Grêmio Libertador

Chega de torcer por jogador

“Dá mais tempo pra ele”. “Erraram gols mais perdidos que esse no ano e ninguém falou nada”. “Acabou de meter duas buchas na Espanha e querem queimar?” As desculpas são variadas e sempre parecidas. Mas, parece, sempre que um jogador que fala espanhol desembarca no Grêmio por uma fortuna e jogando um nada, sempre falta tempo, sempre tem que esperar, sempre estão queimando o cara. Foi assim com “La Barbie”, com o Herrera, com o Miralles, com El Ciclón, com o Bertoglio. Em comum, futebol medíocre por longos meses e sempre aquela crença de que, uma hora, vai. E que ele é fundamental e titular, mesmo sem precisar apresentar futebol. Mesmo que os motivos dos fracassos não sejam os mesmos, a benevolência é idêntica.

Vargas: pra ser titular é preciso JOGAR BOLA. Foto do Flickr oficial do Grêmio

O novo xodó é o Vargas. O jogador de um jogo só, como foi no Napoli, tem sido displicente e feito um gol que outro desde que chegou. A torcida empolgada com ele por um devir, um próximo jogo onde ele vai voltar a jogar o que jogou na Libertadores, mesmo que tenha sido só um jogo. E não há quem possa questionar a titularidade do chileno: o Kléber só tá lá porque ele tava contundido. Joga muito mais. Sim, não mostrou isso, mas é questão de tempo. Tem mais três meses para jogar o que não jogou ainda,  mas vai, olha só as partidas que fez pela seleção. Não viu que ele meteu duas buchas contra a Espanha? Que com o Sampaoli o cara joga pra caralho?

Caras, sejamos racionais. Ele pode até jogar mais que o Kléber contra a Espanha, mas grandes atuações dos nossos jogadores pelas suas seleções de origem NÃO DÃO PONTOS DE BÔNUS no Brasileirão. Com o Sampaoli ele joga – incrivelmente na Europa, onde treinadores de times que pagam em EUROS estão disponíveis para avaliar jogadores que desequilibram para suas seleções. Em um momento onde o Napoli vive uma troca de técnico e incerteza sobre quem será o titular depois da saída do Cavani. Mas é só coincidência, né? Culpa do Renato que não joga com um esquema que ajude o atacante (nem tem os mesmos 11 que o argentino tem com aquela camiseta vermelha, mas isso é só mais um detalhe).

O Riveros, que era um desconhecido pra mim, que também atua pela seleção do seu país, está jogando uma ENORMIDADE no Grêmio. É uma sarna, não desiste nunca, aparece no campo inteiro. Não precisou de aclimatação, nem de vários meses, nem de 10 companheiros de seleção pra desempenhar seu melhor futebol (e, pasmem, joga bem com  o Renato como técnico em um esquema que não é o da sua seleção!). O Maxi Rodriguez nem jogador de seleção é, e já mostrou que seria muito mais útil ao time ontem do que o chileno. Não insistem com ele como titular e, mesmo assim, faz o time rodar quando entra, muito mais que o Jean Deretti poderia fazer no seu primeiro jogo desde que voltou de lesão. Mesmo que fosse o Messi, jogando menos bola que o Paulinho, tinha que ficar no banco – e aí a culpa é do Renato, que escalou NO NOME, no futebol europeu, não no futebol no Grêmio. Tá certo, culpado também é o Kléber que quis enrolar e tomou o seu sexto cartão amarelo no Brasileiro. Ainda mais ele, que se ele espirrar toma amarelo. Aí precisamos de um reserva que esteja querendo ganhar título, não impressionar olheiros europeus. Ainda mais com uma etiqueta de preço proibitiva na paleta.

Acho que já deu desse lance de torcer por jogador, não? Chega de pedir pro cara ser titular só porque ele é bom no playstation. Quando ele quiser jogar será bem vindo. Querer banco pro Zé e mais chances pro Vargas não dá. Enquanto precisar de tratamento especial, segue fora. Seja o Vargas, o Zé Roberto, o Elano, o Barcos. Seja quem for. Nós torcemos pelo Grêmio. PONTO FINAL.

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