A multa é pouca coisa. Um quase nada. O problema mesmo, aaaahhh, o problema mesmo é bem outro.
O problema é termos chegado neste ponto da nossa vida de gremistas em que alguém grita “Portaluppi” e outro alguém – do sexo masculino, por supuesto – grita de volta: “Carol!”.
Veja bem: a moça é filha do Renato. O RENATO. Que não tem outro e nem pode atender por outro sobrenome que não seja Portaluppi (que aquele que chamam Renato Gaúcho, vocês sabem, é apenas um alter ego).
Filha. Nada mais.
Ela não joga bola. Ela não é comentarista de futebol. Ela é exclusivamente e nada mais do que a filha de um ídolo do Grêmio.
E aí eu pergunto pra vocês: quantos outros filhos de jogadores do Grêmio são ouvidos SEMANALMENTE pela imprensa local pra falar sobre o time, o clube, os próximos jogos?
Nenhum.
Nenhumzinho.
Quantos outros filhos de técnicos, jogadores, ex-jogadores do Grêmio estariam ali, à beira do gramado?
Quantos outros gerariam comoção nas redes sociais, comentários maledicentes, especulações sobre sua relação com jogadores?
Respondo de novo: nenhum.
E o porquê todos sabem dizer, não precisaria eu vir aqui lembrá-los: porque ela é mulher.
O Grêmio vai pagar uma multa. Uma multinha. Um trocadinho – algo entre R$ 100 e R$ 100 mil. Mas vai pagar.
E na fatura dessa multa não deveria vir escrito “invasão de campo”. Deveria estar escrito: MACHISMO.
E cada jornalista besta que resolveu ouvi-la pra “falar do Grêmio” e aproveitar pra fazer, claro, algum comentário jocoso com o ciúme do pai – que, aliás, não deveria receber aplausos, mas sim questionamentos (Pai pode controlar a filha? Por quê, hein????), alguma graça com a beleza da moça, cada um deveria ajudar a pagar a multa.
E cada um que bateu uma punhetinha em homenagem (não solicitada, diga-se de passagem) à moça poderia depositar pelo menos 10 centavos no cofre do clube.
[NÃO. Não vai ter foto da Carol neste post. Fiquem com a súmula. E paguem a conta.]