Grêmio Libertador

Hora de assumir o controle da situação

Pra quem esqueceu, essa era a base do time do Grêmio na Libertadores de 2007: Saja, Patrício, William, Teco, Lúcio, Lucas, Sandro Goiano, Tcheco, Diego Souza, Carlos Eduardo e Tuta.

O técnico era um retranqueiro de primeira, um tal de Mano Menezes que o Grêmio trouxe como uma aposta do interior do RS quando estava na segunda divisão. Esse tal de Mano Menezes fazia proezas como jogar retrancado contra a Portuguesa num Canindé que por detalhes não tinha mais gremistas do que torcedores da Lusa. Esse mesmo Mano Menezes poderia ter evitado a tal Batalha dos Aflitos, mas por incompetência pura levou o drama tricolor até a última rodada. E nessa rodada, não fosse um dos maiores milagres da história do futebol, o Grêmio teria amargado mais um ano na segunda divisão e hoje esse tal de Mano Menezes estaria pipocando de clube em clube do interior do Rio Grande do Sul.

Pois bem, o Grêmio de 2007 com o elenco e técnico já citados fez essa campanha na Libertadores:

Cerro

0

x

1

Grêmio

Grêmio

0

x

0

Cucuta

Tolima

1

x

0

Grêmio

Grêmio

1

x

0

Tolima

Cucuta

3

x

1

Grêmio

Grêmio

1

x

0

Cerro

São Paulo

1

x

0

Grêmio

Grêmio

2

x

0

São Paulo

Defensor

2

x

0

Grêmio

Grêmio

2

x

0

Defensor

Grêmio

2

x

0

Santos

Santos

3

x

1

Grêmio

Boca

3

x

0

Grêmio

Grêmio

0

x

2

Boca

 

Aí fica a pergunta: como um time mediano desses, com um técnico mediano, obtendo resultados medíocres em partidas fora conseguiu chegar até a final de uma Libertadores?

Se você frequentava o Olímpico ou ao menos assistia as partidas pela televisão, tem a resposta na ponta da língua: a torcida. A torcida do Grêmio em 2007 teve um papel sem precedentes na história do Grêmio. A torcida influenciava de forma direta nos resultados dos jogos que aconteciam no Olímpico. O Mano montava aquela retranca pra jogar fora, tomava pau e a torcida livrava a cara dele dentro do Olímpico. Até chegar a final, onde ele cagou tanto que não tinha o que a torcida fazer. Mas mesmo sem ter como reverter o resultado a torcida tricolor se mobilizou de uma forma inédita. A campanha EU ACREDITO circulou via email e Orkut por todo o estado, lotou o estádio e vibrou de uma forma assustadora. Só não conseguiu reverter o resultado porque do outro lado tínhamos o único time das Américas com uma torcida mais poderosa que a nossa, e aí, não conseguimos intimidá-los.

Mas aí foi 2007, 2008, os anos foram passando e aquela vibração da torcida foi dando lugar à amargura. Sim, a torcida do Grêmio hoje está muito amarga, impaciente. Nada serve, ninguém serve, está tudo errado, ninguém joga nada, nenhum técnico serve, nenhum dirigente serve. Muito disso em virtude, claro, dessa estiagem de títulos, a cada ano que passa aumenta o sofrimento, a corneta e a falta de paciência. O problema é que por mais que a impaciência da torcida seja plenamente justificável, ela não ajuda em nada. Muito antes pelo contrário, só atrapalha. O Grêmio encontra-se hoje num círculo vicioso. Os resultados não aparecem, a torcida fica impaciente, a direção atende a torcida e faz mudanças, começa tudo de novo, aí os resultados não aparecem e assim por diante.

A única saída está em quebrar esse círculo, mudar o padrão dos acontecimentos. Ou a torcida tem mais paciência ou a direção dá as costas pra torcida e firma o pé nas suas convicções. Não tem outro jeito.

Nós aguentamos o Mano Menezes fazendo merda por dois anos. A gente abria o placar em casa e ele sacava um atacante e colocava um volante, aí o adversário empatava e nós lá com aquela retranca e sem condições de ampliar o escore. Mas por algum motivo a torcida tinha paciência com ele. Não se dava conta de que o grande responsável pelos resultados positivos que obtínhamos era ela própria.

Acho que está mais do que na hora da torcida tomar as rédeas de novo. Abraçar o time e fazer da Arena o que fez do Olímpico: um lugar a prova de técnicos burros, atacantes perna de pau e zagueiros toscos. A torcida tricolor precisa urgentemente reassumir o controle da situação, arregaçar as mangas e fazer da Arena um inferno pras torcidas adversárias. Assim a gente quebra esse círculo vicioso, agarra um caneco na marra e depois, bem depois a gente vê o que faz com quem não estiver a altura da maior torcida do Rio Grande.

Se eu acreditei que a gente podia reverter o resultado da partida na Bombonera em 2007 como é que não vou acreditar que podemos conseguir a classificação pras quartas de final na semana que vem?

Pra cima deles Grêmio!

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