Então, soou a corneta do juízo final.
Que, todo mundo sabe, é a corneta do moralismo.
E um moralismo que vem vestido só de cuecas, porque teve de sair correndo às pressas de alguma situação não muito louvável pra berrar no ouvido alheio sobre o que é certo ou errado.
Soou e tem gente fazendo eco.
“Os guris caem na noite e aí é isso aí, não jogam nada.”
“Mais futebol e menos noite pra estes piás.”
“Chega de prazeres. Trabalhem.”
Curioso.
Alguns dias atrás, urrava a caixa de ressonância da corneta que era preciso ter a garra, a vontade, o espírito gremista de anos atrás.
Devo supor que o tal espírito gremista seja puro e beato. Praticamente o espírito santo.
Devo supor que nossos ídolos de antanho eram todos abstêmios e castos.
Mas deixemos de suposições. Falemos do que é real.
E o que é real é que nosso piás são gente. De carne e osso e vontade de fazer farra de vez em quando.
O que é real é que todo moralismo desumaniza. Tudo que é limpinho, robótico e asséptico é também desumano.
E toda desumanidade merece ser combatida.
E tudo que é humano merece nosso abraço.
Então, gurizada gremista, meu abraço pra vocês. Bem forte.
E que a gente reencontre o Grêmio entre o tiki-taka e o tchaca-tchaca-na-butchaca.