Grêmio Libertador

Briguinha numa hora dessas?

Eis que um monte de desocupados egocêntricos resolveram achar um motivo pra encher o saco justamente no momento em que tudo está engrenando: a compra da Arena. Estamos tal qual uma palafita sobre um tsunami que ainda está indo, tem pelo menos mais 34 rodadas pra voltar, e pode quebrar as nossas pernas à qualquer momento. Ou seja, não temos a menor condição de ficarmos de picuinha em assuntos MENORES que não foram adequadamente dimensionados na oportunidade em que se colocaram à consulta. O momento é de fazermos algum tipo de contrapeso para que fiquemos em pé – e isso com sérias restrições orçamentárias. Tudo o que não precisamos é usar a imprensa para criar antipatia do torcedor para com o clube. Exatamente o contrário do que estão fazendo.

“Ah, mas o Romildo disse que tinha comprado e só ganhou a eleição de 2014 por isso”. Realmente é só esse o problema que vocês tão vendo? Um nonagenário ter mentido para garantir a continuidade do projeto dele com um nome que não seria endossado pelos pombos emplumados dos movimentos? Que teria que enfrentar no domínio dos sócios “””””comuns”””””” alguém que está abraçadinho com a imprensa e aparecia em jornais e programas esportivos diariamente enquanto o outro era desconhecido? Koff deu uma rasteira em uma competição desleal. Não tem um lado certo nessa pendenga. Essa mágoa não se apaga nem com a administração pé-no-chão que, mesmo derrotada, como dizem, é vencedora em ações administrativas que estão nos aproximando, finalmente, de um modelo mais empresarial e menos amador?

Migraram o vazio das cadeiras para o foco da TV. Foto Lucas Uebel/Grêmio Oficial (via Flickr)

Mesmo que essa mágoa fosse impossível de ser ignorada em nome de preservar o momento esportivo do time (12 mil pessoas na Arena no domingo foi VERGONHOSO), gostaria de lembrar aos doutos CDENTINOS algo bem singelo: muito da merda que é esse contrato com a Arena foi resultado da (in)ação do CD. Aquele Conselho que ainda tem na lista o nome de muitos dos “magoadinhos” com as eleições ficou mais preocupado em garantir os seus “direitos” do que pensar no clube. A área lá de baixo fica vazia? Olha, isso não ocorreria se os belezas abrissem mão de ter “lugar cativo”. Esse resquício de aristocracia de Jockey Club não combina com modernidade no futebol. Os aditivos de ampliação da Arena, que ajudaram a PIORAR um cenário já caótico em nome de ~~~ser o maior estádio do RS~~~ (uma preocupação digna de quinta série) foram resultado da revisão no CD. O correto seria DIMINUIR o projeto para algo ampliável no futuro e mais BARATO para o momento. Jogaram contra o Grêmio por uma mistura de burrice, inépcia, e pensar mais em si do que no clube. Muitos dos envolvidos reclamam hoje do monstro que ajudaram a criar.

Um exemplo bem claro desde aquele tempo das discussões foi a migração. Conseguiram ficar na mesma área central do estádio no anel superior mantendo o mesmo custo – e mesmas regalias – do que no Olímpico. Quem quis gastar mais, desceu pro primeiro anel. Gargantearam que isso era uma vitória dos direitos adquiridos. Ferraram o clube. Quem “enchia” o estádio não eram esses pipoqueiros das cadeiras (muitos que desceram, inclusive, pra repetir o vazio da maioria dos jogos da Arena). O estádio parecia cheio e vibrante porque quem ficava em baixo eram os que sempre vinham. A Geral só conseguiu se construir atrás do gol porque a maioria dos torcedores não queriam ficar ali, preferiam o meio do campo. Lugar nobre tem que ter público de fé, não público que paga pra aparecer só na decisão.

O bem do Grêmio foi solenemente ignorado pelos conselheiros em nome de um acordão que foi negociado justamente até garantir a boa vida da maioria dos seus integrantes – os pipoqueiros das cadeiras numeradas. A justificativa foi um pensamento mágico, um desejo de que, por cadeiras confortáveis, o público aumentaria (nem perguntaram pra eles, é de morrer). Mesmo as poucas vozes realmente pensando no clube foram solenemente ignoradas porque eram vindas de “neófitos”. Ainda bem que tiveram a decência de acabar com a carteira preta que permitia que levassem quem quisesse para as cadeiras do Olímpico (ninguém me contou da sua existência, eu vi). Se bem que só na boa, como vinham, não fazia tanta diferença.

Balelas como “a Arena não tem alma”, “vamos reformar o Olímpico e voltar” é um tipo de discurso político disfarçado que pega no meio dos saudosistas. Atrelam o Olímpico aos tempos de glórias na memória do torcedor comum que acaba sendo usado para dar força para picuinhas de gente que eles nem conhecem. Esses desconhecidos são os mesmos que usam até um Gremistão orgulhoso de sua obra, a conclusão do Olímpico Monumental, para as suas pavonices “políticas” (que me perdoe o senhor Hélio Dourado, seu amor aquele glorioso prédio está sendo escancaradamente usado para fins pouquíssimo nobres). O Grêmio ainda é o Grêmio mesmo que jogue no estádio do Zequinha. Quem não tem alma é quem coloca requisitos para “amar”. O que chamam de “amor ao clube” é um belo modelo de relacionamento abusivo: o Grêmio tem que ser como ele quer e deu. Não pode se modernizar, não pode crescer, precisa ser submisso.

O Grêmio não nasceu na Azenha e não vai morrer se cumprir o contrato mal costurado por um CD odonista e oportunista. Se a renovação do Conselho que vem surgindo mostra bons novos valores nos mais diversos movimentos gremistas, também mantém vários sanguessugas lá dentro. Até mesmo fazendo parte da gestão atual (nada justifica o Pacheco da estrela de vice de futebol). Mas vamos superar essas mágoas ridiculamente egoístas e vamos pensar no Grêmio. Se não der pra “comprar a Arena”, paciência. Vamos seguir nesse contrato até o final. Bolemos novas maneiras de criar receitas que possam diminuir os problemas internos. E vamos assumir a nossa parcela de responsabilidade. Não foi o Romildo que inventou esse negócio. E mesmo a “compra” precisava ser aprovada pelo CD.

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