Grêmio Libertador

De olhos bem abertos: Grêmio 2 x 1 Godoy Cruz

Quando aquela bola improvável do Cazares cruzou um campo e meio e encobriu Marcelo Grohe, empatando a finalíssima da Copa do Brasil na Arena, muita gente não viu. Há quem diga, inclusive que tal gol nunca existiu. Já comemorávamos, olhos já estavam ocupados em chorar e o resto é história. Inclusive, esta nossa confiança cega de que A Taça virá.

Mas ontem, a bola de Correa que pegou Grohe novamente adiantado todo mundo viu. Com olhos arregalados. E este talvez tenha sido o grande mérito daquele gol.

O fato de entrarmos para enfrentar o Godoy Cruz com dois volantes volantes – Maicon no lugar da joia rara Arthur – já era um sinal de que, diferente da empolgada torcida, Renato tinha pelo menos uma sobrancelha levantada. Não sem razão. Os sustos do início do jogo podem em parte serem colocados na conta de um time que entrou em campo desacostumado com volantes jogando lado a lado e precisou se encontrar na marcação, mas nunca é demais lembrar que dificuldade na marcação também é criada pelo time adversário. E diferente do jogo sob o dilúvio na Argentina, o Godoy Cruz chegou disposto para o jogo e não para a botinada.

Ainda assim – e vejam só como as coisas mudam em tão pouco tempo no Reino Sagrado de Pedro e Walter –, é importante saber se Renato levantou as duas sobrancelhas, porque ontem nossa defesa não foi tudo aquilo que vem sendo há mais tempo, inclusive, que o time como um todo. Michel esteve desatento, Cortez falhando perto da área, Maicon inseguro entre assumir ou não assumir a ligação das jogadas e até deus Geromel pareceu estar menos onisciente.

Mas é vital ressaltar: abrir os olhos é muito diferente de sacar a corneta. E apontar falhas é muito diferente de ser contra o alento. Este time do Grêmio mostra que a chave da sala de troféus se chama equilíbrio.

Como o que no final das contas alcançamos ontem porque – e vejam só como as coisas mudam em tão pouco tempo no Sétimo Círculo do Inferno da Vaia a Pedro Rocha e Luan – o time todo jogou bem no ataque.

Ramiro apareceu em tudo que é canto. Cortez e Léo Moura apoiaram. Barrios serviu. Luan deixou muita gente tonta. Geromel armou contra-ataque. E ele, Pedro Rocha.

(Foto: LUCAS UEBEL / Grêmio FBPA)

No gol do empate, ele estava ocupando, como vem fazendo sempre, os espaços abertos pela movimentação gloriosa de Luan entre as linhas. Desta vez, o espaço do centroavante, para aproveitar o cruzamento dulcíssimo de Barrios, o garçom oportunista.

No gol da virada, de novo. Ocupando o espaço do rebote. A trave evitou o que seria um belo gol (e merecido) de Barrios, mas Pedro Rocha estava lá. E nada, então, evitou que a Arena fosse novamente assolada por um momento de cegueira coletiva.

Agora, voltemos ao normal: A Taça só poderá ser vista de perto se mantivermos os olhos bem abertos.

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