Grêmio Libertador

Eu nasci assim, eu cresci assim, vou ser sempre assim…

Sônia Braga em cena clássica da novela Gabriela, da Globo, em 1975. Foto frame de vídeo.

Certa vez ouvir o neologismo gabrielar em uma conversa. Após alguns segundos com cara de paisagem, meu interlocutor explicou-me a expressão, associando-a ao refrão da música tema da novela global de grande sucesso cuja primeira versão foi ao ar em 1975 e teve uma jovem e bronzeada Sônia Braga como protagonista. Basicamente diz-se gabrielar quando alguém tem dificuldade em mudar, fazendo sempre as mesmas coisas.

Durante algum tempo entre 2005 e 2010 tive um time de futsal, o glorioso Sohnatrave FC. Religiosamente me reunia com mais 6 ou 7 amigos (de acordo com o ano) todas às quartas feiras em uma quadra no bairro Rondônia, em Novo Hamburgo, para enfrentar times previamente convidados. A partir de 2009 passei a jogar futebol de campo, em Campo Bom, no não menos glorioso CA Juvensal. Sábados à tarde, lá estávamos (estamos) nós, esquecendo a idade e os quilos à mais e adentrando o gramado.

O que os dois parágrafos autobiográficos acima têm em comum? Nada. Tudo.
Se há uma coisa que respeitamos quando vamos enfrentar outros times é a resposta à pergunta: Há quanto tempo eles jogam juntos?
E outras palavras, há quanto tempo eles vêm conseguido gabrielar ?
Renato partilha desse sentimento. Sem sombra de dúvida. Sabidamente há grande parte da torcida pedindo há algumas semanas, quiçá meses, uma escalação diferente do time do Grêmio. E a variedade de sugestões é grande; Alisson no lugar de Ramiro, Ramiro no lugar de Cícero, Toni Anderson no lugar de Luan e este no lugar de Jael, Douglas no lugar de Luan…e a lista segue.
Não estou nem fazendo julgamento de valor das ideias. Talvez com algumas eu inclusive concorde. Só estou afirmando que Renato, à não ser por obrigação, não às seguirá. Ele adora gabrielar. Portaluppi treina o grupo da forma como acredita ser a melhor para o time. E ele tem convicção nisso. Preserva o conjunto, a liquidez do raciocínio por reflexo, quando o atleta já sabe onde o colega estará, de que forma gosta de receber a bola. Dificilmente nosso treinador irá mudar mais de uma posição por vez no time titular à não ser, como disse, por obrigação, por destino. Para ele soa quase como uma violência. E ele tem suas razões. Arthur sai e três jogadores ao redor dele perdem o rendimento por algumas boas partidas. Tratava-se de um extra classe? Sim. Mas Jaílson sai e jogadores ao redor dele perdem o rendimento em seguida. É a mecânica de jogo, o movimento, o hábito. E Renato sabe disso. Talvez não seja tão ruim gabrielar. 

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