Grêmio Libertador

Como contratar um técnico?

Vou parecer um teórico, tentando sugerir um processo que está longe de fazer parte da realidade de qualquer clube de futebol brasileiro, mas vale pelo menos pra reflexão. Seguindo a linha de pensamento proposto no Soccernomics (recomendo a leitura) e focando especificamente na escolha do treinador da equipe, a escolha do treinador é algo bem mais complexo do que ver quem tá de banda no mercado, quanto recebe, se já ganhou algum título importante, se consegue controlar um grupo com jogadores complicados, se é do Jorge Machado e tal.

Num momento como o nosso, em que temos um certo tempo pra fazer essa escolha, sem ter a faca no pescoço, poderíamos seguir um roteiro, que pode parecer óbvio num primeiro momento, pra escolher o substituto do Roth e que estaria dentro de um planejamento macro do Clube.

  1. Definir critérios técnicos, sua ordem de importância e respeitá-los. Esqueçam o papo de “tem que vir do interior gaúcho”, ou “deve montar o time de trás pra frente”. Aqui o negócio é traçar o perfil que mais se encaixa dentro da ideia e cultura de futebol que o Clube tem (não falo em sistema de jogo ou a necessidade de um atacante com mais de 1,90 mas o debate dessa cultura é assunto prum outro post).
  2. Perder o medo de sair do convencional. Repetir os mesmos processos (e escolhas) só vão trazer resultados semelhantes. Até os quero-queros do Olímpico sabem que o Roth é um técnico de tiro curto. Serve pra bombeiro, nada mais.
  3. Não ter pressa. Contratar um treinador depois de uma ‘entrevista’ pra conhecer suas ideias de futebol é muito pouco. O ideal é ir conversar com o candidato depois de analisar seus últimos trabalhos e questionar como foi o processo de montagem e definição da equipe. Da mesma forma, apresentar a ele a cultura de futebol do Clube e deixar bem claro que ela deve ser sempre respeitada.
  4. O menos importante é saber quem disponibilidade imediata. Normalmente o primeiro requisito é ver quem está desempregado ou disposto a trocar de time. Esse deve ser um dos últimos (se  não o último) item a ser analisado, senão todo o processo de seleção fica viciado e não se contrata quem seria o ideal, só aquele que foi possível pro momento. Em 1996, o Arsenal esperou semanas até  conseguir a liberação do Arsène Wenger do futebol japonês. Os dirigentes foram acusados de lentos na época, mas ele tá no comando do time até hoje.

Daria pra elencar mais alguns itens, mas esses já servem de miniroteiro. Porém, antes dele, é indispensável que os responsáveis pela escolha saibam perfeitamente qual a cultura de futebol do Clube e a sigam. O problema é que nem essa definição da cultura do Grêmio está clara pra todos. Como querer que eles saibam se o Roth serve ou não pro Grêmio? Nem eu sei mesmo não gostando dele…

Discorda? Então diz aí qual a cultura de futebol do Grêmio e quais seriam os critérios objetivos pra escolha do treinador. Não precisa dar sugestão de nomes, isso é o menos importante agora.

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