uns tantos embora depois do papelão no Rio, mas estamos longe de termos um plantel. Não temos dois jogadores de mesmo nível por posição, capazes de superar suspensões, lesões e até vendas. Em vários jogos sentimos muito algumas ausências. Em outros, patinamos como patinam times com muitos jovens e seus altos e baixos. O Santos, outro time de média de idade baixa, perdeu em casa pro Figueirense e pro América em Minas, por exemplo.

Que bom seria poder pagar mensalmente R$800 mil livres de impostos por um Diego ou R$1,5mi por um Jonas (sdds). E também contratar o Bufarini, o Montillo, o Robinho e o Messi. O pior é que nem trazendo todos eles, teríamos a certeza do título. Mas sem as rendas da Arena (ô, novela!) e ainda pagando contas – pasmem – da época da ISL, sequer temos a mesma bala na agulha que a Crefisa e o BMG, ou melhor, do Palmeiras e do Atlético Mineiro (quero ver quando a fatura do Galo chegar).

Por mais que seja incômodo, oscilar faz parte da realidade atual do nosso time: jogamos como se estivéssemos em casa contra o Atlético na Baixada, amassamos o Galo (mas empatamos) e perdemos pro Botafogo. É normal que após derrotas como a de domingo, e ainda mais em época de eleição, apareçam aqueles que tudo sabem e que tem a solução pras taças cairem no nosso colo. Mas não adianta sair ensandecido comprando jogadores, “mandando embora” outros tantos, queimando guri da base, trocando de técnico a cada derrota e gastando os tubos pra tentar um título e comprometer mais 5, 10, 15 anos pela frente.

Ninguém aguenta mais 1 dia sem uma conquista relevante, mas por mais pressa que se tenha, não podemos queimar etapas. Não há mágica que traga as taças de volta, apenas trabalho. E eu já passei da idade de acreditar em mágicos e ilusionistas.

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