Grêmio Libertador

Marketing, verba de tv e o olhar de cavalo

Não sou nenhum gênio em marketing, mesmo sendo formado em publicidade e propaganda. Apesar dessas áreas andarem bem paralelas e muitas vezes serem confundidas, não são a mesma coisa, entretanto. O profissional de marketing, tem como meta estudar o mercado, fazer pesquisas, decidir em qual região lançar um produto e qual produto, decidir para qual perfil de pessoas lançar o produto (sexo, idade, classe social, essas coisas). Tendo essas informações, aí sim entra o pessoal da publicidade e de propaganda (agências, freelancers…), que vai pegar essas informações todas pra embasar o trabalho publicitário, criando anúncios, ações de internet, comerciais, etecetera e tal. Eu sou da segunda turma, e responsável direto em dar a cara gráfica desse embroglio todo, como diretor de arte.

Num mundo globalizado, e com concorrência global, cada vez mais é necessário que o profissional de marketing seja um cara “antenado”, perspicaz, e muito, mas muito rápido. Oportunidades passam num piscar de olhos, e a velocidade nas tomadas de decisão são imprescindíveis. E o que temos atualmente no Olímpico? Tudo isso, só que ao contrário. Morosidade, visão antiquada e calcadas em princípios sessentistas de marketing. Já fazem anos que o marketing não é mais vender camisetas e demais produtos de um clube. É bem mais complexo, muito mais pulverizado.

Hoje, o marketing corresponde por grandes fatias de clubes que sem ele seriam meros coadjuvantes. Claro que o resultado de campo é importante pros resultados mercadológicos do futebol, mas então me explica porque um time que desde 2005 não ganha nada e é o quarto em faturamento (só em vendas de camisetas) no mundo, como é o caso do Liverpool. E que recentemente assinou com a Warrior (empresa americana de fardamentos, vinculada a New Balance) em detrimento da Adidas, pelo dobro do valor que esta pagava? Marca forte, amigos. E como se faz uma marca forte? Investindo em marketing e propaganda.

No Brasil, isso ainda é muito incipiente. Praticamente não há cursos de marketing esportivo, salvo raras excessões. Entretanto, se tu fores ver, cada clube tem seu “profissional de marketing”. E na maioria das vezes, um cara que se preocupa em vender camisetas. Porém, os clubes hoje se contentam, ao meu ver, em mamar nas tetas da Rede Globo, que paga milhões pelo televisionamento dos campeonatos, viciando os clubes em rendas fáceis permanentes, esquecendo-se que pra manter este esporte cada vez mais caro, é preciso ter criatividade pra buscar novas fontes de renda, não somente aumentando a mensalidade que um sócio paga ao clube por mês.

Não duvido que se tivessemos um departamento de marketing independente, sem vinculação política, que tivesse liberdade em propor coisas, teríamos não somente uma nova e importante fonte de renda, como seríamos referência na área no Brasil, como em tantas outras área somos. E olha, não é muito não pra se fazer. E todos aqui sabem, clube rico e organizado é o primeiro passo pras conquistas. E com as conquistas, mais gente se associando, mais torcedores comprando produtos e consumindo o clube e as experiências que o clube pode proporcionar.

E desconfie de quem diz que é difícil. Difícil é dizer sim, ainda mais quando dizer não é tão fácil.

————

Pra finalizar, separei alguns CASES, bem simples, básico e até primários, sobre o assunto.

• A receita dos clubes brasileiros cresce, mas poderia sem bem maior. Aqui.
• Grêmio é o sétimo time mais valioso do Brasil. Aqui.
• Já em comparação com os números Europeus… Aqui.
• Corinthians é o clube que mais arrecada no Brasil, porém, leiam atentamente o terceiro parágrafo. Aqui.
• Mais do que torcedores. Consumidores fiéis. Aqui.
• O novo uniforme do Liverpool, feito pela Warrior. Aqui.
• Milan chega 10milhões de Fãs no Facebook. Aqui. E o Arsenal também. Aqui.
• Athletic Bilbao lança linha especial pra final da Copa do Rei. Aqui.
• A camisa 3D do Lyon: Aqui.
• A Puma paga uma rodada pra cada gol do Fábregas. Aqui.
• Torcedores da Juve treinam com seus ídolos. Aqui.
• Boca Juniors lança seu próprio hotel. Aqui.
• O fantástico mundo do licenciamento (básico do marketing esportivo). Aqui.

E isso gente, que se o futebol fosse um país, seria a QUINTA ECONOMIA do mundo, segundo estimativas. Há ou não há um potencial enorme “dormindo” por aí?

Comparilhe isso: