Grêmio Libertador

Experiências e falhas: Grêmio 1 x 1 Veranópolis

Barrios estreou como titular Foto: Lucas Uebel / Grêmio FBPA

Nem toda experiência que falha é um desastre completo. Está aí a penicilina para provar. No entanto, nenhuma dessas maravilhas do mundo moderno nascem do completo acaso. Quando Alexander Fleming voltou ao laboratório depois das férias e deu de cara com alguns pratinhos embolorados, foi preciso observar o bolor em microscópio para descobrir que a substância que aquele fungo produzia matava bactérias.

Para Renato encontrar a penicilina que poderá nos curar em outros jogos semelhantes a este 1 x 1 com o Veranópolis em casa, será preciso que olhe sob o microscópio o Grêmio que ele levou a campo com a necessária experiência de Barrios como titular – ou seja, a estreia a sério de um tricolor com um centroavante centralizado.

E que jogo foi este 1 x 1 com o VEC?

Basicamente, um jogo contra um time que soube direitinho armar uma retranca atenta na intermediária. Atenta e esperta, sendo irritante sem ser necessariamente desleal. Ou seja, o tipo de jogo que podemos vir a jogar nos campeonatos que nos interessam de fato, especialmente Libertadores.

No primeiro tempo, o VEC cercava nossos dois atacantes-meio-armadores, Luan e Pedro Rocha, com pelo menos três ou quatro marcadores sempre que pegavam a bola. Isso foi o suficiente para anular Pedro Rocha e tornar a vida de Luan bem mais complicada. Justo ele que já estava tendo trabalho para lidar com a tarefa de tentar se encontrar em campo com Barrios lá na zona do campo que ele antes “falsamente” ocupava. Com isso, mais a dupla de volantes que desacelerava qualquer bola que passasse pelo meio campo, restou ao Grêmio a dobradinha Ramiro e Léo Moura para dar movimentação ao tricolor e criar as jogadas pela direita.

Antes de o Veranópolis acertar de vez esta marcação, a Arena chegou a gritar gol: ao 10 minutos, cruzamento para a área, Barrios – fazendo o que deve – desviou e a bola sobrou para Kannemann tocar pro gol. Porém, a bandeira subiu e o zero continuou no marcar.

O problema é que quem não faz leva – e esta é uma máxima há muito experimentada e comprovada. Aos 25 minutos, com o time do Grêmio sofrendo para produzir algo no ataque, Gustavo recebeu a bola nas costas de Léo Moura, girou e chutou do canto da grande área em direção ao canto interior do gol gremista. Léo, numa espalmada-soco-qualquer coisa que não deu certo, tirou o primeiro zero do placar a favor do VEC.

No segundo tempo, Renato sacou Jailson (num dia daqueles de “nossa, nem vi que tu tava aí!”) e colocou Lincoln em campo. Com isso Ramiro recuou um tanto e Léo Moura pôde fixar posição na lateral. A armação de jogadas ficou mais clara e Luan clareou tudo um pouco mais: recebeu lançamento precioso de Ramiro, tirou um marcador com uma matada de peito, outros dois com dribles curtos, balançou o corpo ajeitando a bola e tirou também o goleiro Reynaldo da jogada. A bola foi morrer devagar no fundo do gol.

Depois do 1 x 1, Renato tentou a virada trocando Barrios por Éverton e voltando ao esquema sem centroavante fixo. O Grêmio melhorou um tanto, com os jogadores de frente parecendo mais confortáveis ao ocuparem seus velhos postos. Porém, velhos hábitos não morrem fácil: Pedro Rocha perdeu um gol quase feito e Éverton esquecia de passar a bola.

A situação era esta quando outra experiência foi lançada por Renato: Gastón Fernandez no lugar de Michel. O Grêmio passou a ter jogadas pelo meio campo, fruto de lançamentos do argentino, que pareceu ter sido instruído a atuar de forma semelhante a Douglas. Nem todos foram perfeitos, mas em geral, inteligentes.

Quando o apito soou, soaram também vaias. Em princípio, pareciam dirigidas ao trio de arbitragem (foram muitos cartões amarelos, muitas bandeirinhas levantadas, nenhum erro crasso, mas sei lá, torcedor tem este cacoete de reclamar de juiz que apita demais). Depois, ficou claro que alguéns queriam registrar alguma insatisfação com um empate em casa contra o Veranópolis.

Parece que o torcedor na Arena só viu o mofo no pratinho. Compreensível, afinal, são olhos destreinados.

Renato, no entanto, tem o dever de olhar com o microscópio e descobrir a penicilina em alguma das quatro formações que testou ao longo do jogo. Algo virá dessas experiências.

Tem material pra trabalhar aí. (Foto: Lucas Uebels/Grêmio FBPA)

Comparilhe isso: